Green finance: o melhor de dois mundos. A banca e os mercados financeiros podem ser o gatilho para uma verdadeira mudança verde
O setor bancário e financeiro em geral já reconheceram e assumiram o seu papel na condução de uma economia hipocarbónica, desde os bancos centrais aos bancos comerciais e reguladores financeiros. A banca e os mercados financeiros podem ser o gatilho para uma verdadeira mudança verde graças ao seu poder de direcionar dinheiro para a economia. É assim um setor chave para alcançar os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e contribuir para a regeneração ativa do planeta. Vejamos alguns exemplos do “estado da arte” no mercado sustentável.
Criação de índices ESG
Os índices ESG como o Dow Jones Sustainability pretendem reunir as empresas com as melhores práticas nas três dimensões ESG da sustentabilidade: ambiente, social e governance. O grupo Euronext, que gere a bolsa portuguesa, lançou recentemente em Itália o Índice MIB ESG com o «objetivo de facilitar a adoção de abordagens mainstream ao investimento ESG, como os princípios das Nações Unidas, por investidores institucionais e privados e ganhar o consenso do mercado para o investimento sustentável e responsável», segundo o Jornal de Negócios. Este índice junta-se a outros como o Eurozone ESG Large 80, que contém as 80 maiores empresas da Zona Euro com melhor desempenho ESG.
Green bonds
As empresas que em Portugal financiam-se cada vez mais através de dívida verde. Nesta matéria 2021 tem sido um ano fértil em novas emissões por parte de empresas, instituições financeiras, bancos centrais e até pela União Europeia.
Depois da NOS, EDP, CGD, REN, terem protagonizado algumas faz maiores emissões de dívida verde em Portugal, algumas pela primeira vez, recentemente, foi a vez de a Sonae Capital se estrear neste segmento com uma emissão de 40,8 milhões de euros. O objetivo destas obrigações é «financiar uma central termoelétrica de cogeração a biomassa florestal, situada no concelho de Mangualde e contribuir para a descarbonização do sector electroprodutor e da indústria portuguesa, tendo igualmente um contributo importante para a otimização da gestão florestal da região e minimização do risco de incêndios florestais».
O Banco Central Europeu tem vindo a reforçar a sua ação no sentido de investir em dívida verde como mostra o recente investimento num fundo de obrigações verdes para financiar a produção de energia renovável, projetos de eficiência energética que foi igualmente emitido por uma entidade financeira central, o Banco de Pagamentos.
A União Europeia recorreu pela primeira vez, este mês, à emissão de obrigações verdes para financiar o programa de recuperação dos Estados-Membros – NextGenerationEU. No total, serão emitidos 250 mil milhões de obrigações verdes para obter 12 mil milhões de euros.
Fintechs verdes
As fintechs também querem ser cada vez mais verdes e ajudar a impulsionar uma nova consciência no mercado financeiro. O nicho das “green fintech” como são conhecidas é bastante recente mas já começou a dar cartas. Por exemplo, a britânica Minimum veio revolucionar a forma de gerir e reduzir a pegada carbónica. É possível conhecer a pegada carbónica nas diversas transações financeiras, por exemplo, na compra de uma sandes através da sua APP. Esta APP sugere alterações de comportamento e locais para fazer compras com o objetivo de minimizar as emissões de CO2. Já a francesa Helios, um neobanco que além de proporcionar o mesmo serviço, oferece também uma conta digital com cartão de débito feito de madeira e dá a possibilidade de aplicar dinheiro em projetos sustentáveis.