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Pagamentos

O estado da arte dos meios de pagamento em Portugal

O mercado financeiro e de pagamentos português encontra-se “num momento interessante de desenvolvimento, ainda que com alguns desafios para resolver, mas é preciso acelerar o ritmo de implementação”. O balanço foi feito por diversos especialistas numa conversa que se propôs debater as barreiras e oportunidades deste setor, no âmbito da 21ª edição do Smartpayments Congress − evento organizado pela Abilways Portugal, empresa detentora da DISTRIBUIÇÃO HOJE.

Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal, deu o mote para a discussão e começou por recordar os principais registos do Relatório dos Sistemas de Pagamentos em Portugal de 2022. O responsável notou o crescimento significativo nos pagamentos eletrónicos no retalho, que registaram um aumento de 20,8% no número de operações. O administrador do Banco de Portugal reforçou também o crescimento das compras contactless − que atingiram 49% dos pagamentos nos pontos físicos de venda − e a queda significativa das transações em numerário.

 

“Estamos a assistir a um mercado de pagamentos dinâmico, com um crescimento muito significativo e margem de progressão”, reforçou, acrescentando que é fundamental a promoção de mais soluções de pagamento, interoperáveis, que comuniquem com outros sistemas de pagamentos a nível internacional. Neste sentido, refere que são necessárias “mais instituições, maior concorrência, mais transparência e uma maior abertura no funcionamento do sistema de pagamentos, sujeitando todas as entidades às mesmas regras e regulação”. A dimensão do mercado, o reforço dos mecanismos de segurança e a promoção de informação e formação aos utilizadores, fazem, assim, parte da visão estratégica do Banco de Portugal.

“Estamos a assistir a um mercado de pagamentos dinâmico, com um crescimento muito significativo e margem de progressão” – Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal

 

Ainda acerca da realidade portuguesa do mercado de pagamentos, João da Câmara, presidente da ANIPE, ressaltou que o setor vive atualmente um “momento muito interessante de desenvolvimento, com avanços importantíssimos”. Ainda assim, os desafios que afetam os operadores e processadores internacionais que se querem estabelecer em Portugal não foram esquecidos. Neste contexto, João da Câmara, denota as medidas que estão a ser tomadas para separar o scheme do processamento que, na sua perspetiva, vão ajudar a acelerar a entrada destas empresas.

 

O ambiente competitivo de um mercado aberto e transparente foi reforçado por Gonçalo Santos Lopes, country manager Portugal da Visa, que referiu ser importante promover a escolha, a inclusão e a diversidade de opções de pagamento. “Olhando para a realidade portuguesa considero que não temos tido dificuldades tecnológicas. A inovação sempre foi aceite por toda a gente, mas precisamos acelerar o ritmo de implementação destes procedimentos.” Abertura e escolha foram palavras enfatizadas pelo profissional, considerando que devem ser os consumidores a escolherem como querem pagar. Por outro lado, não deixou passar a segurança e a experiência, garantindo que tudo o que for feito nessa área vai permitir trazer “mais competitividade de mercado, mais volume e mais negócio, com grande benefício para a economia nacional”.

Do lado da banca, Ricardo Chaves, Diretor Executivo do Centro de Excelência de Inteligência Artificial do BPI, mostrou a forma como o setor encara esta realidade, numa perspetiva de evolução. Neste sentido, reforçou a inovação de infraestruturas dos bancos que permitiram oferecer os serviços digitais que atualmente disponibilizam. “Há uma enorme vontade de promover modelos de inovação”, revela, notando também as diferenças de estrutura dos bancos face às start-ups e fintechs, levando-os a ter um maior cuidado no momento de arriscar nestas novas soluções. “Dentro de um banco temos de gerir estas tentativas de forma mais cuidadosa. Naturalmente vamos ter de aguardar para ver o que está a funcionar e o que está a criar mais valor.” Ainda assim, sublinha que o BPI está a trabalhar numa maior abertura dos pagamentos, com muita vontade de explorar o negócio de mãos dadas com outros parceiros.

 

“Olhando para a realidade portuguesa considero que não temos tido dificuldades tecnológicas. A inovação sempre foi aceite por toda a gente, mas precisamos acelerar o ritmo de implementação destes procedimentos” – Gonçalo Santos Lopes, country manager Portugal da Visa

Durante o debate moderado por Luís Teodoro, administrador da Softfinança, Hélder Rosalino recordou ainda o desenvolvimento do sistema de pagamentos português. “Fomos inovadores e rápidos na procura de soluções. Temos noção que fomos uma referência nos pagamentos na Europa pelos serviços que o nosso sistema criou. Estamos numa área financeira integrada que se quer cada vez mais aberta e interoperável. E, nesse sentido, foram sendo produzidas peças legislativas europeias que procuram abrir e criar esta capacidade de operação à escala europeia.”

A promoção da concorrência, abertura e inovação estão a ser trabalhadas para o efeito pelo Banco de Portugal. “Sabemos o que queremos atingir no mercado nacional e estamos a trabalhar nisso.” Atualmente estão em curso duas linhas de ação para pôr em marcha essa realidade. “Uma já está no terreno e resultou de um conjunto de determinações emitidas ao principal operador de pagamentos, a SIBS, para que corrigisse algumas situações inibidoras da utilização de outras soluções. A outra linha de ação passa por garantir a separação do scheme do processador, que já se encontra em curso, mas ainda não está finalizada. Estamos em diálogo com a SIBS para garantir que seja aceite e implementada o mais rápido possível, sem colocar em causa o sistema de pagamentos em Portugal”, conclui.

*Fique atento à edição junho/julho da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE, na qual iremos destacar, com detalhe, os principais temas abordados no evento.

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