De acordo com os cálculos da Associação da Economia Digital (ACEPI), o comércio eletrónico em Portugal vale perto de 75 mil milhões de euros, representando cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
No estudo que a associação desenvolveu em parceria com a IDC – Estudo da Economia Digital em Portugal – verifica-se que, em menos de uma década, a percentagem de utilizadores da Internet passou de cerca de 40% da população, em 2007, para mais de 74%, em 2017, estimando-se que possa chegar bem perto dos 100% nos próximos 10 anos.
Num encontro com a imprensa, Alexandre Nilo da Fonseca, presidente da direção da ACEPI, admitiu que “Portugal está a viver uma nova fase da transformação digital”. Aliás, segundo Nilo da Fonseca, “é difícil não encontrar um setor onde não se esteja a viver essa transformação digital”, identificando a falta de conhecimento e utilização como os “grandes deficits”.
O estudo realizado com a IDC concluiu, igualmente, que a percentagem da população portuguesa que utiliza a Internet, assim como a que compra online, continua a crescer a bom ritmo, atingindo 76% na utilização e 38% na compra online, em 2018.
No que concerne aos dispositivos utilizados para a realização de compras online, o computador pessoal ainda é o preferido dos portugueses, embora os equipamentos móveis sejam os mais utilizados pelos portugueses para acederem à Internet.
90% vem de fora
Apesar do crescimento verificado na oferta nacional, o estudo da ACEPI realça que 90% dos portugueses recorre a sites estrangeiros para compras online, destacando-se a China, Espanha, Reino Unido e EUA como os países preferidos. “Um terço dos portugueses já compra em sites localizados na China” salientou o presidente da direção da ACEPI, com a AliExpress a liderar este ranking.
Nos produtos comprados nas várias plataformas, destaque para o vestuário e acessórios de moda (57%), equipamentos de telecomunicações móveis e acessórios (52%). A grande tendência apontada pelo estudo da ACEPI e IDC vai para a compra de produtos de grande distribuição, ou seja, produtos alimentares e bebidas.
Além disso, as mobile apps (21%), jogos digitais (19%) e música (17%) são as outras categorias mais adquiridas.
Quanto aos métodos de pagamento utlizados pelos portugueses no universo digital, 90% dos compradores online nacionais preferem utilizar a transferência bancária, seguindo-se o Multibanco (74%), cartão de crédito (68%), MB Net/MB Way (42%) e PayPal (41%).
Já quanto à divisão do comércio eletrónico por consumer e business, a ACEPI indica que as vendas do B2C ultrapassaram os 4,6 mil milhões de euros, em 2017, representando um crescimento de 11,3% face a 2016, correspondendo a cerca de 2,5% do PIB.
Já os valores do B2B ultrapassaram os 70 mil milhões de euros, em 2017, correspondendo a uma evolução de 11,1% face a 2016, representando mais de 38% do PIB português. Estes valores são justificados pela ACEPI com o facto do Estado português ser obrigado a efetuar as suas compras por via digital, representando cerca de 80% do total das vendas B2B.
As previsões indicam que o peso do comércio eletrónico B2C e B2B no valor do PIB continuem a evoluir, atingindo, em 2025, 4,2% e 62,5%, respetivamente.
De realçar que, segundo a análise da ACEPI, cerca de 60% das empresas em Portugal não possuem qualquer presença no mundo digital e que no universo empresarial nacional 95% das empresas são micro-empresas.
De referir ainda que no próximo dia 6 de fevereiro, a ACEPI e a Confederação do Comércio e dos Serviços de Portugal (CCP), com o apoio do Governo português, arranca com a iniciativa ComércioDigital.pt, com a qual pretende colocar 50.000 micro e PME portuguesas do setor do comércio e serviços na rota da economia digital.