O Grupo Jerónimo Martins registou um lucro de 484 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 10% face ao mesmo período do ano anterior, segundo o comunicado da empresa enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Segundo a mesma comunicação, as vendas consolidadas cresceram 7,1%, atingindo os 26,53 mil milhões de euros, ou 6,6% em termos comparáveis, considerando taxas de câmbio constantes, com todas as insígnias a contribuírem positivamente.
Já o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), aumentou 10,9%, para 1,81 mil milhões de euros, enquanto a margem EBITDA passou de 6,6% para 6,8%, informou o Grupo.
De acordo com a comunicação, “o foco reforçado na disciplina de custos, na eficiência e na produtividade, combinado com o crescimento das vendas, contribuiu para proteger as margens face à inflação nos custos – nomeadamente nos salários – e à intensa pressão competitiva”.
A nota de imprensa também avança que a dona do Pingo Doce gerou um fluxo de caixa de 128 milhões de euros, revertendo o resultado negativo de 387 milhões registado no mesmo período do ano anterior.
Além disso, o grupo investiu 816 milhões de euros até setembro, mais 26% do que no mesmo período de 2024, quando o investimento totalizou 648 milhões.
Portugal
Em território nacional, as vendas do Pingo Doce aumentaram 5,4%, para 3,9 mil milhões de euros, com um crescimento em termos comparáveis (LFL) de 4,1%, excluindo combustíveis.
No 3.º trimestre, as vendas cresceram 5%, impulsionadas por um aumento de 4,4% em termos comparáveis (excluindo combustíveis), totalizando 1,4 mil milhões de euros. Nos primeiros nove meses do ano, o Pingo Doce abriu cinco novas lojas e remodelou 38.
Já o Recheio, registou um crescimento de 2,6% nas vendas, atingindo 1,05 mil milhões de euros, enquanto o EBITDA consolidado da distribuição em Portugal aumentou 6,8%, para 287 milhões de euros.
“O bom desempenho das vendas foi particularmente impulsionado pela competitividade da oferta desenhada para o canal HoReCa, que combina preço, qualidade do sortido – com especial destaque para os perecíveis – e nível do serviço disponibilizado”, lê-se na comunicação.
No 3.º trimestre, as vendas totalizaram 391 milhões de euros, um aumento de 3,9% face ao mesmo período de 2024, com o LFL a atingir igualmente 3,9%, com o comunicado a sublinhar que o crescimento foi impulsionado pelo bom desempenho do segmento HoReCa, pelo aumento do número de clientes e pela expansão dos parceiros Amanhecer.
Polónia
As vendas da Biedronka aumentaram 7,4% em euros (5,8% em moeda local), totalizando 18,8 mil milhões de euros, enquanto o EBITDA cresceu 10%, para 1,48 mil milhões.
“O notável desempenho registado resultou do foco combinado no crescimento de vendas e na gestão disciplinada de custos e da produtividade, que permitiu mitigar a pressão gerada pela competitividade de preço e pela inflação nos custos, principalmente relativos aos salários”, explicou o Grupo.
Já a Hebe, cadeia de lojas de saúde e beleza, registou um aumento de 6,9% no volume de negócios nos primeiros nove meses do ano, atingindo os 451 milhões de euros.
Colômbia
Na Colômbia, a Ara registou um crescimento de 16,9% nas vendas em moeda local, equivalente a 6% em euros, totalizando 2,33 mil milhões, enquanto o EBITDA aumentou 42%, para 93 milhões de euros.
Eslováquia
Segundo a dona do Pingo Doce, nestes primeiros nove meses, o arranque da operação na Eslováquia traduziu-se na abertura de oito lojas Biedronka no país e de um primeiro centro de distribuição. Até ao final de 2026 contam que a operação alcance, pelo menos, 50 lojas no país.
Para Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, “a continuada incerteza geopolítica global tem afetado a confiança e o comportamento dos consumidores, aumentando a sua orientação para oportunidades de poupança”.
Segundo o responsável, “conscientes de que manter fortes as nossas posições de mercado têm uma dimensão de curto e também de longo prazo, continuamos a investir em inovação e na qualidade do sortido, e na melhoria dos parques de loja e da experiência de compra, através da expansão e dos programas de remodelação executados por cada insígnia”.
O presidente sublinhou ainda que, nos primeiros nove meses do ano, o grupo realizou 274 aberturas de lojas e 170 remodelações. Além disso, frisou também que os “notáveis três trimestres” permitem “entrar no último bem preparados para a decisiva época do Natal e fim de ano”.
Perspetivas para o resto do ano
Relativamente a Portugal, apesar do aumento de 6,1% do salário mínimo, as promoções continuam a ser o principal motor do comportamento de consumo alimentar.
De acordo com o comunicado, o Pingo Doce, que tem beneficiado do sucesso do conceito de loja All About Food, continuará o seu programa de remodelações, abrangendo cerca de 50 lojas em 2025. A empresa prevê ainda inaugurar cerca de 10 novas localizações ao longo do ano.
A comunicação também esclarece que o Recheio continuará focado em prosseguir o programa de remodelação de lojas, que tem reforçado a sua proposta de valor para o canal HoReCa. Já a rede de parceiros Amanhecer, com mais de 700 localizações, manterá a trajetória de expansão.
Na Polónia, o aumento de 9,2% do salário mínimo tem impulsionado o crescimento real do rendimento disponível das famílias. Contudo, a concorrência no mercado de retalho alimentar mantém-se intensa, num contexto ainda de procura moderada, explica o comunicado.
No que toca à Biedronka, a prioridade continuará a ser o reforço das vendas, um objetivo exigente tendo em conta o desempenho consistentemente superior ao do mercado registado nos últimos anos.
“Para proteger a rentabilidade e responder à pressão que resulta da combinação de baixa inflação no seu cabaz com subida dos custos com salários no contexto de baixo dinamismo do consumo alimentar que se tem vindo a observar no país, a Biedronka continuará também focada na eficiência de custos e na implementação de medidas adicionais de produtividade”, lê-se na comunicação.
Ao longo dos três primeiros trimestres, a Hebe respondeu à intensificação da concorrência no setor com uma política de preços mais assertiva, num contexto de significativa deflação no seu cabaz. A insígnia tem vindo a reforçar a disciplina de custos para gerir e mitigar o impacto da pressão sobre as margens.
Neste sentido, a Hebe está a prosseguir a expansão seletiva da sua rede de lojas na Polónia e prevê abrir cerca de 30 novas localizações em 2025, mantendo o canal de e-commerce como pilar central da sua estratégia de crescimento e internacionalização.
Na Colômbia, apesar de uma ligeira recuperação, prevê-se que o crescimento do consumo continue moderado, devido ao impacto persistente da inflação no rendimento real das famílias.
Neste contexto, a Ara continuará a focar-se em reforçar a preferência dos consumidores, executar o seu plano de expansão e melhorar a rentabilidade.

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