A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) está a coordenar o projeto de investigação que pretende dar a quem utiliza os transportes públicos na cidade a possibilidade de substituir o tradicional bilhete por uma aplicação para telemóvel. A iniciativa reúne várias empresas de transportes do Porto e vai envolver um conjunto de outros parceiros de hardware e software.
Nesta fase, «a FEUP está a desenvolver o protótipo que vai funcionar numa parte muito restrita do sistema modal do Porto», a mesma que hoje é coberta pelo Andante, explica, João Falcão e Cunha, diretor da escola de engenharia da cidade nortenha. A instituição vai aportar ao projeto o resultado de vários anos de investigação na área da bilhética para transportes públicos, aproveitando para introduzir algumas inovações em relação ao conceito em que já vinha trabalhando.
Por exemplo, no âmbito da experiência que agora se prepara vão ser instalados nas estações identificadores de localização, que pretendem dar informação mais rápida e precisa sobre a localização de quem está a usar a aplicação. Em versões anteriores do conceito, o sistema usava apenas a tecnologia de localização dos telemóveis, que não permitia resultados tão fiáveis quanto o desejado. Outra dúvida que o teste vai esclarecer é se o sistema tem capacidade para ler corretamente a localização do utilizador nos autocarros, que ao contrário do metro ou do comboio não funcionam numa linha própria.
O protocolo que junta a FEUP e os Transportes Intermodais do Porto (TIP) neste piloto, que pode abrir portas à implementação de uma nova alternativa de pagamento em toda a rede de transportes da cidade, foi assinado recentemente. Mas antes que a experiência propriamente dita avance é preciso definir especificações ao nível do hardware e do software, escolher os equipamentos a instalar e os locais onde vão estar, tarefas que estão a cargo da FEUP. A concretização da solução final vai contar com o apoio de parceiros e da rede de empresas que integra os TIP, explica João Falcão e Cunha.
O objetivo final é criar uma aplicação móvel que se assuma como uma alternativa aos bilhetes tradicionais e ao sistema intermodal Andante, capaz de ajudar o utilizador a adotar a solução mais adequada ao seu perfil de utilização nos transportes da cidade. Esta aplicação vai exigir apenas que o utilizador assinale a entrada num transporte público. A partir daí, a localização do telemóvel e os equipamentos instalados nas estações e nos próprios transportes públicos fornecerão os dados necessários para acompanhar todo o percurso do utilizador, mesmo que este mude de transporte. Pretende-se que o sistema também seja capaz de detetar sozinho o fim da viagem. No fim de cada mês, a informação que foi recolhida a partir das viagens feitas é relacionada e é apresentada a solução de pagamento mais vantajosa indicando, por exemplo, que o utilizador pagará menos se nesse mês escolher um passe intermodal, em vez de bilhetes individuais.
Está previsto que o sistema aceite várias formas de pagamento, mas como explica João Falcão e Cunha ainda não estão definidas quais serão. Também já é certo que a aplicação terá versões para diversas plataformas móveis.
O teste vai decorrer ao longo dos próximos nove meses, mas só daqui a algum tempo é que avançará a experiência no terreno, com um grupo restrito de utilizadores. Deverão testar a solução cerca de 100 pessoas, durante dois meses, em zonas limitadas da rede dos STCP, da CP, do Metro e de um operador privado.