Em 1923, Hanke Martin, fotógrafo de formação com apenas 18 anos, fundou a Hamaphot KG no apartamento dos seus pais em Dresden. Em 2023, a Hama comemora 100 anos de idade sem nunca ter mudado de mãos – mantém-se como empresa privada de fortes raízes familiares, e com a sua sede na Alemanha.
Qual é o segredo para que uma empresa seja ao mesmo tempo centenária… e jovem? A resposta não é simples e para a encontrarmos será certamente necessário olhar para um conjunto de fatores. Mas julgo saber quais são alguns deles, depois de estar desde há vários anos à frente da filial portuguesa e de ter o privilégio de conhecer por dentro a sua cultura.
Diria que o primeiro fator é a adaptabilidade – um elemento crucial para a sobrevivência no mundo dos produtos de grande consumo. A Hama surgiu como uma marca de acessórios de fotografia; no entanto, caso se tivesse limitado a esse mercado, tinha desde há muito desaparecido.
Hoje, a empresa mantém várias linhas de produtos neste setor, como é o caso dos tripés ou dos sacos para fotógrafos, por exemplo, mas entre os seus 18.000 produtos em catálogo em 2023, a esmagadora maioria destina-se a outros consumidores com diferentes necessidades, desde os possuidores de smartphones (na verdade, todos nós!) até às soluções de “smart home”.
O segundo fator de sucesso é a qualidade. E sim, esta é uma tecla frequentemente batida por milhares de empresas em todo o mundo, mas a realidade é que a oferta de produtos de qualidade não é garante absoluto do sucesso! Mais importante ainda é uma cultura em que se procura constantemente o melhor equilíbrio possível entre os diferentes ingredientes de um produto de qualidade, desde o design à sua durabilidade e, claro, preço competitivo.
Neste novo século, um terceiro fator entrou em jogo e tem-se mostrado tanto ou mais importante que os outros dois: a sustentabilidade. A Hama tem noção da sua própria “pegada de carbono”, e tem procurado ao longo dos últimos anos contribuir para a reduzir de forma significativa – para quem tem um catálogo de quase 20 mil produtos, a mera preocupação em vender produtos e equipamentos relevantes e com um nível de qualidade que reduza a necessidade da sua substituição precoce não é suficiente.
A empresa está alinhada com o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas e tem feito um esforço consciente para reduzir o seu impacto ambiental, não só nas suas próprias instalações, reduzindo o consumo de energia e procurando adquiri-la a partir de fontes sustentáveis, mas também na forma como se relaciona com os seus fornecedores e toda a cadeia de abastecimentos e, claro nos produtos em si, sobretudo nas suas embalagens.
Porque para garantirmos que cá estaremos durante os próximos 100 anos, não basta sermos adaptáveis, preocupados com a qualidade e sustentáveis: é preciso primeiro cuidar do planeta e certificarmo-nos de que será habitável para as gerações vindouras.

Filipe Barbosa, Managing Diretor, Hama Portugal