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Opinião

Sustentabilidade: um caminho repleto de oportunidades

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Em Portugal, a partir de 2015 reutilizar sacos para ir às compras tornou-se não só um hábito amigo do ambiente como também da carteira dos portugueses. A guerra aos plásticos estava oficialmente declarada! À frente, neste caminho pelo planeta, têm estado consumidores e empresas. Os consumidores têm tido um papel fundamental pelas exigências que têm vindo a fazer. Querem consumir produtos desenvolvidos de organizações que defendem e promovem a sustentabilidade económica, social e ambiental. E os retalhistas têm tido uma palavra a dizer, sabendo que os valores dos seus negócios e o seu futuro dependem da adoção de medidas sustentáveis.

É verdade que a Covid-19 veio colocar em pausa muitas mudanças que já se notavam. O receio nas matérias da higiene e segurança dos bens que estamos a colocar nas nossas despensas criou a necessidade de re-embalar produtos que já se tinham libertado de invólucros de plástico com uma sobrevida de centenas de anos. Ainda assim, existem hábitos que vieram para ficar, como termos sempre sacos reutilizáveis na mala do carro ou pensarmos duas vezes antes de colocarmos fruta em sacos de plástico ultra-leves.

 

Para os retalhistas, o silêncio na matéria da sustentabilidade já não é uma opção. E hoje, mesmo com as mudanças provocadas por uma pandemia a nível global, é tempo de construir e implementar novas estratégias. Aliás, os dados indicam que, depois da Covid-19, 76 por cento dos consumidores em todo o mundo vão estar mais preocupados com estas matérias. O foco das oportunidades para as empresas está principalmente em três áreas: o desperdício alimentar; os quatro “R” da reciclagem — repensar, reduzir, reutilizar e reciclar –; e a reformulação das embalagens.

Em matéria de desperdício alimentar já nos saltam à vista, ao entrar num supermercado, algumas mudanças. Já é comum existir a cesta do pão do dia anterior para ser levado gratuitamente ou a baixo preço pelos consumidores. As “bananas solteiras” têm sido aclamadas por muitos consumidores nas redes sociais. Muitos grandes retalhistas têm já a sua magic box disponível em aplicações como a Too Good To Go permitindo não só o combate ao desperdício, mas também aumentando a importância do papel que estas empresas têm socialmente num contexto de crise. Um movimento que privilegia a boa intenção acima do lucro e que a longo-prazo significará um aumento indiscutível da reputação dessas marcas.

 

Sobre os quatro “R” da reciclagem e a reformulação das embalagens, há já algum trabalho feito pelas empresas. Apesar de algumas medidas terem sido empurradas mais para a frente no calendário, a Comissão Europeia, por exemplo, continua a ter 2021 como data limite para a proibição do uso de palhinhas e outros materiais descartáveis. Muitas empresas estão alinhadas neste caminho e têm também os seus deadlines. Existem cada vez melhores alternativas ao embalamento de plástico — como é o caso das embalagens de bioplástico e de papel –, e muitos retalhistas já têm disponíveis máquinas de depósito das garrafas que compensam monetariamente os utilizadores e estão a fazer sucesso por toda a Europa. Na Noruega a taxa de reciclagem destes recipientes já ronda os 97%.

Reciclar é, ainda assim, o último “R”. Os consumidores estão a exigir cada vez mais clareza acerca da oferta de produtos para que possam repensar as suas compras: querem saber em que condições foi feita a produção, que caminho percorreu e como foi transportado até chegar à prateleira. Neste sentido, existem, por exemplo, aplicações que informam acerca do impacto ambiental de cada artigo e selos e certificados que atestam as condições de exploração e produção das matérias, como o certificado MSC para o pescado.

 

Os retalhistas têm um papel fundamental neste caminho da sustentabilidade e as suas marcas próprias podem ser a melhor tradução deste compromisso para com os consumidores e o planeta. A melhor abordagem passa por ouvir e compreender os consumidores enquanto se otimizam soluções com os parceiros certos.

Delfim dos Santos, Vice-Presidente de Business Development da Daymon.

 

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