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Alentejo em chocolate

Alentejo em chocolate

Mestre Cacau é nome da fábrica e loja situada em Beja e que prima pela inovação dos sabores. Quer provar uma trufa de aguardente da Vidigueira?

Chocolate. Um substantivo masculino, mas que se pode também apelidar de “palavra íman”, uma vez que capta a atenção e leva-o a percorrer estas linhas à procura de outra descrição mais elaborada de opíparas iguarias. Mas basta esta simples palavra – chocolate – e o desejo começa já a manifestar-se. Claro que há quem não goste, tal como há quem também aprecie bandas escandinavas dos anos 80 ou cerveja quente. Ou seja, há gostos para tudo, mesmo aqueles que são um pouco dissonantes da maioria. No entanto, o gostar de chocolate – lá está ela, a palavra, outra vez – é algo transversal a todo o mundo. Veja-se o exemplo luso, nas empresas, quando se comemora o aniversário de algum colaborador e este é “obrigado” pela esfomeada turba a comprar e partilhar um bolo. Não é sondagem, é senso comum: de que é feito 95% dos bolos? Pois, lá está.

E não nos admiraria que esta paixão pelo chocolate não seja também aquilo que esteve por detrás do surgimento da Mestre Cacau, empresa familiar (loja e fábrica), situada em Beja. João Dias, um dos sócios, revelou-nos a história por detrás destes criadores de chocolate. A outra sócia é Célia Dias (o nome não é coincidência, sendo a outra metade deste casal que comanda a história da empresa), e a ideia surgiu, «antes de mais, pela vontade em fazer algo novo e diferente na nossa região. Houve algumas propostas anteriores e noutras áreas de negócio, mas em todas faltou o aspecto inovador e diferenciador». A ideia de negócio veio depois de algumas viagens pela Europa, «onde verificámos que o chocolate era tratado de forma diferente do que sucede em Portugal». Foi o ponto de partida para uma abertura ao público em Novembro de 2005.

 

Medronho, alecrim, azeite e aguardente

Uma das curiosidades que se impõe é, porquê Beja? A resposta é simples: «somos naturais daqui e aqui desenvolvemos as nossas vidas profissionais». Além do mais, diz João Dias, estar em Beja, uma cidade do interior que não tem o buliço de outras no litoral, não é visto como algo negativo. Claro que «é verdade que nas grandes cidades há maior probabilidade de sucesso, uma vez que há maior número de clientes potenciais e há maior poder de compra. No entanto, o facto de estarmos numa região desfavorecida e onde existe pouco empreendedorismo faz com que os novos projectos sejam recebidos com mais carinho. E foi o que aconteceu connosco». Perdem-se algumas coisas, ganham-se outras, ou seja, pode até, teoricamente, perder alguns clientes por estar inserida num meio não tão populoso, mas percebe-se que «a cidade nos recebeu de braços abertos e notamos que existe uma grande empatia com o nosso trabalho». E estar nesta região até foi uma vantagem, uma vez que «permitiu que utilizássemos os produtos típicos e que lançássemos combinações originais com um “toque” de Alentejo». O responsável fala da Colecção “Alentejo e Chocolate”, que «é, sem dúvida, a colecção que mais peso tem na nossa oferta». Esta colecção inclui, por exemplo, «bombons com recheio de licor de medronho, trufas de alecrim, trufas de aguardente da Vidigueira, bombons de azeite, etc.».

 

Entre outros produtos encontramos também a colecção “Frutos secos & Chocolate”, «com café, passas, amêndoa, avelã, amendoim e nozes cobertas de chocolate», bem como a colecção “Chá & Chocolate”, a colecção “Especiarias” (bombons de chocolate com cravo da Índia, canela, pimenta e noz moscada), e a colecção “Origens”, com bombons de chocolate de origens emblemáticas no universo chocolateiro, como Java, Madagáscar, Equador e Caraíbas. Enfim, o rol é extenso, mas são dois os grandes sucessos: «os bombons de medronho e as trufas de alecrim». Isto durante o ano todo, porque em épocas especiais há sempre procura por produtos específicos, «como é o caso das árvores de Natal em chocolate ou os corações em chocolate no Valentim».

Produto gourmet

 

Os chocolates da Mestre Cacau não estão presentes na grande distribuição. Isto porque «este é um produto muito específico e que tem lugar apenas no pequeno comércio, nomeadamente, as lojas gourmet e as lojas especializadas em chocolate. Massificar este tipo de produto seria um contra-senso e iria desvirtuar o conceito original que nos guiou no lançamento deste projecto». Sem falar na dificuldade que seria ter uma produção que satisfizesse a grande distribuição, a opção foi também o posicionamento num segmento premium: «sempre foi a nossa opção inicial fazer um produto de qualidade e direccionado para o cliente que aprecia o bom chocolate».

Se tomar como concorrência «o chocolate produzido em larga escala e em grandes unidades industriais», o que distingue a Mestre Cacau «é o facto de utilizar matérias-primas bem conhecidas pelos portugueses (ex. alecrim, azeite, medronho, figo, mel, etc.), mas também a possibilidade de apresentar diferentes produtos ao longo do ano, o que não é possível em grandes unidades industriais».

 

Nova loja em estudo

Existindo desde 2005, e se ainda subsistem e prosperam, o negócio tem, pelos vistos, decorrido da melhor forma. João Dias afirma mesmo que se tem verificado um crescimento sustentável. No entanto, em 2010 «a evolução já não foi tão evidente, devido à conjuntura económica». Ainda assim, desde Outubro a procura tem sido superior ao mesmo período dos anos anteriores.

E se têm sentido alguma contenção por parte dos clientes, notando mesmo que «hoje em dia, existe menos dinheiro disponível para bens de luxo como é o caso do chocolate», o facto de recentemente terem mudado a loja para uma zona de Beja com maior movimento traduziu-se num «maior movimento».

Com estas boas perspectivas, o melhoramento constante é imperativo. Adianta João Dias que «sem dúvida que o lançamento de novos produtos é uma preocupação de todos os anos. É essencial ter sempre algumas novidades e que despertem a atenção». Já a abertura de uma loja noutra localidade «ainda está em estudo».

Gosta de chocolate? Se sim, de certo que agora está tentado a comer um…

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