Como está a correr o exercício, desde que abriram o Starbucks em Portugal, há seis anos?
Entrámos em Portugal há seis anos com um projeto de expansão ambicioso e que correu muito bem nos dois primeiros anos, em que abrimos sete lojas. O que aconteceu, com a crise em Portugal e em Espanha, é que o grupo VIPS (que detém o Starbucks em Portugal e Espanha) passou por uma reestruturação.
Felizmente, a marca foi muito bem aceite em Portugal, mas fruto das circunstâncias tivemos que fazer um compasso de espera. Com sete lojas provámos que valia a pena estar no mercado nacional e fizemo-lo muito bem, porque mantendo as mesmas lojas, e sem crescimento, por eficiência e potenciando vendas melhorámos os resultados. E cada vez mais temos portugueses, e não só turistas, que gostam da marca e se relacionam com a marca. Um dos grandes desafios é fazer com que os portugueses que gostam de café também gostem de nós. No Starbucks temos café 100% Arábica e o café expresso bebido pelos portugueses é Arábica e Robusta. E o Starbucks tem outro sabor. Essa são barreiras que temos de contornar, e temos conseguido fazê-lo dando-nos a conhecer ao consumidor português. Mas também adaptamo-nos a esse consumidor. Agora temos dois tipos de café expresso, um para misturar com leite e temos um, de origem única, muito mais parecido com o expresso bebido pelos portugueses.
Atualmente, já percebem se são visitados mais por turistas ou portugueses?
É evidente que há lojas que são mais visitadas por turistas, que são importantes para nós, mas cada vez mais temos portugueses a visitarem-nos habitualmente, há um equilíbrio maior.
Entre as vossas lojas de rua e as lojas de centros comerciais quais estão a correr melhor?
Hoje em dia as lojas de rua estão a correr melhor. Há sete anos atrás o comércio de rua estava mais fraco do que agora, e é natural que uma marca que entre em Portugal olhe para os centros comerciais, que são muito fortes. Mas nós somos um conceito mais de loja de rua.
E as vossas próximas aberturas serão mais em centros comerciais ou de rua?
Vamos muito mais, com certeza, pensar em rua, mas mantemos o interesse em centros comerciais. Mas claramente temos falta de lojas de rua. Agora com o acordo ibérico com o El Corte Inglés fizemos um misto, já que estamos num espaço comercial mas com porta para a rua.
Têm tipologias diferentes de lojas, mas em Portugal, o modelo é mais ou menos igual em todos os vossos espaços. Ponderam abrir outro tipo de lojas no mercado português?
A Starbucks evoluiu muito em termos de formatos e é cada vez mais flexível. Hoje em dia as lojas e o modo de construção são mais ajustáveis. Hoje em dia tem conceitos para todos os espaços possíveis. Nós em Portugal não abrimos lojas há quatro anos, por isso são no mesmo formato. Mas ainda somos muito pequenos em Portugal para a Starbucks. Temos a filosofia de que não deve ser necessário percorrer uma cidade para estarmos na vida das pessoas. Agora, ter quiosques, lojas mais pequenas, sem dúvida que sim, mas estamos mais preocupados em abrir lojas de rua. Mas, claro, se houver um bom contacto para abrir um quiosque de rua, muito bem localizado, vamos ponderar.
As próximas lojas a abrir onde serão? No El Corte Inglés de Vila Nova de Guia?
Ainda não há nada de concreto, como a parceria com o ECI é ibérica estamos em conversações. Mas não sabemos se será a próxima. Aquilo que lhe garanto é que em 2015 vamos abrir mais do que uma loja em Portugal, certamente.
A Starbucks, internacionalmente, tem uma presença multicanal. Para quando a mesma estratégia em Portugal?
No próximo ano vamos ter uma APP a funcionar, a meio do ano. Em português, para o consumidor português.
E quanto aos vossos produtos que estão no retalho, vão ter mais?
É uma estratégia independente da nossa da área consumer products goods. O representante para a Europa toda é sueco e lida diretamente com a casa mãe da Starbucks em Seattle. Esses produtos já estão na Jerónimo Martins, no Continente e no El Corte Inglés, e têm bebidas refrigeradas do Starbucks. Mas a estratégia é completamente independente da nossa. No entanto, estamos a tentar ter uma aproximação com eles para uma estratégia mais concertada.
E mexeram ou ponderam mexer nos preços?
Desde que aumentou o IVA não mexemos nem vamos mexer nos preços. É óbvio que os nossos clientes querem preço e para isso temos ações promocionais constantes para dar resposta a essa necessidade dos nossos consumidores.
E como veem a concorrência, como alguns grupos portugueses que estão a apostar neste tipo de conceito e como a presença no mercado português, ainda que tímida, do Costa Coffee?
Bem… É engraçado o que está a acontecer, porque dos pequenos cafés espalhados pelo país fecharam 25 mil, só que cadeias organizadas aumentaram. Hoje em dia é mais do dobro do que existiam há seis anos atrás, mas acho que quanto mais cadeias que promovam o café, melhor.