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Pagamentos

Ecossistema de pagamentos inovador: Que riscos para o consumidor?

A transformação do consumo tem trazido um conjunto de questões que passam pelas crescentes soluções de concessão de crédito e uma maior facilidade de acesso a estes serviços por parte do consumidor. O tema esteve em destaque na 21ª edição do Smartpayments Congress  − evento organizado pela Abilways Portugal, empresa detentora da DISTRIBUIÇÃO HOJE − e foi debatido na Mesa-redonda: “Concessão de crédito e pagamentos do consumidor”.

A moderação ficou a cargo de Irene Moreira, Head of Content de Pagamentos da Abilways Portugal e na discussão estiveram presentes Filipe Santos, Head of Business Line Cards & Credit do Oney Bank; Ricardo Pereira, Country CFO da Ikea; e Vinay Pranjivan, Consumer Protection in Financial Services da Deco.

 

“Não queremos criar riscos acrescidos ao consumidor final que, no futuro, possam comprometer a sua relação com a marca” – Ricardo Pereira, Country CFO da Ikea

 

Ricardo Pereira pronunciou-se acerca das soluções de crédito da Ikea que, além de facilitar a vida ao consumidor, impulsionam o negócio da retalhista, aumentando a carteira de clientes. A evolução tecnológica e a diversidade de novas e soluções são benéficas, mas aportam alguns riscos para os clientes, pela maior complexidade destes procedimentos. O que, por vezes, acaba por gerar alguma resistência e desconhecimento por parte dos mesmos. Para mitigar esta questão, o Country CFO da Ikea revela que tentam, sempre que possível, “criar transparência, facilidade e uma melhor comunicação” destas soluções. “Não queremos criar riscos acrescidos ao consumidor final que, no futuro, possam comprometer a sua relação com a marca”, sublinha.

O Oney Bank é parceiro da Ikea − nas soluções de pagamento parcelado que providencia − e foi representado nesta conversa pelo responsável Filipe Santos, que começou por fazer um ponto de situação desta tendência. “As soluções de financiamento são uma realidade crescente: Dois em cada três consumidores já as utilizaram. Existe esta necessidade por parte dos clientes, que procuraram estas soluções para terem acesso a determinado tipo de bens. O crédito ao consumo tem subido nos últimos dez anos e o buy now pay later veio assumir um lugar preponderante na evolução e crescimento continuo deste negócio.” Desta forma, cabe aos parceiros e às retalhistas dotar as suas plataformas de ferramentas que permitam esta acessibilidade. O papel do Oney Bank, sublinha Filipe Santos, “é fazer evoluir estas soluções”, garantindo que estas se transformem numa “oportunidade para as empresas alavancarem o volume das suas vendas, mitigando possíveis riscos.”

 

“As soluções de financiamento são uma realidade crescente: Dois em cada três consumidores já as utilizaram” – Filipe Santos, Head of Business Line Cards & Credit do Oney Bank

 

Impacto na saúde financeira dos consumidores

A inovação do ecossistema de pagamentos pode tornar-se, de facto, muito interessante para consumidores. A diversidade de prestadores de serviços traz maior concorrência e, inevitavelmente, uma melhor jornada para o cliente, com esbatimento de custos. Contudo, como referido no início deste debate, não se pode falar de soluções de financiamento e concessão de crédito ao consumo sem mencionar os riscos inerentes para o consumidor. Vinay Pranjivan, Consumer Protection in Financial Services da Deco nota os riscos imediatos de todo este processo, sublinhando “o excessivo consumismo e o endividamento”. “Se o consumidor tiver maior acessibilidade em contratar determinado produto poderá incorrer numa sensação de facilidade. Sendo mais fácil, torna-se também menos preocupante, porque não se apercebe do impacto que poderá ter no seu orçamento.”

“Cabe aos reguladores e a todo o ecossistema encontrar o melhor enquadramento para que o caminho seja o mais fluido possível, com uma jornada facilitada, mas também mais segura, que permita ao consumidor ter meios de resolução.”  – Vinay Pranjivan, Consumer Protection in Financial Services da Deco

Há também o lado do desconhecimento. Nem sempre estão a par de tudo o que lhes é oferecido e, nesse caso, a regulamentação torna-se essencial. De acordo com Vinay Pranjivan, esta tem vindo, ao longo dos últimos anos, a acrescentar níveis de exigência de informação pré contratual estandardizada, no sentido de proporcionar ao consumidor ferramentas para fazer a decisão acertada e em tempo útil. “Cabe aos reguladores e a todo o ecossistema encontrar o melhor enquadramento para que, no fim do dia, o caminho seja o mais fluido possível, com uma jornada facilitada, mas também mais segura, que permita ao consumidor ter meios de resolução.”

*Leia a cobertura detalhada da mesa-redonda na edição junho/julho da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE.

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