Quando nasceu a Televisão foram desde logo muitos os ‘experts’ a anunciar a morte da Rádio, aquela que continua viva (e recomenda-se) e que tem tido ao longo dos últimos anos uma capacidade tremenda para se reinventar.
Quando surgiram os primeiros exemplos de jornalismo online, especialmente aqueles que desde logo procuraram a sustentabilidade financeira com a implementação de subscrições pagas, foram também muitos os ‘especialistas’ a anunciarem que a imprensa escrita tinha os dias contados e que os leitores não estavam preparados para pagar por algo que sempre tiveram ‘à borla’.
Não, na verdade este não é um post sobre jornalismo e modelos de negócio em media (embora pudesse ser…).
Escrevo para contar que quando no início desde mês a John Lewis anunciou que iria começar a cobrar pelo seu serviço click & collect, pelo menos a clientes que fizessem compras inferiores a menos de 30 libras, surgiram também desde logo vários críticos, especialmente do lado do consumidor.
A tendência é para existam sempre os ‘puristas’, aqueles que acham que qualquer mudança que se faça no modelo de um serviço que “está bem” (dizem eles…) pode ditar a fuga dos consumidores para um concorrente.
O anúncio da John Lewis levou a que a Marks & Spencer, a House of Fraser e a Next anunciassem também entretanto que estão a planear a introdução de uma taxa para encomendas click & collect. Uma forma inteligente, parece-me, de garantir a sustentabilidade financeira de um modelo de comércio que tem cada vez mais aderentes.
Não estará, de facto, o e-commerce a precisar de refletir a sua sustentabilidade financeira? Muitas das operações de e-commerce envolvem um grande investimento ao nível da logística e apesar de muitas terem cada vez mais clientes (tendência que não se prevê que abrande) são (ainda) insustentáveis.
Os consumidores exigem flexibilidade no que diz respeito ao e-commerce e a maioria deles, dizem vários estudos, abandonam inclusive uma compra online se as opções de entrega não responderem às suas expectativas, o que mostra a importância de dar ao cliente a possibilidade de escolher.
Mas deve, ou não, um serviço que se quer de excelência e cada vez mais ‘à medida’ ser pago? Estaremos, ou não, a esquecer-nos de pensar a sustentabilidade de um modelo de negócio que não se prevê que pare de registar crescimentos nos próximos anos? Há cada vez mais retalhistas a acharem que sim…