Reuniu mais de 220 pessoas online naquela que foi a sua 10.ª edição. Com uma organização conjunta da Distribuição Hoje e da IFE Abilways, o evento terminou com emas relacionados com a sustentabilidade, os pagamentos, a motivação das equipas, a urgência do Big Data e o e-commerce.
A tarde do segundo dia do inRetail começou com a apresentação “Liderança, cultura organizacional, formação, mensagens alinhadas” da autoria de Susana Silva, diretora de pessoas El Corte Inglés. A oradora sublinhou a importância e o desafio de manter equipas motivadas. “Pessoas mais felizes são mais produtivas”, sublinhou. Na empresa, os seniores sentem orgulho em passar o seu conhecimento aos mais novos. “Todos aprendemos com todos”. Com o foco de tratar os colaboradores como tratam os clientes, já são quatro as gerações a colaborar na empresa.
Como aspetos positivos retirados da pandemia, Susana Silva referiu o facto de a empresa investir mais na transformação digital que foi necessário ter, de um dia para o outro. Por outro lado, confessou que passou a haver maior confiança nas equipas a trabalhar em teletrabalho, tema que lhe era caro pois desde há algum tempo que tentou implementar essa modalidade, mas sem sucesso. “Havia alguma resistência em apostar no teletrabalho”, referiu, elogiando a abertura de decisão que foi preciso agilizar na altura da pandemia.
Miguel Serrão, managing partner da DBI Data Business Intelligence, Nuno Oliveira, business intelligence manager da Makro, Gaspar D’Orey, CEO da Dott e Luís Graça, senior business development manager da SAS subiram ao palco digital desta conferência para a mesa redonda dedicada ao tema do “Big Data – Âncora digital na tomada de decisão”. O responsável pela DBI foi bastante crítico relativamente ao atraso de Portugal relativamente a outros países europeus no que respeita ao investimento no Big Data. “Ninguém estava preparado para o confinamento, mas em termos tecnológicos, os nossos clientes tiveram quebras pequenas. O maior desafio que ainda temos de enfrentar é ao nível da automatização dos processos”, referiu Miguel Serrão que comparou o digital a uma maratona “em que é necessário correr mais depressa do que os outros países”. A solução? Pode passar por apostar mais em recursos humanos, tecnologia e know-how.
Gaspar D’Orey representa uma empresa que já nasceu digital e partilhou da necessidade de praticamente duplicar a equipa durante a pandemia para dar resposta “ao tsunami de encomendas” que receberam. Apesar da alta fasquia internacional da concorrência, o CEO considera que as soluções nacionais têm como “vantagens comparativas, a proximidade e a experiência com o cliente final”.
O SAS é uma empresa especializada em inteligência artificial que tem clientes na área do retalho desde há muitos anos. “Há a necessidade de analisar os dados para tomar decisões inteligentes com impacto no negócio”, referiu Luís Graça. “A covid-19 veio reforçar a necessidade analítica de perceber o momento atual e antecipar o futuro”, sublinhou, destacando ainda a lacuna que existe no nosso País no que respeita a pessoas especializadas em termos de data Science. “É preciso criar ferramentas que sejam facilmente utilizáveis e é fundamental democratizar este tema.”
Nuno Oliveira partilhou com a audiência que a Makro apostou na análise de dados e no desenvolvimento de websites na área de apoio ao cliente. “Trabalhamos com alguns modelos preditivos que permitem antecipar as tendências dos nossos clientes e acompanhar a evolução de compra. Verificámos que os algoritmos mudaram com a pandemia.” Além da clara aposta no digital, houve também a necessidade por parte do retalhista em ter um consultor que acompanhasse o cliente do Canal Horeca através de um serviço gratuito que lhe permita ter retorno mesmo com a crise que vivemos.
“O consumidor já mudou, já está no e-commerce e já não volta atrás”, realçou Miguel Serrão. “Não é admissível que um retalhista demore três a cinco dias a entregar um produto. O e-commerce é mais forte em sites internacionais porque há melhores prazos de entrega e melhor logística… Temos de mudar de mindset”, alertou.
O que é estar online?
A 10.ª edição do inRetail terminou com a mesa redonda: “O que significa hoje estar online?”. Pedro Santos, head of e-commerce da Sonae MC considera que “estar online é mais uma oportunidade de acrescentarmos a camada de conveniência à proposta de valor já muito forte que a Sonae tem”. Adriano Medeiros, diretor de marketing da Hôma defende o online como uma parte da transformação do omnichannel. “É estar disponível e acessível. Estar online de forma integrada significa ter de estar adaptado ao ADN da marca. O desafio é saber quem somos e refletir o nosso ADN em todos os canais onde estamos.”
Nuno Serradas Duarte, CEO do supermercado online 360hyper começou por dar a conhecer este marketplace que surgiu em plena pandemia. “Estar online é ir ao encontro das necessidades dos clientes”, defendeu. Apesar de não terem nenhum canal físico, o objetivo passa replicar o que as pessoas fazem no supermercado, mas de forma digital.
“Notámos um perfil de compras diferente na pandemia. A nossa principal preocupação foi a segurança e quisemos garantir que fazíamos as coisas bem feitas num momento de grande incerteza. Fizemos crescer a nossa operação, mas os nossos modelos de formação e de integração tiveram de ser repensados para serem realizados à distância”, salientou Pedro Santos. Foi preciso implementar novos processos de trabalho para uma capacidade muito superior à que a empresa tinha no começo da pandemia sempre com consciência de preparar o futuro próximo. “A essência do retalho continua a ser o cliente independentemente das tecnologias e das novas soluções”, concluiu.
Adriano Medeiros resume a pandemia a “uma vida de aventura” e partilhou que a Hôma vive “um ritmo alucinante de transformação” desde março. “Criámos uma estratégia de guerra desde o fecho das lojas e ainda continua. Queremos integrar cada vez mais o online no todo do negócio: o e-commerce continua a crescer se comparado com os tempos antes da pandemia. O marketing participa neste desenvolvimento de task force para se adaptar a estes novos processos e a logística foi fortemente repensada.” Foi preciso deixar preconceitos de lado e agir.
A 10.ª edição ficou ainda marcada pelo lançamento da revista SUSTENTÁVEL, a nova publicação especializada da IFE Abilways, numa espécie de joint venture entre a DISTRIBUIÇÃO HOJE, a VIDA RURAL e a LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE e terminou com votos de que o próximo evento já possa ser realizado nos moldes habituais, de forma presencial, assim permita a pandemia de covid-19.
O tema dos pagamentos também esteve presente durante a tarde do segundo dia do inRetail com a apresentação “O less nos pagamentos de intervenção” comandada pelo CEO da Oney Bank Portugal, Dario Coffetti que realçou os três aspetos mais valorizados pelos consumidores no momento de pagar: a segurança, a rapidez e o preço.
Seguiram-se duas apresentações dedicadas à sustentabilidade do retalho alimentar e não alimentar da responsabilidade de Núria Ramirez, diretora de sustentabilidade ibérica da H&M e Vanessa Romeu, diretora de comunicação corporativa e sustentabilidade do Lidl. Ambas partilharam a visão e os projetos sustentáveis dentro das empresas que dirigem. “O futuro da moda sustentável depende da colaboração entre todos”, concluiu Núria Ramirez. Vanessa Romeu deu a conhecer algumas das iniciativas mais revelantes nesta área confirmando a ambição do retalhista em dividir o negócio sustentável em três grandes eixos: promoção de estilos de vida sustentáveis, proteção do planeta e desenvolvimento de comunidades locais. “Os nossos colaboradores têm sempre uma palavra a dizer”, garantiu. “A sustentabilidade é transversal a todas as áreas de negócio do Lidl”, acrescentou.
Não perca a próxima edição da DISTRIBUIÇÃO HOJE com uma reportagem alargada sobre a 10.ª edição do inRetail onde poderá conhecer algumas das conclusões mais importantes de todas estas apresentações.