O recente estudo da Kantar, analisado conjuntamente com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca –, revelou que quase duas em cada três marcas de fabricante (MDF) de sortido curto têm conseguido atrair mais compradores.
O estudo mostrou também que, em 2024, comparativamente ao ano anterior e “apesar da menor penetração relativamente ao sortido amplo”, o sortido curto acrescentou às MDF um aumento médio de mais 8% em termos de compradores adicionais à base já instalada, mais 7% na frequência de compras, mais 10% em termos de valor e mais 12% em volume.
A análise, apresentada no webinar “Fabricantes e Retalhistas: Parceiros ou Rivais?”, revelou ainda que “as MDF têm desempenhado um papel vital na compensação das perdas das marcas de distribuição (MDD) em várias categorias”.
Apesar das MDD continuarem a ganhar terreno, segundo o estudo, em 2024 já representam 47% da quota de mercado em valor, estas têm vindo a perder compradores em algumas categorias, nomeadamente néctares, fiambre, leite sem lactose, sumos de fruta, manteigas, caldos culinários, entre outras. De acordo com o estudo, nestas categorias, “foram várias as MDF que compensaram, para os retalhistas, as perdas em questão”.
Relativamente à crescente fragmentação entre os compradores, registou-se um aumento significativo em relação àqueles que alternam entre sortidos amplo e curto, representando já 85,3% dos compradores.
De acordo com a análise, em 2024, o sortido amplo detém uma quota de mercado de 58,8%, enquanto o sortido curto capta mais de 1€ em cada 4€ do gasto das famílias portuguesas em fast-moving consumer goods (FMCG).
Comparando com anos anteriores, “as lojas de sortido amplo estão a perder quota, devido à diminuição da fidelidade dos compradores”, salienta a análise.
“Para as marcas, o desafio é o de trabalhem na oferta de preços (que continua a ser o grande fator de decisão no momento da compra) e na oferta de produtos de valor acrescentado”, explica análise.
O estudo também concluiu que 51% dos compradores de sortido amplo compram tabletes de chocolate noutros lugares, onde estejam a preços mais baratos. Já 53% dos compradores estão dispostos a pagar mais por um produto alimentar que os ajude a prevenir ou curar doenças.
Pedro Pimentel, Diretor Geral da Centromarca, “a presença das marcas de fabricante tem um impacto positivo quer nos retalhistas de sortido curto, quer nos de sortido amplo. Nuns porque geram capacidade de atrair novos consumidores e evitar a sua fuga para outras lojas para encontrar as suas marcas favoritas. Nos outros, porque há uma diversidade que o consumidor procura e não encontra nas lojas de sortido mais curto, uma oferta distinta e, também, uma melhor rentabilidade”.
“Com um consumidor mais fragmentado e uma maior alocação de espaço e investimento em marca própria, há retalhistas penalizados a nível de rentabilidade e quota de mercado. Diversificar a oferta, tornando-a mais competitiva e eficiente, e utilizar a inovação como forma de contornar a barreira do preço, são fatores-chave para fornecedores e retalhistas”, acrescentou Carolina Jordão, Client & Knowledge Diretor da Kantar.
Os dados de compra são baseados no Painel de Lares da Kantar, uma amostra de 4.000 lares participantes, representativos de Portugal Continental, dispersos em mais de 1.000 pontos de sondagem, que declararam as suas compras relativamente ao primeiro trimestre de 2024.