Os preços dos bens de grande consumo (BGC) têm crescido ao ritmo mais lento dos últimos seis anos na Europa, sobretudo os preços da alimentação, bebidas e produtos de higiene pessoal. Os dados são do Growth Reporter, da Nielsen, e dizem respeito ao primeiro trimestre deste ano, revelando que no período em análise, a Europa registou um crescimento nos preços dos bens de grande consumo de cerca de 0,7%, o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2010.
Como resultado, as vendas em volume cresceram cerca de 0,8% face ao período homólogo, aumento que segundo a Nielsen “se verifica pelo oitavo trimestre consecutivo”. Ainda assim, no global, os retalhistas viram as vendas aumentar 1,5%, “o valor mais baixo dos últimos três anos”.
A liderar estão os retalhistas da Turquia, que viram a faturação crescer 9,7%, seguidos da Polónia (4,8%) e Hungria (4,6%). Por outro lado os maiores declínios deram-se na Grécia (-6,1%) e Finlândia (-2,8%).“A Europa apresentou este trimestre significativas quebras de preços essencialmente em dois dos cinco grandes mercados – Alemanha e Itália”, refere Jean-Jacques Vandenheede, diretor europeu de retail insights da Nielsen. “Os preços mais baixos estão a ser impulsionados pela feroz concorrência entre os retalhistas e a queda dos custos de produção, resultantes dos custos com a energia mais baixos.”
Esta tendência, diz a Nielsen, também se está a registar em Portugal, “uma vez que existe mesmo deflação desde o início de 2014.” No primeiro trimestre deste ano, registou-se em Portugal uma “deflação histórica face aos últimos nove trimestres (-1,8%).” Segundo os dados da Nielsen, “o crescimento significativo nos volumes de +3,6% é assim impactado pela descida de preços, resultando num aumento inferior em faturação (+1,8%). Ainda assim, esse aumento de vendas é superior ao da Europa, que cresce +1,5% neste período.”
A contribuir para estes números estão, sobretudo, as bebidas alcoólicas, que cresceram 6% nos primeiros três meses do ano. A categoria de lactícios, por sua vez, continua a ser a única com perdas nas vendas, com uma quebra de 2%, que ainda assim é inferior à quebra registada em 2015 (-3%).
Por outro lado, os dados da Nielsen revelam que com a atividade promocional cada vez mais intensa – no primeiro trimestre 44% das vendas foram promoções – os bens de grande consumo continuam a crescer sobretudo via marcas de fabricante (+4,4%), já que as marcas de distribuição mantêm as perdas (-2,8%).