A Mercadona anunciou esta terça-feira, dia 14 de fevereiro, os resultados financeiros da empresa em 2022, apresentando, em termos dos dois mercados, Espanha e Portugal, um crescimento de 11%.
No total, a retalhista alimentar aumentou as suas vendas consolidadas em superfície constante em 11% em 2022, para os 31.041 milhões de euro, sendo que, deste total, 30.304 milhões correspondem à faturação da empresa em Espanha e os restantes 737 milhões de euros são relativos à faturação em Portugal, onde conta já com 39 lojas.
Durante a apresentação, Juan Roig, presidente da Mercadona, anunciou também que após ter investido 140 milhões de euros em Portugal em 2022, a empresa duplicará a aposta no país para 280 milhões de euros em 2023.
Em termos de contribuições tributárias, a Mercadona anunciou que entraram nos cofres públicos de Portugal e Espanha um valor histórico em 2022, alcançando esta rubrica cerca de 2.263 milhões de euros, mais 12% do que em 2021.
Em termos de contribuição para o mercado de trabalho, anunciou a empresa ter gerado 3.000 novos postos de trabalho com contrato efetivo, um terço deles, ou seja 1.000, em Portugal. No que toca aos salários dos trabalhadores, a retalhista de origem espanhol registou também aumentos salariais em linha com o IPC de cada país, concretamente 5,7% em Espanha e 9,6% em Portugal, país onde, além disso, o salário de entrada na empresa também aumentou 11%.
Ao detalhe (de acordo com comunicado oficial da retalhista):
Contribuições tributárias:
- As contribuições fiscais da Mercadona em Portugal e em Espanha foram históricas: 2.263 milhões de euros, mais 12% do que em 2021. Ao analisar detalhadamente esta contribuição, destaca-se o IVA, que cresceu para 418 milhões de euros, mais 26%; ou o IRS dos colaboradores, correspondente a 443 milhões de euros, mais 12%.
- Além disso, a empresa aumentou a sua contribuição direta em 13%, para os 390 milhões de euros; e pagou um total de 240 milhões de euros Imposto de Sociedades e IRC, mais 22%. Da mesma forma, pioneira na sua política de partilha dos lucros gerados com os colaboradores, distribuiu um total de 405 milhões de euros com toda a sua equipa, mais 8% do que no ano anterior.
- O lucro líquido do grupo situou-se em 718 milhões de euros. Este valor representa um aumento de 5%, praticamente metade do aumento registado pelas vendas (+11%), validando o esforço feito pela empresa para conter a inflação através da otimização e redução das margens e da rentabilidade.
Reinvestimento dos lucros
- Com o objetivo de avançar de forma sustentada na consolidação de um modelo de empresa mais digital, produtivo e sustentável, tendo como farol “O Chefe” (cliente), a Mercadona, graças aos lucros reinvestidos ano após ano, conseguiu realizar um novo esforço de investimento durante este ano de 923 milhões de euros, dos quais 140 milhões se destinaram a Portugal. Graças a isso, fechou 2022 com 1.676 supermercados, 39 em Portugal, depois de ter aberto 63 supermercados, 10 no país luso, e fechado 49 lojas que não se adequavam ao seu novo modelo de loja mais eficiente e sustentável (Loja 8).
- A Mercadona prevê investir 1.100 milhões em 2023 para continuar a impulsionar o seu plano estratégico de transformação, sendo que, desse total, 280 milhões se destinam a Portugal. Esses recursos serão utilizados principalmente para a abertura de novos supermercados e para a construção, reforma e ampliação dos seus blocos logísticos, de forma a continuar a reforçar a sua otimização, como é o caso de Almeirim (Santarém), onde se está a construir aquele que será o segundo bloco logístico da Mercadona em Portugal e o maior de toda a cadeia. Para tudo isto, a empresa vai criar mais de 1.000 empregos estáveis e de qualidade em 2023, entre Portugal e Espanha.
As declarações de Juan Roig: Entre os benefícios do lucro e a expansão em Portugal
Numa conferência de imprensa que durou cerca de uma hora em termos de apresentação de resultados, o presidente da insígnia de origem espanhola começou por abordar uma questão premente tanto em Espanha como em Portugal: Os lucros.
Lembrando o modelo de desenvolvimento da empresa, que partilha os seus resultados com trabalhadores, fornecedores, a sociedade e os seus acionistas, Roig começou por questionar-se sobre se é “mau ter lucros?”. Lembrando que quanto melhores os resultados “mais impostos se pagam”, o presidente da cadeia espanhola disse acreditar “que são os empresários, diretores, trabalhadores que cria riqueza”
“Um país quantos mais empresários tiver melhor qualidade de vida terá”, lembrou, dizendo que “ter lucros é uma coisa positiva apesar de em Espanha termos de o esconder”.
Sobre o aumento dos preços, sobretudo devido à inflação, depois de lembrar o esforço para não refletir todo o impacto ao consumidor, Roig referiu que “não nos agrada subir os preços, o que queremos é baixá-los”, afirmando ainda que “orgulhamo-nos muito de pagar impostos”.
Em particular sobre Portugal, mostrando-se muito contente com a expansão da empresa no país, Juan Roig disse que a empresa “está a ser cada vez mais portuguesa”, tendo maior compreensão sobre o mercado e o que procuram os consumidores, referindo que o plano para 2023 e 2024 é continuar a expansão no centro do país.