Para já são duas as mercearias vinculadas ao projecto através de um acordo de cooperação comercial. Uma situada na baixa de Viana do Castelo e outra na baixa lisboeta. Os espaços irão abrir portas no próximo dia 3 de Fevereiro, passada uma fase em que foram remodelados.
Numa conferência de imprensa dada recentemente em Lisboa, David Lopes, director-geral do Recheio, foi categórico quando se referiu às vantagens dos aderentes: “uma das mais-valias são os apoios na logística” onde, por exemplo, os proprietários conseguem uma “poupança de electricidade de 20%” com a parceria conjunta.
“Os preços competitivos em marcas próprias” é outro dos argumentos utilizados. Os aderentes poderão assim seleccionar de um espectro de cerca de 120 produtos alimentares da marca “Amanhecer”, aqueles que melhor se adequam ao bairro que servem, sendo que a fruta e os vegetais são os segmentos que ocupam a maior fatia da oferta. Apesar da pretensão à exclusividade, estas não são as únicas marcas a poderem constar nas prateleiras. Pelo contrário, os lojistas são incentivados a disponibilizar alimentos regionais, numa estratégia de “garantir a identidade histórica dos espaços”, já que “Viana não é Lisboa”, exemplificou o director-geral.
Para aderir ao projecto é necessário garantir a “presença permanente do proprietário na sua mercearia”, e a “capacidade [financeira] para a remodelar”, explicou David Lopes. Esta remodelação tem o objectivo não só de revitalizar o espaço, mas de o caracterizar enquanto uma loja “Amanhecer”. Para o efeito, é discutido com o proprietário questões que concernem a própria arquitectura do espaço, mas o resultado final será sempre um conjunto formado por acessórios e elementos decorativos em madeira e aço escovado. Também contarão com uma parede negra de lousa e a designação de “Amanhecer” junto do nome da loja, na entrada.
Para todos os aderentes existirá uma formação certificada onde são abordados temas como a Gestão de Perecíveis, Atendimento, Marketing, Merchandising, ou HACCP.
David Lopes fez questão de afirmar que “este não é um modelo de franchising”, já que não existirá replicação de lojas, aplicação de royalties ou taxas sobre vendas. Apesar disso adiantou não poder “ignorar a rentabilidade da loja”, mas por outro lado garante que “a atitude do comerciante é o mais importante”.
Até ao final do ano, David Lopes afirma que “gostava de ter 20 ou 25 lojas” espalhadas pelo país. “O nosso objectivo é recuperar a competitividade” do pequeno comércio, afirma. E talvez seja por isso que afirma ter já em carteira “centenas de pedidos” para integrar o projecto.
“O comércio tradicional e os valores que lhe estão associados têm espaço para renascer. Este projecto, ao qual a minha equipa dedicou longas horas de pensamento e de trabalho, é o nosso contributo para manter viva a tradição do comércio alimentar de proximidade e, por essa via, fidelizar e aumentar a nossa base de clientes, por um lado, e, por outro, aprofundar as relações comerciais já existentes, por outro”. 40% da facturação total do Recheio diz respeito ao comércio alimentar de proximidade.