Constituída a 4 de Novembro de 1996, a Confraria da Horta, apresenta-se como uma empresa que se dedica à e distribuição de frutas e produtos hortícolas. Localiza-se na região Oeste do país, zona com inúmeros produtores agrícolas, com os quais tem acordos estabelecidos para o fornecimento de produtos. Assim, o produto é recebido directamente do produtor e entregue ao cliente. Mas, já lá vamos.
A aquisição por parte do Grupo Paulo Duarte de 50% da empresa, por valores não revelados, mostra-nos a confiança existente no negócio. E se este é um Grupo que, no ano passado, facturou 45,4 milhões de euros, de certo que este tipo de aposta não seria feito com outro objectivo que não seja vencer no mercado.
A Confraria da Horta dedica-se à entrega diária de frutas e legumes junto de hotéis, restaurantes, empresas de catering, lares, entre outros, nas zonas de Lisboa, Sintra e região Oeste. Em entrevista à Distribuição Hoje, José Paulo Duarte, presidente do Conselho de Administração do Grupo Paulo Duarte, revelou-nos a crença de que esta é uma empresa que «está muito bem organizada, muito bem estruturada». E relata-nos o normal dia-a-dia da empresa: inicia às 12h, com as ligações aos clientes inquirindo sobre os produtos necessários, as quantidades, etc. De seguida, é realizado o picking e a partir das 4h da manhã começam a sair as carrinhas das actuais instalações da empresa, em Torres Vedras, em direcção a cada um dos clientes. Existe o compromisso que até às 10h está entregue. Os produtos são, na sua maioria, originários da zona Oeste, sendo a excepção as frutas tropicais, cuja aquisição é realizada no MARL.
Segundo José Paulo Duarte, a empresa «tem uma capacidade crescimento muito grande». E porquê escolhê-la em detrimento de outras? Fica o exemplo: o proprietário de um restaurante vê chegar os produtos a um bom preço, em vez de perder duas horas numa praça, «se calhar mais caro porque teve que passar por duas ou três mãos antes de lá chegar». É esta a ideia em que assenta a acção da Confraria: ir directamente ao produtor para “cortar” nos intermediários e oferecer preços competitivos. E, claro, apostando sempre em produtos de excelência, porque «se vender mau a um cliente ele nunca mais vai quer ouvir falar de si. E se esta empresa tem mantido e aumentado o número de clientes é porque o produto é bom». E este know-how assenta também no outro sócio da empresa – Augusto Filipe Carvalho – que, na opinião de José Paulo Duarte, «conhece a produção como poucos. Sabe quem faz bem».
A ida directa ao produtor só é conseguida através do estabelecimento de acordos. Segundo o presidente do Grupo Paulo Duarte, «os agricultores têm uma dificuldade que é, não havendo comprador, colocam o produto em leilão, e nos leilões por vezes “vendem” a zero. Por incrível que pareça, ninguém compra ou sai a 5 ou 10 cêntimos o quilo. O que garantimos: preço regular o ano todo». Claro que esta garantia de preço regular não pode ser afectada por qualquer alta no preço de um produto, uma vez que «sabemos quanto é o preço de custo, pomos uma margem em cima, e garantimos o preço para o ano todo. Acho que qualquer agricultor prefere trabalhar assim». E continua: «não pode é, quando preço está alto, deixar de nos vender. Porque eu também compro quando ele tiver a metade do preço». Mas essa posição, como nos confessou, «tem a ver com pessoas honestas e só se pode trabalhar com pessoas honestamente». Esta garantia de preço de aquisição é também transposta para o preço de venda, uma vez que a empresa garante aos clientes «o preço para o ano todo, e é muito melhor para o restaurante, por exemplo, saber de antemão os seus custos».
Novas instalações e ambição nacional
O Grupo Paulo Duarte já detém a Abrunhoeste, empresa de conservação e refrigeração de frutas, que é um dos principais fornecedores da Confraria da Fruta. Assim, há que aproveitar as sinergias e a própria Confraria irá mudar de instalações para a Abrunhoeste. Ou melhor, para as novas instalações. Parte do investimento total de 1,5 milhões de euros na Confraria vai para a construção de novas instalações, alargando e melhorando as actuais. E porque não se iniciaram ainda as obras? «Temos, neste momento, um pedido na câmara para a construção das novas instalações», afirma José Paulo Duarte. E enquanto não forem construídas essas instalações, a empresa está limitada, uma vez que «não se consegue ter mais clientes porque as carrinhas já saem todas cheias e até pela própria dimensão dos armazéns e das câmaras frigoríficas, que estão no limite». Esta união e novas instalações, e o consequente crescimento esperado, trarão também boas novas no campo da criação de postos de trabalho, com a perspectiva de, a médio prazo, serem criados 20 novos postos de trabalho, adicionados assim aos actuais 25.
E quando estiver tudo a funcionar a 100%, revela-nos José Paulo Duarte, «queremos distribuir para o resto do país». Até porque, lança o exemplo: «grandes cadeias de hotéis não compram para um hotel ou dois, compram para todos». E para quando? «Para o ano que vem, seguramente», afirma o responsável.
A ambição tem razão de ser se tivermos em conta o facto de a empresa ter subido, em facturação, «30% ao ano. E este ano vai pelo mesmo caminho». No ano passado, para dar o exemplo, já “fez” 1,5 milhão de euros.
O Oeste como base
Se o objectivo é o de alargar a actividade para todo o país, fica a interrogação: de onde serão provenientes os produtos? «Vimos buscar aqui na mesma», afirma José Paulo Duarte, «o picking vai ser feito aqui. Estamos a fazer uma estrutura grande já a pensar nesse futuro. Um semi-reboque chega, por exemplo, ao Algarve ou ao Porto e faz a distribuição pelas carrinhas».
A ambição em termos de área de distribuição é a de cobrir o país inteiro, mas não pára aí. Há também a intenção de alargar a outros produtos, como frutos secos, azeite, óleo, etc. Por enquanto ainda não passa intenção, não podendo já um plano. E tudo é travado, mais uma vez, pelo facto de as novas instalações não estarem ainda construídas.
Tal é a confiança no negócio, que José Paulo Duarte prevê recuperar o investimento em cinco ou seis anos. Afirma o responsável que «este é um negócio com potencialidades», até porque o consumo de frutas e legumes tem vindo a aumentar, assente na ideia de uma alimentação saudável que começa a ser uma preocupação presente em cada vez mais indivíduos. E esta capacidade para crescer é também decorrente do facto da empresa estar sediada e ter os seus fornecedores numa região – o Oeste – que José Paulo Duarte afirma ser «fantástica. E conclui: «Os terrenos são bons. Temos aqui um microclima único, que é de aproveitar». E a Confraria da Horta tem aproveitado.