Quantcast
Sustentabilidade

Portugueses consideram “urgente” legislar para reduzir o desperdício alimentar

Portugueses consideram “urgente” legislar para reduzir o desperdício alimentar iStock

A Too Good To Go divulgou os resultados de um inquérito nacional que revelou que 9 em cada 10 portugueses consideram “urgente” legislar para reduzir o desperdício de alimentos em Portugal.

De acordo com o comunicado de imprensa, o inquérito revelou que 83% dos portugueses estão preocupados com o desperdício alimentar, sendo o fator económico a principal razão para esse aumento de sensibilização.

 

Segundo 93% dos inquiridos, a inflação e o aumento do custo de vida levaram-nos a adotar comportamentos mais atentos para evitar o desperdício de comida. A crescente preocupação ambiental também desempenha um papel importante, com 80% dos inquiridos a reconhecerem o impacto negativo do desperdício alimentar no meio ambiente.

A análise concluiu que a maioria dos portugueses considera que é “urgente” implementar medidas concretas para combater o desperdício alimentar. Embora reconheçam algumas ações pontuais já desenvolvidas, 53% dos inquiridos considerou que estas foram insuficientes, e 41% afirmou que o anterior Governo não tomou medidas eficazes para enfrentar o problema.

 

Nesse sentido, 9 em cada 10 portugueses defendem a criação imediata de uma lei nacional contra o desperdício alimentar, inspirada na legislação já aprovada em Espanha.

O estudo revelou ainda um forte apoio da população a medidas estruturais e ambiciosas. Entre elas, destaca-se a criação de uma hierarquia clara para a gestão do desperdício alimentar e a obrigatoriedade de medição das perdas ao longo de toda a cadeia alimentar — propostas que contam com o apoio de 90% dos portugueses.

 

Além disso, 92% defenderam que todas as empresas devem ser legalmente obrigadas a implementar planos de prevenção de perdas e desperdício alimentar. Como forma de incentivo, 89% consideram essencial a atribuição de benefícios fiscais às empresas que adotem boas práticas nesse domínio.

Também no setor da restauração, os portugueses mostram-se claros: 8 em cada 10 acreditam que os restaurantes devem ser obrigados a disponibilizar embalagens para as sobras das refeições. Paralelamente, 9 em cada 10 cidadãos apoiam a realização de campanhas de sensibilização por parte do Executivo, com o objetivo de educar a população sobre a importância de reduzir o desperdício alimentar.

 

Tendo em conta as próximas eleições legislativas, a decorrem a 18 de maio, a Too Good To Go considerou essencial que os partidos políticos assumam publicamente o compromisso de aprovar uma legislação eficaz para reduzir o desperdício alimentar em Portugal.

Para Victoria Albiñana, diretora de Relações Institucionais e Assuntos Públicos da Too Good To Go Iberia, “os portugueses estão prontos. As empresas estão a fazer o seu caminho. O próximo Governo terá de assumir a sua parte e transformar essa vontade coletiva em legislação eficaz. Espanha deu um passo decisivo ao aprovar uma lei contra o desperdício alimentar, que envolve toda a cadeia de valor — da produção ao consumo — e Portugal não pode ficar para trás”.

E continua: “este estudo mostra que a vontade dos portugueses é clara: 92% reconhecem a urgência de agir demonstrando que o desperdício alimentar tem de ser uma temática prioritária para o país, também pelo compromisso com a Agenda 2030, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3 e os objetivos de redução estabelecidos pela União Europeia”.

Segundo a nota de imprensa, o desperdício alimentar representa atualmente 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) e acarreta um custo económico mundial superior a 1,1 mil milhões de dólares por ano. Em território nacional, os números não são menos preocupantes: segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal desperdiça anualmente cerca de 1,9 milhões de toneladas de alimentos, o que equivale a uma perda económica de mais de 3,3 mil milhões de euros.

 

Não perca informação: Subscreva as nossas Newsletters

Subscrever