O European Real Estate Logistics Census 2024 concluiu que vai registar-se um aumento da procura por imóveis logísticos nos próximos anos.
A análise foi realizada durante o verão de 2024 pelos analistas de mercado da cadeia de abastecimento Analytiqa em nome da Tritax EuroBox plc, um investidor em logística imobiliária na Europa, e pela Savills, tendo respondido 642 ocupantes, investidores, promotores, proprietários, gestores de ativos, consultores e agentes de todo o mercado europeu.
Procura por imóveis logísticos em tendência de crescimento
De acordo com o relatório, embora 51% dos ocupantes acreditem que as condições de negócio são hoje mais favoráveis do que há um ano (em comparação com 42% em 2023 e 35% em 2022), 69% reduziram ou atrasaram os planos gerais de expansão do negócio devido às atuais condições económicas.
No entanto, dos 69%, apenas 6% suspenderam os seus planos indefinidamente, enquanto 32% atrasaram 1 a 2 anos e 24% entre 2 e 5 anos.
Além disso, o inquérito sugere que é provável que se desenvolvam novos requisitos logísticos durante o segundo semestre de 2024, em 2025 e anos seguintes.
Já 29% dos ocupantes da amostra esperam necessitar de mais espaço nos próximos 12 meses, enquanto 70% planeiam manter a sua dimensão atual. 53% dos ocupantes esperam necessitar de mais espaço nos próximos 1 a 3 anos (+15 pontos percentuais).
Europa Ocidental na ‘mira’
Para os ocupantes que pretendem expandir a atividade durante os próximos 1 a 3 anos, os planos estão concentrados nos principais mercados da Europa Ocidental. A Alemanha continua a ser o mercado-alvo mais favorecido este ano, citado por 26% dos ocupantes com planos de expansão, seguida pela França com 24%.
“Possivelmente indicativo do interesse no re/nearshoring, a República Checa foi citada como mercado-alvo por 10% dos operadores com planos de expansão, quase o dobro da Polónia (5%)”, refere o comunicado de imprensa sobre o relatório.
 Para aqueles que procuram por novos espaços de armazém nos próximos três anos, 58% disse esperar adquirir edifícios com uma área útil entre os 10.000 e os 39.999 m². Os retalhistas são mais propensos do que os fabricantes ou os 3PL (third-party logistics) a gerar procura por armazéns de grandes dimensões (mais de 40.000 m²) ou unidades urbanas mais pequenas (menos de 5.000 m²), o que reflete a evolução contínua do modelo omni canal, revelou o estudo.
ESG, automação e eficiência energética
Quando questionados sobre o que poderá ser “revolucionário” para o seu setor logístico, categorias relacionadas com as metas/regulamentos ESG, requisitos de energia, robótica, automação, tecnologia IA e a revolução dos transportes foram classificadas como importantes ou muito importantes por mais de metade dos inquiridos.
As medidas de sustentabilidade/ESG mais comuns implementadas pelos ocupantes nos últimos doze meses incluem iniciativas tangíveis e mensuráveis, tais como medidas de eficiência energética (44%), redução/reciclagem de resíduos (36%) e energias renováveis (28%). As energias renováveis deixaram de ser a principal prioridade em 2023 e passaram a ocupar a terceira posição este ano, o que se deve provavelmente à diminuição dos custos energéticos.
Resiliência energética
O relatório também concluiu que 68% dos ocupantes estão cada vez mais conscientes da necessidade de obter um fornecimento de energia adequado no contexto dos recentes acontecimentos geopolíticos, das infraestruturas existentes e do advento de tecnologias com utilização intensiva de energia, como a automação e a IA.
Neste sentido, nos últimos 12 meses, 37% dos ocupantes investiram em robótica/automatização de armazéns, 33% em análises preditivas/otimização e 28% em veículos elétricos – os quais irão gerar um maior consumo de energia.
“A robótica/automatização de armazéns é uma tendência que continuará em vigor, com 43% a esperar investir nos próximos dois anos”, avança a análise.
Maior interesse na eletrificação das frotas
Relativamente a este tema, 29% dos ocupantes planeiam reduzir a utilização de transportes intensivos em carbono nos próximos três anos, mas a incerteza permanece no que à alocação do investimento diz respeito: 23% dos inquiridos realizaram progressos na instalação de pontos de carregamento de veículos elétricos para uso privado nos últimos 12 meses, mas apenas 13% instalaram pontos de carregamento de veículos elétricos para veículos elétricos HGV/LGV (veículos pesados) durante esse período.
Re/nearshoring no horizonte
25% dos ocupantes afirmaram que tinham reduzido (relocalizado) a sua cadeia de abastecimento para mitigar o risco de perturbações nos últimos três anos.
Enquanto a diversificação da base de fornecedores e a flexibilização das rotas continua na agenda, com 27% e 17%, respetivamente, a afirmar que o farão nos próximos três anos.
“O reshoring será, provavelmente, um impulsionador para o mercado nos próximos anos: 45% dos inquiridos vê esta solução no horizonte, reconhecendo o seu potencial “revolucionário” para os ativos logísticos”, concluiu a análise.
Bem-estar dos colaboradores em destaque
Segundo o relatório, 74% dos ocupantes afirma que o bem-estar dos colaboradores desempenha um papel importante na sua estratégia.
Destes, 20 a 30% classificaram a disponibilidade de transportes públicos, espaço público e iluminação natural como prioridades número 1 ou número 2 para o bem-estar dos colaboradores. No entanto, sem surpresa, as cantinas (60%), os chuveiros e os cacifos (43%) continuaram a ser os mais populares.
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