A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) está satisfeita com a aplicação provisória do Acordo de Comércio e Cooperação ente a União Europeia e o Reino Unido, que está em vigor desde o dia 1 de janeiro, mas alerta para a fragilidade da sua implementação prática e reflexos na operação da cadeia agroalimentar.
Depois de sucessivos atrasos nas negociações, a federação defende que é “essencial” que as autoridades da UE e do Reino Unido ajam agora de forma célere para que, já nesta primeira fase, seja garantida a circulação de bens nas fronteiras e não se verifiquem bloqueios.
A FIPA defende ainda a necessidade de a Comissão Europeia ativar “protocolos de gestão de crises, devendo incluir comunicações diretas com os operadores da cadeia agroalimentar, para identificar e resolver questões fronteiriças que possam surgir nos próximos meses”, lê-se em comunicado.
Em linha com as necessidades apontadas pela confederação europeia FoodDrinkEurope, a FIPA sublinha que se exigem “esforços máximos de interação entre as autoridades nacionais e o Reino Unido, para que possam ser implementadas e cumpridas as novas medidas não só aduaneiras, mas também sanitárias e fitossanitárias como, por exemplo, as diferentes regras de rotulagem de produtos alimentares”.
Para Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA, este acordo é “positivo”, uma vez que impede a “aplicação de tarifas excessivas nas transações do setor agroalimentar. No entanto, receamos que as dúvidas que surgirão da sua aplicação possam ser um entrave na evolução do setor”, sublinha.
“É essencial a máxima atenção do Governo português neste processo, sobretudo quando o setor tem vindo a ter nas exportações uma âncora nestes últimos meses”, acrescenta o responsável.
Só em 2019, o mercado do Reino Unido representou para Portugal cerca 274 milhões de euros em exportações de alimentos e bebidas e perto de 160 milhões de euros em importações, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística analisados pela FIPA.