A Jerónimo Martins registou um lucro de 127 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa um aumento de 31,4% face ao mesmo período do ano passado. Os resultados foram divulgados pela empresa proprietária do Pingo Doce, na passada quarta-feira, dia 7 de maio, na apresentação de contas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
De acordo com o comunicado de imprensa, excluindo ganhos e perdas de natureza não recorrente, os resultados dos primeiros três meses do ano ficam 6,1% abaixo dos registados no mesmo período do ano passado. A empresa recorda que, há um ano, esta rubrica incluiu um contributo excecional de 40 milhões de euros referentes à dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins.
Já as vendas aumentaram 3,8%, para os 8,4 mil milhões de euros, enquanto o EBITDA subiu também 3,8%, para os 528 milhões de euros, com a respetiva margem a fixar-se nos 6,3%, em linha com o mesmo período de 2024, indica a nota de imprensa.
O Grupo enfatiza ainda que, em março, foram abertas as primeiras quatro lojas Biedronka na Eslováquia, bem como um centro de distribuição para dar suporte à operação, com a empresa a estar agora “focada em recolher as reações iniciais do consumidor à proposta de valor”.
A nota de imprensa avança ainda que, no final de março, o balanço do Grupo apresentava uma posição líquida de caixa de 332 milhões de euros e, no que toca ao programa de investimento, este atingiu um valor executado no trimestre de 267 milhões de euros.
“Ainda que o primeiro trimestre apenas permita uma leitura muito limitada das tendências nos mercados, os resultados do Grupo, nestes três meses e perante o comparativo muito exigente do ano anterior, são sólidos e confirmam a competitividade das propostas de valor e a estratégia, dos últimos anos, de reforçar os modelos de negócio das diferentes insígnias”, referiu Pedro Soares Santos, presidente e administrador-delegado do Grupo.
Segundo a comunicação, em Portugal, o Pingo Doce viu as suas vendas crescerem 2,8%, para 1,2 mil milhões de euros. O comunicado avança ainda que, “para este desempenho, foi decisivo o contributo das lojas a operar no conceito All About Food”, tendo o Pingo Doce inaugurado uma loja e remodelado 13 localizações no primeiro trimestre do ano.
Já as vendas do Recheio diminuíram 0,4% para 302 milhões de euros, com o Grupo a referir que “continuou a operar num contexto de alguma pressão sobre o canal HoReCa (hotelaria e restauração), e a investir para proteger o desempenho de vendas”.
Na Polónia, onde o Grupo salienta a trajetória ascendente da inflação alimentar, que atingiu 6,1%, e um ambiente de forte concorrência, o comunicado indica que a atualização do salário mínimo contribuiu para um aumento do rendimento das famílias. Ainda assim, os consumidores continuam cautelosos e altamente sensíveis aos preços.
O comunicado sublinha ainda que a Biedronka, que celebra 30 anos de atividade, abriu 56 novas lojas na Polónia nos primeiros três meses de 2025 e estreou-se na Eslováquia com a inauguração de quatro unidades em março. No mesmo período, registou um crescimento de 3,4% nas vendas, totalizando 5,9 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 0,3% em moeda local.
No entanto, as vendas em base comparável caíram 3,5%, um resultado que o Grupo atribui ao “significativo efeito de calendário” e à “exigente base de comparação” com o primeiro trimestre de 2024, marcado por um crescimento excecional dos volumes de vendas.
Já a Hebe registou um crescimento de 8,5% nas vendas em moeda local e de 11,9% em euros, totalizando 145 milhões de euros no primeiro trimestre. O EBITDA fixou-se nos 3 milhões de euros, representando uma queda de 57,4% face ao período homólogo. Durante este trimestre, a insígnia abriu quatro novas lojas na Polónia e uma na República Checa, encerrando o período com um total de 380 lojas em território polaco, quatro na República Checa e duas na Eslováquia.
“Contexto exigente e muito volátil”
No comunicado, o Grupo refere que o primeiro trimestre de 2025 foi marcado por um “contexto exigente e muito volátil”, com a empresa a ter como prioridade “garantir a competitividade de preço” e “fortalecer as nossas posições de mercado”.
“Neste arranque de ano, e apesar do rendimento disponível das famílias ser, no geral, mais elevado, dados os aumentos do salário mínimo nos países onde desenvolvemos os nossos negócios, os números divulgados relativamente ao mercado alimentar continuam a refletir um comportamento cauteloso e sensível ao preço por parte dos consumidores. Manteve-se também o desafio de operar com baixa inflação alimentar, ainda que já não em terreno negativo”, lê-se na nota.
Para o presidente do Grupo, “o contexto em que nos encontramos a operar em 2025 não revelou, até ao momento, melhoria da visibilidade relativa à evolução da situação geopolítica e à tendência da dinâmica socioeconómica. Num clima de acentuada incerteza, os consumidores mostram-se prudentes e é muito difícil antecipar com um grau razoável de segurança os seus comportamentos futuros”.
O responsável acrescenta ainda que se vive num “ambiente de contenção”, com todas as nossas insígnias a “trabalharam com disciplina para gerir a pressão sobre as margens que decorre da subida dos custos com pessoal na sequência do aumento dos salários mínimos em cada país, num momento em que a inflação nos cabazes permanece baixa”.
manteremos o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos num contexto particularmente volátil.
Pedro Soares Santos frisa também que a Jerónimo Martins vai manter “o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais”.
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