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Retalho

“O retalho é um mercado com um potencial enorme e que ainda está pouco explorado”

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Lançada há menos de dois anos, a penetração de veículos elétricos (VEs) no mercado nacional fez despontar a Power Dot. A intenção é ocupar um espaço de destaque na oferta de carregadores para os VEs nos mais diversos locais.

Portugal ocupa o 4.º lugar como país com maior percentual de carros elétricos vendidos na Europa, “pelo que o parque de carregadores deve acompanhar esta adesão”, salienta José Sacadura, CEO Power Dot, em entrevista à DISTRIBUIÇÃO HOJE. O objetivo desta startup de carregamentos para veículos elétricos, 100% portuguesa, é oferecer, instalar, operar e fazer a manutenção dos pontos de carregamentos em parques de estacionamento. A COVID-19 veio travar um pouco o desenvolvimento do negócio, face ao encerramento de muitos espaços e da pouca procura por parte dos clientes. Mas, depois de ultrapassados estes tempos incertos, o negócio regressará, até porque, segundo o responsável da empresa, “temos a vantagem que o nosso negócio não implica qualquer investimento para o nosso parceiro”.

O que vos fez lançar a Power Dot?

 

A Power Dot está a operar desde dezembro de 2018, e foi criada com o propósito de oferecer soluções de carregamento para veículos elétricos de modo a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis na mobilidade. Neste último ano, a procura pelos nossos serviços tem vindo sempre a crescer, e este dinamismo espelha a evolução do setor. Portugal é o 4.º país da Europa com maior percentual de carros elétricos vendidos pelo que o parque de carregadores deve acompanhar esta adesão, de modo a dar a resposta mais adequada e incentivar a que mais portugueses optem pelas versões elétricas dos veículos.

A Power Dot foi buscar ou baseou-se nalgum exemplo internacional?

 

A Power Dot baseou-se essencialmente na realidade do mercado português e na falta de carregadores que se faz sentir à medida que o número de veículos elétricos vai crescendo. Encontrámos este modelo de negócio que retira o risco de investimento e de operação ao proprietário do parque de estacionamento, e tem sido muito bem aceite.

A Power Dot é uma startup 100% portuguesa. Quais as principais dificuldades encontradas por uma start-up portuguesa no arranque deste negócio, cujo mercado ainda é limitado, mas com potencial?

 

O modelo de negócio da Power Dot é bastante inovador e a partir do momento que os potenciais parceiros têm conhecimento do mesmo, a adesão é quase imediata. No primeiro ano optámos por estabelecer contactos proativos com os potenciais clientes e só no início de 2020 é que nos apresentámos oficialmente ao mercado. A adesão está a ser bastante positiva e demonstra o potencial do projeto. No final do 1.º ano de atividade, já tínhamos 30 carregadores instalados e arrancámos o ano de 2020 com 60 em instalação.

Soluções à medida

A Power Dot possui soluções para particulares e para frotas. Quais as principais diferenças entre elas?

 

Neste momento, a Power Dot já tem os dois tipos de parceiros, frotas e particulares. Enquanto que para o utilizador particular instalamos postos de carregamento e locais que fazem parte da sua rotina (como é o caso de centros comerciais ou supermercados), as frotas têm necessidades muito específicas e cada caso pode ter uma solução diferente. No caso da Uber, foi necessário criar espaços exclusivos que permitissem aos motoristas usufruir de rede de carregamentos rápida e sempre disponível. Os Power Hubs, nome que damos a estes espaços, oferecem ainda uma tecnologia que permite aos parceiros gerir os seus consumos. Além disso, nestes espaços, procuramos oferecer um conjunto de outros serviços, desde alimentação, entretenimento, zona para aspiração, que permite que os motoristas descontraiam nestes períodos de paragem.

Qual a razão para a vossa oferta de carregadores ir de lentos (3.7kW) a rápidos (50kW)?

As diferentes potências dos carregadores estão diretamente relacionadas com o tipo de carregamento que precisamos de proporcionar em cada espaço onde estamos. Por exemplo, num espaço de escritório onde um carro está parado em média 8 horas por dia oferecemos um carregador mais lento que permite carregar o veículo em 6 horas. Em espaços de maior rotação de veículos como é o caso de um supermercado a potência de carregamento tem de ser obrigatoriamente maior, para permitir um carregamento mais rápido.

Onde é que é possível encontrar já carregadores da Power Dot?

A Power Dot já está em 13 distritos diferentes, com maior foco em Lisboa e Porto, num total de 40 parques de estacionamento. Estamos, por exemplo no centro comercial Amoreiras, nos escritórios da Vieira de Almeida, no IPO do Porto, Braga Parque, Arena Shopping, Intermarché, alguns restaurantes McDonalds, Câmara Municipal de Lamego, Lionesa, etc.

Qual o investimento a efetuar por particulares e/ou profissionais para ter carregadores Power Dot?

O investimento é feito na totalidade pela Power Dot. Aliás, é esse o modelo de negócio que nos diferencia. Os potenciais parceiros, proprietários de parques de estacionamento, apenas têm de entrar em contacto connosco através do site powerdot.pt e a Power Dot compromete-se a responder até 48h. Depois é agendada uma visita técnica ao local e são instalados os carregadores de acordo com as necessidades específicas. A Power Dot responsabiliza-se ainda pela operação, gestão e manutenção dos carregadores, partilhando ainda parte da receita com os proprietários dos parques de estacionamento.

O que diferencia os carregadores da Power Dot relativamente à oferta existente no mercado nacional?

Essencialmente o nosso modelo de negócio é o fator mais diferenciador. É através das parcerias que estabelecemos que os nossos parceiros proprietários de parques de estacionamento podem complementar a sua oferta, podem melhorar o seu serviço e funciona ainda como fonte extra de rendimento, sem qualquer custo ao longo de todo o processo.

A vossa solução passa por instalação, operação e manutenção dos pontos de carregamento. Quantos pontos de carregamento possuem, neste momento, no país?

A Power Dot já tem 74 carregadores instalados em 13 distritos diferentes, num total de 40 parques de estacionamento.

Trata-se somente de postos de carregamento instalados ou são postos com todos os serviços incluídos?

Com exceção das frotas, nas quais a Power Dot é responsável pela gestão e manutenção de todo o espaço, quando falamos dos restantes parques de estacionamento, a Power Dot apenas gere os postos de carregamento.

De olhos postos na internacionalização

Em termos de locais para instalação destes postos de carregamento, o retalho é um dos vossos alvos principais, dada a capilaridade das lojas e sabendo-se que muitos dos parques de estacionamento não possuem esta oferta?

Sem dúvida. O retalho é um mercado com um potencial enorme e que ainda está pouco explorado. Para a Power Dot, é uma oportunidade de negócio, uma vez que queremos estar onde estão os proprietários dos veículos elétricos, queremos entrar nas suas rotinas, de modo a que estes não necessitem de fazer desvios para carregarem o seu veículo. Neste sentido, os parques de estacionamento do retalho são muito interessantes, uma vez que os clientes destas superfícies demoram em média em cada deslocação, o tempo suficiente para se efetuar um carregamento.

Quais os argumentos colocados em cima da mesa para sair com um negócio assinado?

Uma parceria sem custos para o proprietário, uma vez que a Power Dot assume a instalação, a gestão e a manutenção de todos os carregadores, a partilha de parte das receitas geradas com os carregamentos, ou seja, uma fonte de rendimento extra com apenas lucro, a valorização da oferta do espaço para os atuais clientes e até potenciais clientes, uma vez que passam a disponibilizar um serviço de carregamento e que pode ser um fator decisivo para que um cliente opte por aquela loja em detrimento de outra. Além de tudo isto, existe ainda o fator da sustentabilidade. Existe uma enorme pressão para que as empresas e as marcas sejam cada vez mais sustentáveis, e aos instalarem carregadores elétricos, estas empresas estão a reduzir o seu impacto de CO2.

Quais os requisitos para a instalação dos carregadores da Power Dot?

O requisito principal é que exista um parque de estacionamento. De resto, a Power Dot realiza sempre uma visita técnica ao local e desenvolve o projeto consoante as especificidades e necessidades do mesmo.

Pode dizer-se que a vossa máxima será: “Desde que exista um parque de estacionamento a Power Dot quer lá estar”?

Sem dúvida. Queremos ser um player relevante na mobilidade elétrica em Portugal, queremos fazer a diferença na dinamização do mercado e queremos reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Por isso, queremos estar em todos os parques de estacionamento de Norte a Sul do país.

Com a presença de alguns retalhistas internacionais a atuar em Portugal têm feito alguma abordagem para que a solução/serviços da Power Dot seja levada para os diferentes países onde esses retalhistas atuam?

Para já estamos 100% focados no mercado nacional, mas disponíveis para boas oportunidades. Estamos conscientes que a internacionalização é um dos caminhos no futuro. Todos estes retalhistas internacionais são potenciais parceiros que nos interessam, alguns até já o são, mas para já para instalação de pontos de carregamento nos parques de estacionamento das lojas nacionais. 

Qual a faturação anual da Power Dot em 2019 e esperada para 2020?

A Power Dot tem vindo a crescer desde o primeiro dia e o volume de faturação acompanha essa evolução. Desde o primeiro dia que notamos uma grande procura pelos nossos postos de carregamento e posso adiantar que já foram realizados milhares de carregamentos nos seus equipamentos, sendo a eletricidade consumida nos carregadores da Power Dot o equivalente a mais de 1 milhão de km’s, ou seja, duas viagens e meia da Terra-Lua.

Não temos uma meta de faturação para 2020, mas sabemos que queremos estar em 100 parques de estacionamento diferentes.

Finalmente, de que forma é que a atual situação vivida com o COVID-19 tem estado a afetar o negócio da Power Dot?

Existe muita incerteza em relação ao futuro da economia nacional, mas temos a vantagem que o nosso negócio não implica qualquer investimento para o nosso parceiro. No entanto, com o confinamento e com o fecho de muitos estabelecimentos notou-se uma diminuição no número de carregamentos e uma diminuição na procura do serviço.

*A entrevista foi publicada na edição de julho/agosto da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE, aceda à edição completa da revista aqui.

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