Como em quase todos os setores económicos, tudo o que acontece em Espanha tem repercussões em Portugal. Até podemos achar que não, que somos diferentes, mais “hi tech” melhores em línguas, tudo isso é verdade, mas economicamente falando, vale pouco. Os budgets falam mais altos e na sua maioria são sempre “ibéricos”.
Se retirarmos os produtos e empresas verdadeiramente portuguesas (e com sede em Portugal), a grande maioria das decisões empresariais veem de Madrid ou Barcelona -uma ressalva aqui para a recente reestruturação da Makro em Portugal, que passou a responder à casa-mãe.
Mas, sinceramente, é algo que me faz confusão, uma vez que apesar de “vizinhos”, os portugueses são tão parecidos como diferentes dos espanhós. Mas a minha opinião aqui é o que menos importa.
E tudo isto serve para falar daquilo que a Amazon está a fazer em Espanha no Retalho Alimentar. E aqueles que acham que é uma coisa que só acontece para lá de Badajoz, estão bem enganados. Acontece que o “modelo” da Amazon para o retalho alimentar em Espanha pode mudar este negócio para sempre também em Portugal. Estou a falar, claro, da forte aposta do e-commerce. Já todos sabemos que as lojas não vão desaparecer, que os portugueses gostam é de contato humano, etc. Mas também se vaticinava que os cafés de cápsula nunca iriam vingar em Portugal, e os números do mercado falam por si. Por isso, não se pode descurar a Amazon nem meter a cabeça na areia para ver se o “moda” passa.
Aqui ao lado, em Espanha, e com futuras implicações para Portugal, e segundo dados da Nielsen, os lares espanhóis, nos últimos 12 meses aumentaram as compras de alimentos em cerca de 25%. Outro exemplo: o retalhista exclusivamente online Ulabox, está a ter um relativo sucesso em Barcelona e agora em Madrid.
As compras desses lares são, sobretudo nas categorias de pratos pré cozinhados, produtos congelados, charcutaria, bebidas, queijo e leite.
As cartas estão lançadas. O modelo de negócio da Amazon tem de ser bem analisado, sobretudo no que respeita ao custo dos envios a aportar ao consumidor. Os retalhistas alimentares portugueses – mesmo os que ainda não apostam no online – têm de perceber que basta o Sr. Bezos olhar um pouco para aquele pequeno país ao lado de Espanha para que a Amazon entre em força em Portugal. E a penetração vai ser fácil e rápida e vai mudar os hábitos de consumo. E nada será como antes.
A tecnologia já está na mão de todos nós, afinal nós somos dos mais avançados tecnologicamente da Europa?
