A viver num contexto de incerteza depois de meses de inflação acentuada, os europeus, segundo um estudo recentemente divulgado pelo Observador Cetelem, estão a cortar em algumas das rúbricas financeiras da sua vida pessoal.
Segundo o explicado pelo Barómetro Europeu do Consumo o momento de vulnerabilidade e incerteza está a levar muitos consumidores a poupar menos… mas também a consumir menos. De acordo com os dados recolhidos, “as intenções de poupança dos europeus baixaram, em média, 3 pontos face ao ano anterior (16,7%). A maioria dos países antevê a diminuição das respetivas taxas de poupança este ano, com exceção da Suécia que prevê que se mantenham.”
No que concerne ao nosso país, que apresenta tradicionalmente uma baixa cultura de poupança e cuja taxa de poupança tem estado ao longo dos anos abaixo dos 10% – com exceção de 2021, quando se registou uma taxa de 11,9% devido ao contexto pandémico, está prevista que o presente ano feche com uma taxa de poupança de apenas 6%.
“O valor está bastante abaixo da média europeia (13,4%). Mais baixo, só na Polónia (3,9%) e Eslováquia (4,3%). Países como a Alemanha, Suécia e França preveem taxas de poupança de 19,6%, 18,1% e 16,7% respetivamente”, explica-se em comunicado.
Hora de ‘apertar o cinto’: Despesas aumentam e portugueses limitam consumo
No mesmo documento, percebe-se ainda que, a expetativa de uma menor poupança na generalidade dos países, contrasta com o aumento obrigatório das despesas. Neste âmbito, no conjunto de 11 países analisados, os consumidores portugueses anteciparam um aumento dos gastos anuais em 13 pontos comparativamente a 2022 (49% vs. 36%), mas há contrastes acentuados. “Na Suécia e na Eslováquia as previsões também são bem mais altas comparativamente ao ano passado (+9pts e 8pts), com este último país a destacar-se de outras nações da Europa de Leste, provavelmente porque pertence à zona euro”, explica-se.
“Esta dualidade – previsão de menos poupança e mais despesas – não quer dizer, necessariamente, que os consumidores prevejam consumir mais. Os resultados evidenciam um consumo limitado onde as despesas se estão a concentrar mais no que é necessário e indispensável para a vida quotidiana”, acrescenta-se em comunicado.
Por outro lado, o desejo de consumir mantém-se praticamente inalterado, baixando apenas 1 ponto em relação ao ano passado, com 52% dos europeus a expressar a intenção de consumir (face a 53% no ano passado). Já 1 em 4 diz não ter nem o desejo nem os meios para gastar, um resultado que aumentou em 3 pontos face a 2022.