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Opinião

Qual o impacto da covid-19 no retalho, até ao final do ano?

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Com uma recessão económica que se prevê ser a mais profunda dos últimos tempos, são muitas as dúvidas de como a pandemia da covid-19 afetou efetivamente a vida e hábitos dos portugueses.

Segundo o estudo “Covid-19: What’s Next – Vaga 2”, realizado pela Boutique Research, apenas 8% dos portugueses consideram que a pandemia não vai mudar nada as nossas vidas. Já entre os nossos vizinhos espanhóis, 16% referem ter este sentimento, assim como 20% dos italianos, 40% dos franceses 13% dos americanos e 19% dos brasileiros.

 

Pessimistas ou não, certo é que 62% dos portugueses viram já o rendimento do agregado familiar afetado por esta pandemia. À preocupação com a saúde, junta-se agora a preocupação com a recessão económica (36%) e o receio do desemprego (25%).

Numa altura em que é fundamental um regresso ao (semi) normal, com a frequência dos espaços públicos e o regresso às escolas, há setores em que se prevê uma recuperação mais rápida e outros em que uma eventual retoma se vê ainda distante.

 

Retalho um dos setores mais impactados

Se a maioria dos portugueses já voltou a frequentar os espaços ao ar livre (79% dos que costumavam ir já foram), as lojas de rua e os restaurantes e cafés com esplanada, a esmagadora maioria ainda não voltou a andar de avião (apenas 5% dos que costumavam ir já foram), ir ao cinema ou teatro ou frequentar hotéis.

 

Os espaços ao ar livre como jardins e praias são também aqueles que geram maior conforto, sendo os centros comerciais e os restaurantes e cafés sem esplanada os sítios onde as pessoas se sentem menos confortáveis. Estes sectores são peças chave para a recuperação da economia e, com a chegada do inverno, é fundamental que encontrem formas de ganhar a confiança dos consumidores.

Customer experience em tempo de covid-19

 

Não restam dúvidas que o medo impacta muitas das nossas decisões e comportamentos: 78% evitam ir acompanhados a determinados locais, como centros comerciais ou hipers e supermercados. Se pensarmos que os centros comerciais eram muitas vezes locais de passeio, podemos imaginar o impacto da pandemia neste sector e na forma de comprar.

16% dos portugueses afirmam sentir-se confortáveis em fazer compras no supermercado, sendo que cerca de 1/3 dos portugueses refere que só quando existir uma vacina ou não houver Covid-19 é que voltará a sentir-se confortável. Consequentemente, os portugueses continuam a passar menos tempo nestas superfícies e a privilegiar supermercados mais perto de casa, comportamentos que se poderão manter até ao final de 2020.

O medo da recessão, o impacto no rendimento e a incerteza em relação do futuro contribuem também para uma maior planificação e controlo dos gastos. São adiadas grandes decisões, como por exemplo a compra de um automóvel.

Retalho omnicanal

A pandemia foi ainda grande impulsionadora do comércio online: prevê-se que, comparando como ano passado, até ao final de 2020 aumentem as compras online de artigos para a casa, bens alimentares e roupa / acessórios. Este ano teremos certamente um Natal diferente e as marcas precisam de estar preparadas para responder a uma maior afluência de compras digitais.

Atualmente vivemos tempos desafiantes, a nossa vida, assim como os desafios que nela surgem, são moldados por uma incerteza constante. Já não se vive como antes, e, consequentemente, já não se compra como antigamente. A consumer journey está a mudar e as marcas têm de definir novas estratégias e ajustar os seus planos a esta nova realidade. Recuperar a economia sem esquecer a pandemia!

Sofia Abecasis, Co-fundadora da Boutique Research

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