As perspetivas mundiais para os consumidores estão a melhorar. Estes estão determinados em manterem-se na vanguarda, cautelosos e intencionais relativamente a todos os aspetos das suas despesas quotidianas.
Esta é a conclusão de um estudo, intitulado “2025 Strategic Guide”, da NielsenIQ e GfK, que fez uma avaliação do estado atual dos consumidores, o que tem vindo a mudar, que desafios subsistem e como as empresas se devem preparar para os próximos meses.
A análise indica ainda que as intenções de compra estão a ser avaliadas e redirecionadas “de forma sensata”, existindo uma mudança do “consumo cauteloso” para o “consumo intencional”, apesar da incerteza em torno da estabilidade económica, da saúde do planeta e da própria carteira dos consumidores.
De acordo com o estudo, 30% dos consumidores afirmaram estar numa melhor situação financeira do que há um ano, mais 2% em relação a janeiro de 2024. Já 32% revelou que a sua situação financeira piorou no ano passado.
Assim, embora estejam a preparar-se para mais mudanças geopolíticas, económicas e ambientais nos próximos meses, estão também determinados em salvaguardarem as suas poupanças e a serem intencionais nos seus gastos, concentrando-se principalmente no que lhes dá uma sensação de prosperidade e bem-estar.
Os consumidores sentem-se mais otimistas, mas não têm conseguido ‘escapar’ ao aumento do custo de vida. De facto, entre os consumidores que afirmaram que a sua situação financeira é pior, 76% atribuem-na ao aumento do custo de vida – um fator generalizado e que provavelmente vai continuar a pesar nas carteiras dos consumidores durante algum tempo.
Para além dos desafios do custo de vida, os consumidores atribuem o agravamento da sua situação ao abrandamento económico (41%) e à insegurança no emprego (31%). Segundo a análise, estes fatores vão continuar a influenciar a trajetória de crescimento das despesas durante este ano e nos seguintes.
Apesar de, a nível global, mais consumidores estarem a sentir-se em pior situação financeira, a investigação revelou que há “uma onda de otimismo” em vários mercados. Na Indonésia, Índia, África do Sul e Brasil, por exemplo, mais consumidores afirmaram estar atualmente numa melhor situação financeira, em comparação com os que afirmam estar em pior situação.
Em contrapartida, há mais consumidores em mercados como os Estados Unidos, Reino Unido e a Coreia do Sul a afirmarem sentir-se numa pior situação.
Que preocupações estão a ‘tirar o sono’ aos consumidores?
O aumento dos preços dos alimentos, as despesas com serviços públicos e a ameaça de uma recessão económica continuam a ser os principais fatores que pesam na mente dos consumidores, tal como registado em janeiro de 2024.
As alterações climáticas surgem em quarto lugar no topo das preocupações dos consumidores, com o estudo a sublinhar tratar-se de uma inquietação que “faz sentido”, tendo em conta os eventos extremos que se têm registado um pouco por todo o planeta.
À medida que as pressões inflacionistas começam a diminuir, os consumidores começam a ficar menos preocupados com o aumento das faturas diárias e a pensar mais no seu bem-estar/felicidade pessoal, assim como na segurança do seu emprego.
A nível regional, embora o aumento dos preços dos alimentos seja uma das principais preocupações dos consumidores, existem algumas variações entre regiões geográficas, com os americanos a continuarem a estar mais preocupados com o aumento dos custos da habitação, enquanto o conflito mundial é uma das principais inquietações para África, Médio Oriente e Europa.
Segundo a análise, na Europa, por exemplo, pode vir a registar-se um crescimento “mais fraco” do PIB, enquanto nos EUA, este crescimento poderá ser “moderadamente mais forte” e em muitos mercados emergentes, incluindo a Indonésia.
A inflação e o impacto no consumidor
Já a inflação diminuiu e, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), espera-se que os preços médios do consumidor continuem a descer até 2026.
“Esta situação pode pressionar ainda mais os consumidores que são financeiramente vulneráveis, em especial se as taxas de juro não forem reduzidas com rapidez suficiente. Um número crescente de outras incógnitas relacionadas com as alterações climáticas, conflitos mundiais e estabilidade do emprego são potenciais ameaças à dinâmica que está a ser construída”, lê-se na investigação da NielsenIQ e GfK.
De acordo com o estudo, o ritmo da inflação dos bens de consumo continua a abrandar em todos os países, com um crescimento inferior a 2% em termos homólogos. No entanto, continua a ser superior à média na América Latina e em África. De facto, os preços médios globais aumentaram mais rapidamente na América Latina, que regista um crescimento de 9% ano após ano.
Apesar de os consumidores verem alívio em algumas áreas de gastos quotidianos, estes estão também mais seletivos e determinados em selecionar quais são os “bens essenciais para a vida”, uma vez que a sua carteira vai continuar a competir com os bens essenciais mensais, ou seja, habitação, serviços públicos, seguros e compras domésticas consideradas de maior importância.
Assim, segundo a análise, à medida que os consumidores dão conta da existência deste alívio do crescimento inflacionista, a sua atenção vai provavelmente dirigir-se para os bens de consumo técnicos e embora os consumidores continuem a mostrar contenção nas suas decisões de compra, o estudo antecipa que haverá espaço para que a tecnologia e os bens duradouros registem um crescimento estável em 2025.