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Ana Isabel Trigo Morais

V Congresso APED: “Queremos que as pessoas saiam do congresso com a cabeça a fervilhar de ideias novas”

V Congresso APED: "Queremos que as pessoas saiam do congresso com a cabeça a fervilhar de ideias novas"

Nos próximos dias 25 e 26 de março o setor da Distribuição reúne-se para mais um Congresso da Distribuição organizado pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). A DISTRIBUIÇÃO HOJE conversou com Ana Isabel Trigo de Morais, diretora geral da associação, que detalhou as expetativas para a reunião que irá decorrer no Museu do Oriente na próxima semana.

Qual é o objetivo principal do V Congresso da Distribuição organizado pela APED?

Há alguns anos que a APED promove o Congresso da Distribuição Moderna, que no fundo é o encontro dos agentes do setor. É um dia e meio em que o setor se une para refletir e discutir o futuro e para ouvir as ideias trazidas pelos oradores convidados, quer internacionais quer nacionais. É um momento em que damos a conhecer o papel que este setor tem na economia portuguesa, para o consumidor e para o bem-estar geral das famílias em Portugal.Nesta edição, propomo-nos a discutir um conjunto de temas que são diretamente relacionados com o negócio e com os formatos deste, mas também com as tendências de consumo. A edição deste ano aborda temas ligados as questões que preocupam os agentes do setor do ponto de vista económico e geopolítico.

 

É um congresso virado para dentro ou para fora do setor da Distribuição?

É um congresso virado para todos. O programa do nosso congresso tem a capacidade de interessar a pessoas de quase todos os quadrantes.

Porque é que decidiram falar do acordo transatlântico entre os Estados Unidos da América e a União Europeia?

 

Quisemos discutir o acordo transatlântico porque é um tema de geopolítica de grande interesse económico e muito relevante para os agentes da Distribuição e para os fornecedores. Aliás, é do interesse de todos. Quando falamos de um acordo transatlântico não estamos só a falar de um acordo de comércio nem de incrementar relações comerciais entre estes dois blocos económicos, estamos a falar de um reposicionamento estratégico neste mundo global onde nos últimos anos emergiram potências económicas que puseram em causa a antiga “arrumação” do poder económico e essa é que é a grande questão geopolítica e geoestratégica que depois de decomposta impacta todos e qualquer um, até ao cidadão português, porque isto quer dizer que se nós conseguirmos criar um mercado de comércio mais alargado, mais forte e mais competitivo, este será um mercado que trará benefícios para o consumidor, benefícios para as famílias, mais emprego, mais produção e um consumo mais acessível e daí a importância deste tema. No fundo, quando olhamos para o futuro, aquilo que se vê é que a Europa e os EUA precisam de encontrar um caminho de modelo de desenvolvimento económico e social criador de emprego e criador de bem-estar económico porque temos assistido à emergência de outras alternativas de poder económico e o mapa de distribuição de poder económico, hoje em dia, é muito diferente do que era há cinco ou dez anos atrás.

O objetivo é descodificar este tema ou sublinhar a sua importância para todos os agentes económicos em Portugal?

 

Em primeiro lugar, temos que pôr as pessoas a falar do tema porque acreditamos que é de tal maneira importante e vai ter impactos tão importantes que temos que pôr as pessoas a pensar nele. Seria ou não muito relevante que houvesse condições de expansão de retalhistas portugueses para os EUA? É ou não é muito importante perceber como é que se exportam produtos portugueses para os EUA? É ou não muito importante sabermos como é que podemos ter produtos fabricados nos EUA cá e que substituam produtos de outros quadrantes do mundo? É ou não muito importante termos padrões de segurança alimentar comuns que permitam alargar este mercado? No fundo o que estamos a fazer é alargar o mercado para os operadores económicos e para os consumidores. O nosso primeiro objetivo é pôr as pessoas a pensar neste tema. Achamos que devemos todos refletir e os agentes económicos em Portugal devem refletir sobre os impactos positivos e negativos e que valor é que nós podemos retirar desta parceria.

Qual vai ser o contributo do Prémio Nobel da Economia, Peter Hansen, na palestra que vai dar na conferência?

 

Temos sempre guest speakers internacionais, geralmente laureados pela Academia Nobel, que nos vêm falar, como em edições anteriores, de temas ligados à sustentabilidade, mais políticos, e ultimamente, tanto na edição de 2012 como agora em 2014, escolhemos uma pessoa ligada à área económica porque é um tema que interessa a toda a gente, em Portugal e na Europa. O prémio Nobel de 2013, o economista Lars Hansen, é uma pessoa que desenvolveu uma teoria muito interessante de construção de modelos matemáticos através de algoritmos para tentar tornar mais previsível os climas de incerteza económica que caracterizam todas as economias a nível mundial e nós acreditamos que foi uma escolha certeira convidar uma pessoa para nos falar de como desenvolveu esses modelos e de como funcionam. O trabalho com que ele foi premiado pela Academia Nobel foi um contributo importante porque em tempos de turbulência económica como a que temos vivido em todos os mercados desde 2009, ele desenvolveu um modelo que permite obter mais certezas e mais previsibilidade na evolução do comportamento das economias e portanto achamos que este tema é o tema da atualidade e é o tema que toda a gente gostaria de ver discutido, seja um decisor de uma empresa ou um governante nacional ou europeu ou mesmo um consumidor. A todos interessa perceber como é que criamos modelos que nos permitam entender melhor o caminho que temos pela frente e isto é a continuidade também do nosso congresso de 2012 que foi muito orientado para o futuro e para os cenários que o setor terá pela frente.

Que tendências se vão abordar no congresso?

Vamos sobretudo abordar a inovação em várias áreas. A primeira delas é a inovação nas marcas de Distribuição, porque de facto nós continuamos a evoluir imenso nas MdD e na forma como se produzem e se apresentam. Vamos ainda falar de inovação nos sistemas de pagamento, que é uma área muito importante de relação com o consumidor e vamos falar de inovação no retalho, nos processos que os retalhistas utilizam para melhorar as suas performances. Vamos também olhar para a inovação de uma forma mais filosófica e estratégica, com uma apresentação trazida pelo Anders Sorman-Nilsson que nos vai falar de Darwinismo Digital, que é uma espécie de teoria da evolução das espécies ligada ao comércio e ao digital. Vai ser muito interessante esta intervenção porque não vamos só falar de tendências, vamos falar também de futurismo.

Outros dos tópicos que sabemos que vai ser abordado é a sustentabilidade. Qual será o contributo do orador convidado, Andrew Winston, para o debate deste tema?

Era inevitável, quando falamos de inovação no retalho, não falar de sustentabilidade. É verdade que todas as questões relacionadas com a sustentabilidade, nos seus três pilares, têm estado menos nas luzes da ribalta porque enfrentamos um período global de contração e de retenção, mas é muito importante continuar a falar de sustentabilidade porque a sustentabilidade é uma marca do retalho e do setor. Por essa razão, pedimos ao Andrew Winston, que é uma pessoa que tem trabalhado a sustentabilidade dentro das empresas, que nos explicasse de que forma se pode, com políticas sustentáveis e ambientais, fazer negócios equilibrados e lucrativos e de forma é que se integra o greening nos negócios.

Quantos visitantes esperam na edição deste ano do Congresso da Distribuição Moderna?

O Congresso é no Museu do Oriente numa sala com 350 lugares e a nossa expectativa é lotar a sala.

Como é que esperam que os profissionais do retalho e da distribuição saiam depois deste dia e meio de congresso?

Queremos que as pessoas saiam do congresso com a cabeça a fervilhar de ideias novas e de pistas para pensarem como podem aplicar no seu dia-a-dia o conhecimento transmitido. O nosso grande objetivo é pôr as pessoas a pensar em alternativas e em novos olhares e a inovar.

Leia a entrevista na íntegra na edição de março da DISTRIBUIÇÃO HOJE

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