O MIT lançou durante os últimos meses do ano passado um documento onde tenta antecipar o que poderão ser algumas tendências do mercado para serem exploradas pelos retalhistas. No documento, partilhado no seu site, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts dá quatro pontos que poderão ser explorados pelos responsáveis da indústria. Destes destacamos dois.
Assim, a economia de experiência é vista pelos especialista da reputação universidade como uma das tendências que podem melhorar os resultados na área do retalho. Em Portugal, este aspeto já é explorado por alguns retalhistas, quer seja, por exemplo, oferecendo workshops dentro das suas instalações ou provas de produtos acompanhados por colaboradores.
O MIT dá como exemplo a Lululemon, que oferece aulas gratuitas de ioga nas suas lojas, mas também o dos supermercados HEB, que oferecem aulas de culinária, lembrando que estes pontos podem ser explorados mesmo não evolvendo qualquer foco em venda de produtos.
 “Retalhistas que existirão daqui a 10 anos serão empresas experimentais que vendem mercadorias paralelamente”
Jonathan Yaffe , fundador e CEO da Any Road, que participou no MIT Platform Strategy, defendeu “Praticamente todas as empresas que estão a prosperar estão a tornar os seus negócios em algo experimental. Estamos a transformar-nos de uma ‘economia de coisas’ para uma ‘economia de experiências’”, reforçando este especialista acreditar que para “o futuro das nossas vidas, e no retalho também, todo será experimental. Acho que o retalho tradicional está a morrer completamente e que os retalhistas que existirão daqui a 10 anos serão empresas experimentais que vendem mercadorias paralelamente.”
Mas não será apenas o retalho a beneficiar e a explorar este tipo de posicionamento, também as marcas o podem fazer. Explica o MIT no seu artigo que, por exemplo, a AB InBev, dona da Budweiser e outras marcas, criou cervejarias em diversas cidades dos Estados Unidos e lançou experiências em festivais de música, como uma tenda da Bud Light no Coachella. “Eles gastam cerca de 700 milhões de dólares por ano apenas nos Estados Unidos em experiências, com o objetivo principal de obter dados primários e construir esses relacionamentos [com o consumidor]”, explicou Yaffe.
Outra das tendências antecipadas pelo MIT prende-se com as plataformas ecossistémicas. Lembrando a dificuldade que é hoje vender diretamente a um consumidor, estar presente em espaços que furem o pipeline de vendas tradicional por ser essencial. Assim, para uma marca, pode ser essencial estabelecer-se num mercado amplo potenciado por plataformas tais com Alibaba, Amazon ou Mercado Libre.
Com espectros mais alargados de consumidores, com cadeias de abastecimento mais resilientes, é possível crescer mais rapidamente em termos de resultados. “Por exemplo, o Walmart construiu o Walmart Marketplace para trabalhar com vendedores terceirizados e está a expandir-se para clínicas de saúde e serviços financeiros”, explica-se no artigo.
“Temos que nos posicionar para poder alcançar os nossos consumidores, podermos envolver-nos com eles”
Outro dos exemplos dados chega da área da cosmética. A L’Oréal, uma empresa bem estabelecida e com mais de 100 anos no mercado, apostou durante os últimos anos na sua própria plataforma de mercado B2B, Salon Centric, para vender produtos para cabelo e beleza, acessórios e móveis para salões, spas e academias de beleza, de acordo com Mert Damlapinar, diretor de insights estratégicos de e-commerce e produtos de tecnologia da L’Oréal, ouvido pelo MIT.
“Temos que nos posicionar para poder alcançar os nossos consumidores, podermos envolver-nos com eles, criar essas experiências”, afirmou Damlapinar. “Porque a propriedade de dados, experiências e influência na jornada do consumidor e na criação desses pontos de contato digitais … é o nosso objetivo final agora.”
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