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Retalho

Porque estão a Mango e a Primark a expandir-se para os EUA?

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Nos Estados Unidos da América (EUA), tem-se vindo a registar um número crescente de shoppings e lojas de rua a receberem uma ampla diversidade de marcas internacionais de retalho, nomeadamente a Primark, fundada na Irlanda, e a Mango, com origem em Espanha, que estão a entrar em regiões onde nunca antes tinham estado.

Segundo um estudo da GlobalData, foram quase 19 mil lojas abertas nos EUA entre 2018 e 2023, com cerca de 28% a corresponderem a retalhistas internacionais. Também nos últimos anos, várias marcas retalhistas europeias e de outros lugares do mundo anunciaram planos ambiciosos de expansão para os EUA.

 

O ‘salto de fé’ da Primark e da Mango
A Primark, por exemplo, que tem 29 lojas em território americano, mas planeia chegar a 60 espaços de venda até o final do próximo ano, tendo assinado diversos contratos de arrendamento em diversas partes dos EUA, incluindo El Paso, no Texas; Memphis, em Tennessee; Hyattsville, em Maryland; e Miami, na Flórida.

De acordo com o CEO da Primark nos EUA, Kevin Tulip, em entrevista à CNBC, o mercado dos EUA tornou-se “um lugar importante para abrir novos caminhos”, uma vez que a empresa já atingiu um “ponto de maturidade” em alguns países europeus.

 

No entanto, a Primark não é a única retalhista com grandes ambições para os EUA.

A Mango anunciou, no ano passado, os planos para inaugurar 42 novas lojas em território americano em 2024, mais 20 locais este ano e um novo centro de logística fora de Los Angeles.

 

“Os EUA têm muitos ingredientes que as marcas europeias e outras procuram”, afirmou Monique Pollard, analista de retalho do Citigroup. E continua: “os EUA têm um mercado fragmentado de retalhistas de vestuário, e os gastos dos consumidores mostram a existência de uma maior resiliência do que em alguns outros mercados já saturados da inflação, como o Reino Unido”.

Já para John Mercer, diretor de investigação da Coresight Research, tendo em conta que “as tendências de moda se estão a tornar globais mais rapidamente, muito devido aos influenciadores no Instagram e no TikTok, assim como das próprias viagens dos consumidores, pode levar a que seja mais fácil para uma nova marca entrar numa região desconhecida.

 

Cerca de 63% dos consumidores com menos de 25 anos e 57% destes entre os 25 e 34 anos encontram produtos ou marcas através das redes sociais, pelo menos, uma vez por semana, revelou uma análise do grupo de serviços de consultoria Forrester.

Assim, as tendências virais nas redes sociais acabam por impulsionar as vendas de algumas das marcas internacionais recém-chegadas aos EUA ou a outros mercados globais.

No caso dos EUA, a redução do número de lojas e as falências de algumas marcas de retalho, nomeadamente no setor bebé&criança, deixaram espaço no mercado para que os retalhistas internacionais preencherem.

Neste sentido, foi Kevin Tulip quem avançou que a Primark tem registado uma maior procuras nos EUA por roupas infantis, sendo esta “uma das categorias fortes da empresa”.

De acordo com a CNBC, marcas como a Mango e a Zara estão no início do seu crescimento nos EUA, com menos de 100 lojas cada em todo o país, o que significa que, por enquanto, as lojas americanas são responsáveis por apenas uma pequena parte dos lucros globais de muitas destas empresas e representam ainda uma pequena fração do mercado de vestuário do país.

Segundo o CEO da Primark nos EUA, o mercado americano representa cerca de 5% das vendas globais da marca, no entanto, a empresa espera que esta percentagem cresça e que esse crescimento influencie a gama de produtos, como tem já estado a acontecer. O responsável referiu ainda que uma das mudanças já em andamento prende-se com o esforço de disponibilizar mais diversidade de roupas de lazer para dar resposta aos desejos dos compradores americanos.

Os riscos da expansão
A CNBC também faz alusão aos riscos de uma marca se expandir para um mercado totalmente novo. No caso da Primark, existe um fator que pode tornar-se numa fraqueza: a marca vende exclusivamente em lojas físicas. A falta de um negócio de comércio online nos EUA pode tornar a empresa vulnerável a retalhistas como Amazon, Walmart e Shein, “especialmente porque esses sites vendem muitos itens básicos de vestuário e a baixo preço, tal como a Primark”.

À medida que as marcas recém-chegadas ao mercado americano tentam ganhar território junto dos compradores americanos, algumas retalhistas adotaram uma abordagem diferente, nomeadamente a Zara, que manteve o número de lojas estável nos últimos cinco anos, adicionado mais espaço às suas lojas em vez de aumentar os pontos de venda no país.

“Embora os retalhistas internacionais em crescimento tenham apenas uma pequena presença nos EUA, já se mostraram ser influentes, pois oferecem aos compradores americanos novas opções e aos retalhistas dos EUA uma nova concorrência”, lê-se no site da CNBC.

 

 

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