O imposto sobre o açúcar entrou em vigor em fevereiro deste ano e, de acordo com a Nielsen, já está a ter impacto no consumo de refrigerantes por parte dos portugueses, com uma quebra nas vendas no primeiro semestre. Segundo a consultora, na quadrissemana que se seguiu à implementação deste imposto, registou-se um aumento de 0,10 cêntimos no preço médio da categoria e uma quebra em volume de -13,1%.
Segundo a Nielsen, nos primeiros seis meses deste ano, registou-se um decréscimo de 6% nas vendas em volume deste tipo de bebidas, considerando um aumento de preços de 14% e, consecutivamente, um aumento de vendas em valor de 13%.
Os dados revelados pela Nielsen mostram também que os segmentos mais afetados com esta diminuição das vendas em volume foram os Sumos sem Gás Diluídos (-15,7%) e as Colas (-13,6%), com aumentos significativos de preço de 31,2% e 21,3%, respetivamente.
“Desde a implementação do aumento do imposto sobre o açúcar, notam-se aumentos significativos de preço em todos os segmentos de Soft Drinks e uma clara quebra de volumes, especialmente na primeira semana, comprovando que o preço é um fator importante para o consumidor português. Os segmentos não afetados por este imposto (como os Néctares 100%) apresentam aumentos de preço menos significativos e, consequentemente, crescimentos de volume que contrariam a tendência negativa dos Soft Drinks. De salientar ainda que também a crescente preocupação dos consumidores pela saúde e a procura por produtos saudáveis vêm potenciar os decréscimos registados nos Refrigerantes e os crescimentos dos Néctares e 100%”, sublinha Margarida Baptista, Client Consultant Senior na Nielsen.
Preocupação com a saúde impulsiona tendência
Um estudo recentemente realizado pela Nielsen mostra que os consumidores portugueses estão cada vez mais preocupados com a sua saúde, uma tendência que se tem refletido também no consumo de bebidas com elevados níveis de açúcar. “Esta preocupação começa logo antes da compra, com 60% dos consumidores a admitirem que estão atentos aos valores de açúcar presentes na tabela nutricional deste tipo de produtos e 50% que sabem mesmo a quantidade de açúcar ingerido em cada bebida”, refere a Nielsen.
Para além disso, metade dos consumidores portugueses admitem que o tipo de açúcar/adoçante utilizado pode, de facto, influenciar a sua decisão de compra, considerando que os adoçantes naturais como a stevia poderão ser bons substitutos do açúcar. Os dados do mercado mostram que é mesmo assim. No primeiro semestre, e a contrariar a dinâmica registada nos refrigerantes, houve um aumento em volume nos Néctares (+4%) e nos Sumos 100% (+27%), apesar de terem preços muito superiores aos dos refrigerantes.
De acordo com Margarida Baptista, “este crescimento comprova que existe uma procura real e significativa por bebidas mais saudáveis e menos calóricas, que vêm reforçar o efeito provocado pelo aumento do imposto sobre o açúcar. Como resposta a esta realidade, as estratégias de ‘baixo açúcar’ parecem estar a resultar, com aumentos significativos nas versões isentas de açúcar e decréscimos nas versões originais”.