Os consumidores estão dispostos a gastar, em média, 9,7% a mais em bens produzidos ou adquiridos de forma sustentável, apesar do aumento do custo de vida e das preocupações inflacionárias, de acordo com o PwC’s 2024 Voice of the Consumer Survey.
A investigação, que recolheu as perspetivas de mais de 20.000 consumidores de 31 países, concluiu que quase nove em cada dez (85%) consumidores estão já a experimentar, diariamente e em primeira mão, os efeitos das alterações climáticas e, por isso, estão a dar prioridade ao consumo que integra práticas focadas na sustentabilidade.
Mais de quatro quintos (80%) dos consumidores dizem que estão dispostos a pagar mais por produtos produzidos de forma sustentável ou que tenham origem sustentável. Em termos de preço, alguns consumidores estão dispostos a pagar, em média, 9,7% a mais por bens que atendem a critérios ambientais específicos, incluindo que sejam de origem local, feitos de materiais reciclados ou ecológicos, ou produzidos a partir de uma cadeia de abastecimento com menor pegada de carbono.
Neste sentido, os consumidores referem estar a avaliar as práticas de sustentabilidade dos produtores através de métodos de produção e reciclagem (40%), embalagens ecológicas (38%), impacto positivo na conservação da natureza e da água (34%).
Aumento do custo de vida e inflação
Embora os consumidores estejam focados no tema da sustentabilidade, estão também a ser pressionados pelo aumento do custo de vida. Desta forma, um terço (31%) dos consumidores referiu a inflação como o maior influenciador dos seus hábitos de consumo no próximo ano, já 62% citou o aumento nos gastos relativos às compras de bens essenciais nos próximos seis meses.
“Os consumidores estão a sentir cada vez mais o aperto da inflação e o aumento dos preços dos bens essenciais, no entanto, mesmo neste contexto, estão também a priorizar a aquisição de produtos produzidos de forma sustentável. Mesmo que os consumidores procurem opções genéricas e mais baratas para itens essenciais, eles referem estar dispostos a pagar 9,7% a mais pela sustentabilidade”, afirmou Sabine Durand-Hayes, líder global dos mercados de consumo da PwC França.
E continua: “no próximo ano, as empresas devem alcançar um equilíbrio entre acessibilidade ao consumidor e impacto ambiental se quiserem obter e reter consumidores. Também vão precisar de reforçar a sua interação digital e prestação de serviços, principalmente à medida que mais consumidores compram produtos diretamente pelas redes sociais ou meios digitais”.
De acordo com o relatório, 46% dos consumidores afirmaram que estão já a comprar produtos mais sustentáveis como forma de reduzir o seu impacto no meio ambiente. As ações pessoais que os consumidores dizem ter realizado incluem: fazer compras mais ponderadas com o objetivo de reduzir o seu consumo geral (43%), comer alimentos diferentes (32%), viajar menos ou de forma diferente (31%) ou comprar – ou planear comprar – um veículo elétrico (24%), entre outros.
  O papel das redes sociais e meios digitais
A proeminência das redes sociais como fonte primária de reconhecimento da marca e consumo de produtos aumentou, com 46% dos consumidores a comprarem produtos diretamente deste canal. Enquanto isso, 67% usaram as redes sociais para descobrir novas marcas e 70% procuraram avaliações para validar uma empresa antes de fazer uma compra. Os influenciadores digitais continuam a impulsionar as vendas, com 41% dos entrevistados a referir que uma celebridade ou influenciador persuadiu a sua decisão de fazer uma compra.
“Mas, embora as plataformas de tecnologia estejam a moldar os hábitos do consumidor, estão também a gerar preocupações”, alerta o estudo, que concluiu que 83% dos inquiridos afirmaram que a proteção dos seus dados pessoais é um dos fatores mais cruciais para ganhar a sua confiança, com 80% a salientar que exigem garantias de que as suas informações pessoais permanecem privadas.