O setor dos pagamentos está a passar por uma transformação acelerada, impulsionada pela inovação e por novas parcerias entre bancos e fintechs. Estas mudanças terão um forte impacto no retalho, no e-commerce e nos marketplaces, sendo essencialmente guiadas por seis grandes tendências que estão a moldar o futuro dos pagamentos digitais. A análise é feita por Carol Grunberg, Chief Business Officer da Yuno.
BNPL e meios de pagamento alternativos ganham tração
Embora os cartões de crédito e o dinheiro ainda sejam amplamente utilizados, os pagamentos digitais estão a conquistar quota de mercado rapidamente. Estima-se que, até 2027, as carteiras digitais representem mais de 25 biliões de dólares – cerca de 50% de todas as transações online e em ponto de venda.
O mercado global de “Buy Now, Pay Later” (BNPL), liderado por empresas como Klarna ou PayPal, deverá crescer de 560,1 mil milhões de dólares em 2025 para 911,8 mil milhões em 2030, a um ritmo anual de 10,2%.
Os métodos alternativos de pagamento estão a tornar-se uma “preferência clara” entre consumidores, exigindo dos comerciantes uma adaptação rápida para não perderem relevância, sublinhou a especialista.
Biometria e tokenização reforçam a segurança
Segundo Carol Grunberg, com o aumento do custo e risco de fraude, as empresas enfrentam um dilema: adotar padrões mais exigentes de segurança ou perder a confiança dos consumidores.
A resposta, enfatiza a especialista, está em tecnologias como tokenização – que substitui dados sensíveis por representações digitais seguras – e autenticação biométrica, que recorre a reconhecimento facial, impressões digitais ou digitalização da retina.
Cerca de 78% dos retalhistas já utilizam tokens de pagamento e prevê-se que esse número continue a crescer. As “passkeys” digitais e outras soluções sem palavra-passe estão igualmente a ganhar popularidade, sublinha a especialista.
A experiência do consumidor chega aos pagamentos B2B
O setor empresarial também quer pagamentos rápidos, seguros e sem fricção. Meios tradicionais como cheques em papel ou transferências bancárias estão a ser substituídos por infraestruturas digitais mais eficientes, que melhoram relações com fornecedores e reduzem custos operacionais, defendeu a Chief Business Officer da Yuno.
As empresas estão atualmente a procurar soluções para simplificar processos, de forma a otimizarem recursos e aumentar a sua agilidade financeira.
A gestão integrada de pagamentos ganha nova importância
A gestão integrada de pagamentos, antes uma ferramenta técnica para integrar diferentes fornecedores, tornou-se uma estratégia essencial de crescimento para as empresas, avança a especialista. A Chief Business Officer da Yuno referiu que estudos mostraram que 84% das empresas que adotam esta abordagem melhoraram a experiência do cliente e 76% aumentaram a aquisição de novos clientes.
Na sua ótica, esta prática permite implementar novos métodos de pagamento, otimizar o planeamento de transações, combater fraudes e gerir falhas de pagamento, mantendo a empresa atualizada num setor em constante evolução.
A fragmentação dos pagamentos exige localização
As preferências de pagamento variam amplamente entre países e regiões. O que funciona nos EUA pode não ter adesão na América Latina ou na Ásia-Pacífico. Segundo a responsável, ignorar estas diferenças pode significar perder mercado para concorrentes mais localizados.
No entanto, também enfatiza que localizar não é apenas integrar métodos de pagamento locais, passa também por compreender legislação, privacidade de dados, taxas de câmbio e dinâmicas fiscais específicas.
Assim, a responsável refere que ter uma estratégia de localização à escala global será decisivo para o sucesso do e-commerce internacional.
Uma má experiência de pagamento significa perda de receita
Todos os anos, as empresas perdem centenas de milhares de milhões de euros em vendas abandonadas. Embora questões de preço ou produto influenciem, muitas vezes, a causa é a fricção no processo de checkout, explica a especialista.
Desta forma, defende três fatores cruciais para reduzir o abandono do carrinho, nomeadamente simplificar o processo de checkout, oferecer métodos de pagamento que sejam da preferência dos consumidores e minimizar rejeições de pagamento.