Realizou-se durante os últimos dias, entre 18 e 21 de março, em Barcelona, mais uma edição da Alimentaria, um dos maiores eventuais mundiais em termos de inovação para o setor alimentar e das bebidas. A Distribuição Hoje esteve presente, a convite da organização, e traz-lhe algumas das novidades do certame.
Entre milhares de expositores, centenas de painéis de debate, apresentações e conferências, a palavra reinante foi, como seria óbvio, inovação. Porém, no léxico da feira couberam também termos como criatividade e colaboração, sustentabilidade e tecnologia, e, claro, IA. Num ambiente completamente internacional, com visitantes dos quatro cantos do mundo, em sete pavilhões encontraram-se surpresas para todos os paladares, mas também gostos intelectuais.
A sustentabilidade, ingrediente essencial no que toca à dinâmica do setor, foi igualmente alicerce sólido no desenrolar de todas as palestras, com muitos dos debates a lembrarem que o caminho já percorrido não é chão para se deitar fora apesar de muito haver ainda para fazer. Numa das palestras mais concorridas do evento, marcas como Unilever e Nestlé marcaram presença, lembrando que é preciso descomplicar a comunicação com os consumidores, promover a educação para uma melhor escolha e dotar os países de regimes legais que permitam estabelecer parâmetros de comunicação claros em termos de sustentabilidade.
Numa palestra que decorreu no espaço Agora, no Alimentaria Hub, os vários intervenientes lembraram também as metas estabelecidas para as suas próprias atividades, mas reforçaram a ideia de que é preciso colaborar com todos os elos da cadeia, inclusivamente com o consumidor, para tornar a atividade de produção de bens de consumo mais amiga do planeta, e, consequentemente, mais sustentável.
Noutro dos espaços visitados pela Distribuição Hoje, num âmbito um pouco mais longínquo da grande distribuição, a Makeat, uma jovem empresa catalã que se apresenta como um estúdio de inovação gastronómica, liderado por Juan Manuel Umbert, e que colabora com alguns dos meus reputados nomes da gastronomia, mostrou ao vivo como se criam experiências através da criatividade multidisciplinar.
Do aproveitamento das sobras como a casca de banana, aos desenhos de produto pensados por uma equipa que agrega desde designers a engenheiros, a criatividade foi o travo de toda a palestra onde se lembrou que comer é um ato de sobrevivência ao qual dedicamos pouco tempo e de onde o pensamento e reflexão estiveram distantes durante muito tempo.
Mas houve espaço para muito, muito mais. Com áreas bem definidas, entre espaços para a hotelaria, para a inovação, ou setores mais dirigidos para a cozinha vegan, durante todos os dias do evento vários chefs mundialmente conhecidos marcaram presença para se darem a conhecer ao público da feira, trocarem ideias ou simplesmente abrirem horizontes.
Numa rota de internacionalização, a Alimentaria recebeu a visita de mais de 107 mil profissionais do setor, com 25% destes a chegaram de países de todo o mundo, compondo uma plateia de visitantes de 120 países.
Para o diretor da Alimentaria, J. Antonio Valls, “esta edição foi um estrondoso sucesso em termos de internacionalização e mostra o grande poder de convocação da Alimentaria&Hostelco, que recuperou os números pré-pandemia e atraiu compradores de países estratégicos como a China, consolidando assim a sua posição como um dos principais encontros internacionais de negócios do setor”.
Portugal esteve também presente na feira, representado por diversas marcas lusas, ‘transportadas’ para Barcelona com a Portugal Foods e InovCluster.
Alimentaria em números:
Com um impacto económico, dos três dias de evento, estimado em 180 milhões de euros, os números da d’Alimentaria & Hostelco refletem, para a organização, “a força do evento, que ocupou quase 100.000 m2 de espaço expositivo líquido, quase todo o recinto da Gran Vía da Fira de Barcelona.”
Afirmando-se, desta forma, como um evento global estratégico para a internacionalização das empresas participantes, a Alimentaria 2024 contou com a presença de mais de 900 empresas internacionais, presença essa liderada por empresas italianas, e com um notável regresso de empresas asiáticas, especialmente da China, Coreia do Sul e Tailândia, que voltaram a presentear todos os visitantes com propostas ‘fora da caixa’ e culturalmente distantes da realidade diária presente nos países europeus.
- 100 mil metros quadros de superfície
- 3.200 empresas de 68 países
- 900 marcas internacionais
- 107 mil profissionais de 120 países
- 2.2 mil compradores internacionais
- 700 especialistas e chefs convidados