A Geração Alpha, composta por crianças e jovens nascidos entre 2010 e 2024, está a moldar o futuro das finanças pessoais e a liderar a adoção dos pagamentos digitais, segundo um relatório da fintech GoHenry.
Entre 2023 e 2024, os membros desta geração gastaram um total de 126,2 milhões de dólares, com uma fatia significativa desse valor destinada a serviços online, como entregas de comida e compras em redes sociais.
Louise Hill, fundadora da GoHenry, destacou que esta geração está habituada à conveniência e à rapidez, características que se tornaram a norma. Segundo a responsável, estes jovens “estão habituados a ter tudo imediatamente ao seu alcance e esta cultura de gratificação instantânea está a alterar a forma como os jovens lidam com o dinheiro e a dificultar o ensino de competências como a poupança”.
Apesar da crescente disponibilidade de recursos de educação financeira, a existência de produtos de pagamento fáceis de utilizar — como cartões de crédito, opções “compre agora, pague depois” e pagamentos contactless — torna mais complexa a tarefa dos pais.
A fundadora da fintech sublinhou ainda a importância de ensinar que “o dinheiro tem de ser ganho antes de ser gasto” e que as despesas devem ser feitas de forma consciente.
Louise Hill refere ainda um estudo da Mastercard sobre a região Ásia-Pacífico, em que a Geração Alpha foi identificada como a principal força por detrás da adoção dos pagamentos digitais. Apesar da forte presença de carteiras digitais, 48% ainda utilizam cartões de crédito e 47% dos pais afirmaram que foram os próprios filhos a apresentar-lhes novas ferramentas financeiras digitais.
A análise concluiu que a Geração Alpha está, assim, a inverter o modelo tradicional de educação financeira, assumindo o papel de influenciadores digitais no seio da família.
A responsável enfatizou também que o uso quase exclusivo de meios digitais pode dificultar a perceção concreta de quanto se está a gastar. Como não “se vê” o dinheiro a sair, os jovens podem não ter noção real do impacto financeiro de cada compra, explica Louise Hill.
 A investigação demonstrou que a utilização de dinheiro físico é mínima entre esta geração, enquanto a digitalização tem vindo atingir o seu auge. O relatório também revelou o interesse da Geração Alpha por ferramentas financeiras inovadoras, como inteligência artificial (IA), finanças com gamificação, interfaces por voz e soluções de finanças descentralizadas.