O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) na Europa alcançou um novo recorde em 2014, com a região a atrair 305 mil milhões de dólares de investimento, um crescimento de 36% face a 2013. De acordo com o EY European Attractiveness Survey divulgado esta semana, em 2014, registaram-se 4 341 novos projetos (que criaram 185 583 novos postos de trabalho) em 43 países europeus, um incremento de 10 pontos percentuais face ao período homólogo.
De acordo com os 808 entrevistados que participaram na 13.ª edição do European Attractiveness Survey, a Europa Ocidental foi o destino de 50% dos investimentos totais realizados em 2014, ultrapassando a China enquanto destino mais atrativo para investir, país onde o Investimento Direto Estrangeiro caiu 6% no ano passado, fixando-se nos 38% dos investimentos totais.
Já o incremento do investimento na América do Norte, que passou de 31% para 39% do total, colocou a região do globo no segundo lugar dos destinos de investimento e relegou a China para o terceiro lugar.
Marc Lhermitte, responsável global da EY pelos serviços de assessoria a investidores, explica que “a relativa melhoria de atratividade da Europa decorre não apenas da estabilização e recuperação económicas, mas também da incerteza sobre mercados emergentes e da sua capacidade para continuar a apresentar taxas de crescimento semelhantes às da última década. A energia a custo mais baixo, um euro mais fraco e o programa de quantitative easing do BCE conjugaram-se para dar um impulso ao investimento na Europa. Daqui resultou já a criação de quase 200 mil novos postos de trabalho em toda a região, o que é em si mesmo um novo driver de crescimento económico.”
Quem lidera a corrida da atratividade na Europa?
Mais de metade (52%) dos projetos de IDE e de 30% dos postos de trabalho criados através de investimento direto estrangeiro na Europa foram captados por três destinos: Reino Unido, Alemanha e França.
“O Reino Unido volta a ser o principal destino de IDE na Europa, tanto em número de projetos como de postos de trabalho. A Turquia estreia-se na nona posição no Top 10 dos países que mais captam IDE, substituindo a Finlândia”, revela o estudo.
Relativamente às cidades, “os investidores apontam como principais fatores de atratividade a capacidade para retomar o crescimento económico, as vantagens competitivas e a capacidade para estimular empresas inovadoras a oferecer soluções que podem mudar a vida de milhões de pessoas.” Estas são as principais razões que levam cidades como Londres, Paris ou Berlim, que ocupam os três primeiros lugares do pódio, a destacarem-se na atração de IDE. O Top 10 das cidades inclui ainda três cidades alemãs, Berlim, Frankfurt e Munique, e duas espanholas, Barcelona e Madrid.
Já a Europa Central e de Leste, a Rússia e a Turquia representam mais de metade (52%) do total de postos de trabalho (96 087) criados por via de IDE na Europa, superando assim a Europa Ocidental. A Eslováquia estreia-se na nona posição do Top 10 dos países que mais criaram postos de trabalho graças à captação de IDE, e coloca-se à frente da Sérvia. Este Top 10 inclui ainda países como Reino Unido, Rússia, Polónia, França, Alemanha, Roménia, Espanha, Turquia e Irlanda.
Sectores-chave para o IDE na Europa
“A recuperação económica, a par de um euro depreciado e da queda dos preços da energia ajudaram à retoma do IDE na indústria, que cresce 20% no número de projetos e de criação de emprego. O investimento em operações logísticas aumentou 27%, impulsionado pelo ressurgimento industrial e por um aumento significativo do e-commerce. Ao nível dos serviços o ano apresenta um saldo misto: os projetos de software (com um aumento de 27%), a intermediação financeira (aumento de 37%) e as operações de back-office (aumento de 15%) apresentam um forte crescimento, que contrasta com a diminuição no número de projetos em serviços empresariais (menos 24%) e de Investigação e Desenvolvimento (menos 1%)”, indica o estudo.
Quanto a investidores, as empresas europeias representam metade (51%) dos projetos de IDE na região, com os investidores dos Estados Unidos da América a representarem 25%. Com 210 projetos, mais 40% do que no ano anterior, as empresas chinesas ultrapassaram as japonesas e tornaram-se no quinto maior investidor estrangeiro na Europa.
De acordo com o European Attractiveness Survey, apesar do Investimento Direto Estrangeiro na Europa continuar a aumentar, os entrevistados referem ainda que para maximizar os efeitos da recuperação económica na Europa e melhorar ainda mais o clima de investimento, “os decisores políticos devem continuar a promover a redução da burocracia e a dinamizar o crescimento económico.”
Para os investidores estrangeiros entrevistados, a burocracia (20%) e o lento crescimento económico (17%) são os pontos mais negativos na atratividade da Europa, acima de fatores como a incerteza geopolítica (11%) e os défices excessivos (11%).