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Retalho

Desconfinamento faz disparar transações ‘contactless’

REDUNIQ_Pagamentos_setembro_2020

Na primeira semana pós-Estado de Emergência, o número de transações cresceu de forma significativa de 3 a 9 de maio (6,2 milhões), mais 11% em relação à semana anterior, em que se contabilizaram 5,6 milhões transações, avança a informação recente desenvolvida pela REDUNIQ Insights.

Entre os setores que retomaram os seus negócios nesta primeira fase de desconfinamento implementada pelo governo português, os cabeleireiros foram a atividade que mais aumentou a sua faturação, com um crescimento de 1.039% entre a última semana do Estado de Emergência e a primeira semana de desconfinamento. De seguida aparecem as papelarias, livrarias e tabacarias, com um aumento de 84%, os serviços do Estado, com um crescimento de 64%, e as gasolineiras, com mais 14% no seu volume de faturação.

 

Além dos dados de faturação, também o aumento do ticket médio (valor médio registado em cada transação), comprova a retoma gradual da economia, com os portugueses a gastarem mais dinheiro em cada pagamento que efetuam. Enquanto os cabeleireiros registaram um ticket médio de 49,51€ na primeira semana de maio (em comparação com os 38,30€ da semana anterior), as papelarias, livrarias e tabacarias chegaram aos 42,37€ (29,89€ na última semana de abril), e as gasolineiras e os serviços do Estado mantiveram os seus tickets médios na ordem dos 24€. Ainda em relação às gasolineiras, no dia 30 de abril, antes do fim de semana prolongado de 1 maio, houve um aumento de 23% na sua faturação em comparação com o dia anterior.

Ao analisar o atual contexto, Tiago Oom, diretor da REDUNIQ, salienta que, “após uma queda abrupta do número de transações totais na ordem dos 23,8% e dos 48,5% em março e abril face ao respetivos períodos homólogos, a economia começa agora a registar uma inversão desta evolução, com uma tendência crescente tanto no número de transações como no valor de faturação, dado que desde 4 de maio (primeiro dia da fase inicial de desconfinamento em Portugal), já mais de 10 mil negócios retomaram a sua atividades e voltaram a transacionar. Desta forma, estamos a conseguir, aos poucos, recuperar a nossa faturação, estando já a níveis de 70% em comparação com o período anterior à pandemia de COVID-19”.

 

Retalho tradicional cresce com confinamento
Ainda sobre a análise por setores de atividade, o relatório da REDUNIQ demonstra que o retalho alimentar tradicional (onde estão incluídos estabelecimentos de bairro), registou um forte crescimento das suas vendas após o decreto do primeiro Estado de Emergência em Portugal. Os números refletem que houve uma subida face ao período pré-pandemia, tendo-se mantido sempre uma performance acima dos níveis habituais durante todo o período de confinamento obrigatório.

“Esta evolução justifica-se em grande medida pelo facto de os consumidores terem começado a dar preferência à proximidade destas lojas e à sua própria segurança, uma vez que estes são estabelecimentos com muito menos afluência face às grandes superfícies”, explica Tiago Oom.

 

Para além disso, os dados recolhidos pela REDUNIQ indicam também que o ticket médio nos hiper e supermercados e no retalho alimentar tradicional atingiu o seu valor máximo na semana de 5 a 11 de abril (44,70€ e 27,72€, respetivamente), correspondendo a um crescimento de 61% e 50% face à primeira semana de março.

Segundo ainda as conclusões do estudo da REDUNIQ, a tendência de crescimento dos negócios tem sido semelhante em praticamente todos os distritos, com destaque para os Açores, Madeira, Faro e Lisboa, que chegaram ao final do período de Estado de Emergência com níveis de faturação próximos a 50% dos valores registados no arranque do mês de março.

 

Para Tiago Oom, “estes números refletem um conjunto de dinâmicas que ocorreram na economia portuguesa durante as últimas semanas, como o impacto do desaparecimento do turismo em territórios que dele dependem bastante (os 15% de cartões de origem estrangeiros que continuaram a transacionar no sistema são referentes a estrangeiros residentes). Para além disso, as quedas transacionais em Lisboa e Porto podem ainda ser explicadas pelo facto de estas serem “cidades terciárias” das quais o fluxo de trabalhares, residentes na periferia, reduziu substancialmente com a implementação de regimes de teletrabalho e lay-off”.

Pagar sem contacto
Já quando analisados os diferentes métodos de pagamentos, verifica-se que os pagamentos via contactless registaram um aumento histórico durante a primeira semana de desconfinamento em Portugal, com mais 160% de transações através desta tecnologia face ao mesmo período de 2019. Após um mês de março com uma subida de 113% em relação ao período homólogo, e abril com mais 157% face ao mesmo mês de 2019, a utilização do contactless volta a subir na primeira semana de maio, uma tendência que se justifica pela abertura de mais de 10 mil estabelecimentos comerciais a 4 de maio, um aumento de 37% face à semana anterior. O mês de abril, face ao homólogo, demonstra ainda que o contactless já teve um peso de praticamente 20% no total de toda a faturação.

De acordo com Tiago Oom, esta é uma tendência que se irá manter ao longo das próximas semanas, sobretudo à medida que tivermos cada vez mais estabelecimentos abertos e a transacionar, e cada vez mais pessoas familiarizadas com a facilidade de utilização do contactless, método de pagamento que se massificou no dia a dia dos portugueses com a recomendação de medidas de segurança e distanciamento social no processo de pagamento apresentadas pelas autoridades de saúde”.

Por fim, o estudo destaca ainda que, apesar da quebra acentuada das vendas em ponto físico desde o primeiro Estado de Emergência no país, as vendas no canal online aumentaram de forma considerável, nomeadamente 162% em abril, face ao mesmo mês de 2019.

Durante o período de análise, pós o decretar do 1º Estado de Emergência, as vendas em ponto físico estiveram, como se viu, a decrescer de forma acentuada, já as vendas no canal online aumentaram 162% em abril comparando com o período homologo.

Tiago Oom destaca que esta evolução é o reflexo de dois fenómenos que se têm manifestado junto dos comerciantes e com próprios consumidores. Em primeiro lugar, os negócios “reinventaram-se e passaram de negócios físicos a negócios online”, havendo um crescimento de 333% do número de adesões a soluções de pagamentos online para parte dos comerciantes quando comparado o intervalo de tempo entre 13 de março e 25 de abril de 2019 e 2020. Em segundo lugar, “os consumidores começaram a gastar mais em cada compra que efetuavam no online”, indicando os dados da REDUNIQ que o ticket médio alcançou quase 105€ entre 13 de março e 25 de abril deste ano, enquanto no mesmo período de 2019 esse valor estava nos 72,74€, menos 44%.

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