Após um período de quarentena que levou a mudanças de comportamentos e à compra de mais fruta e legumes (38%), café em cápsulas (31%), enlatados (31%), arroz e massas (31%), leite (30%), e produtos indulgentes como, por exemplo, chocolates (14%), há que preparar não o regresso à normalidade, mas a um “novo” normal.
Além dos dados aqui já apresentado, o estudo recente da Boutique Research, realizado em parceria com a Netquest, revela que, durante o período de quarentena, a maior dificuldade para os portugueses foi o confinamento (18%), isolamento (7%) e a falta de contacto / convívio social / pessoal (7%), tendo contribuído para que 41% dos portugueses sentisse ansiedade e 39% um maior nível de stress. Conclusão a que o estudo “What’s next? Be Ready!”, que teve como com o objetivo de antever comportamentos e alterações de comportamentos decorrentes do confinamento, também chega, é que 73% dos portugueses revelam-se muito preocupados com o futuro.
O estudo aponta para cinco tendências que poderão ser vividas no futuro. A primeira prende-se com o retorno aos espaços ao ar livre como praia e jardins, lojas de rua e esplanadas que será mais rápido do que para as transportadoras aéreas. De resto, 62% dos inquiridos declararam que não irá de imediato viajar de avião, 65% também não irá de imediato a concertos e festivais, 57% a ginásios, 60% a hotéis e 45% a centros comerciais.
A vingança no consumo dar-se-á, por sua vez, em serviços como uma simples ida a um restaurante ou café (63%) ou uma visita ao cabeleireiro / manicure / barbeiro (51%). Já uma ida ao médico ou a marcação de férias em Portugal foram apontadas por 41% e 40%, respetivamente.
Durante o confinamento foram, contudo, adquiridos hábitos de compra como estar menos tempo no supermercado (69%), fazer uma lista de compras e comprar apenas o que está na lista (45%), ir a supermercados mais perto de casa (49%) ou passar a pagar mais com cartão (39%). Alguns desses hábitos poderão manter-se no período pós confinamento, como o estar menos tempo no supermercado, que 38% pretendem manter no período pós pandemia, 36% admitem continuar a fazer listas e comprar apenas o que está na lista e 34% pagar mais com cartão.
Certo é que o facto de se passar mais tempo em casa, também despertou o lado DYI. Para 55% dos entrevistados, esse tempo provocou a vontade de fazer remodelações / pequenas reformas em casa. Entre as remodelações que pretendem fazer, destacam-se a pintura da casa (48%), renovar o mobiliário (32%) ou renovar ou comprar artigos de decoração.
Por fim, o estudo da Boutique Research conclui ainda que as compras online passaram a abranger mais categorias. Embora não se tenha assistido a um grande aumento da penetração das compras online neste período (apenas 2% refere ter feito a sua primeira compra durante o confinamento), assistimos à entrada de novas categorias – 22% refere ter passado a comprar online categorias que nunca tinha comprado. Entre estas destacam-se os alimentos frescos (31%), os medicamentos (29%), e a comida pronta / take away (28%).
“Nesta época todos fomos forçados a adotar comportamentos que de outra forma não teríamos”, admite Sofia Abecasis, sócia fundadora da Boutique Research. “Até podemos comprar o mesmo, mas compramos de forma diferente. Nesta altura, em que se fala de um eventual fim / atenuar do confinamento, é fundamental perceber como os consumidores irão atuar num “futuro próximo” e que comportamentos adotados nesta época tão atípica se poderão manter, pelo menos durante algum tempo”, refere Sofia Abecasis.
No final, a refere Sofia Abecasis, sócia fundadora da Boutique Research, deixa a pergunta: “O que vai ser afinal este ‘Novo Normal?’”.