O Alibaba Group deixou, hoje, o desafio às empresas portuguesas para se “aventurarem” no mercado chinês, através das diversas plataformas que disponibiliza às Pequenas e Médias Empresas (PME).
Durante a primeira conferência oficial em Portugal, “A Porta de Entrada para as Empresas Portuguesas na China: E-Commerce, Tecnologia e Inovação”, foram várias as sugestões e recados dados a quem procura a internacionalização para o mercado asiático.
Um mercado +600 milhões consumidores
Num mercado de 1,4 mil milhões e habitantes, mais de 800 milhões são utilizadores da Internet e cerca de 600 milhões são consumidores ativos, salientando Terry von Bibra, diretor-geral Europa do Alibaba Group, que “este é o potencial de mercado à disposição das empresas e marcas”.
Estes números são reforçados com a estimativa de que nos próximos cinco anos, a classe média chinesa passe de 300 milhões para 600 milhões pessoas “ávidas” por produtos inovadores, diferenciadores e importados e onde mais de 60% desses consumidores terão menos de 30 anos de idade.
Outro número importante a ter em conta avançado pelo responsável do Alibaba Group é que 90% do comércio é feito no mobile, “pelo que é importante que as empresas adaptem o seu modelo de negócios a esta plataforma”, admitindo que “a nossa missão é ligar quem vende a quem compra”.
Rodrigo Cipriani Foresio, diretor-geral Itália, Portugal, Espanha e Grécia, manteve o mesmo tom, admitindo que “a missão da Alibaba é sempre a mesma: ajudar pequenas e médias empresas a vender os seus produtos”.
Para tal, o grupo fundado por Jack Ma, em 1999, disponibiliza um ecossistema com uma variedade de serviços que ajudam as empresas a colocar os seus produtos à disposição dos consumidores chineses. Taobao, Tmall, Tmall Global, AliExpress, Youku, AliPay, são só alguns dos serviços que o grupo disponibiliza, mas fundamental é encontrar o parceiro certo para conseguir ter sucesso nestas plataformas e conseguir vender os produtos.
Paciência chinesa
Fundamental nesta abordagem ao mercado asiático é, contudo, a paciência e perceber que uma entrada no mercado chinês não é sinónimo de resultados a curto prazo.
Isto mesmo foi explicado por Rui Miguel Nabeiro, CEO do grupo Delta, que avisou que “é obrigatório saber como trabalhar a plataforma”, adiantando que “o mundo digital é diferente. E o mundo digital chinês ainda é mais diferente”, chamando à atenção para a complexidade do ecossistema. “Daí ser fundamental encontrar o parceiro certo”, ressalvou o CEO do grupo Delta.
Esta ideia foi corroborada por Frederico Pulido, diretor e-commerce da Parfois, explicando que “o consumidor chinês não se limita a ver o produto. Quer saber as medidas, cores, como fica no modelo, entre outras coisas. Por isso, é muito importante estudar bem o mercado e não ter a pretensão de estar no mercado com todos os produtos que dispomos”.
A sugestão deixada por Alba Ruiz Laigle, gestora de Desenvolvimento Comercial Portugal e Espanha, é que “encontrem o vosso ‘Star Product’”, deixando, igualmente, a sugestão para não esquecer os investimentos em branding e marketing.
Numa conferência marcada por diversas sugestões e recados, von Bibra referiu que “perceber e admitir que não se está preparado para o mercado chinês não é um problema. É uma vantagem, uma vez que é um ponto de partida real e que revela conhecimento sobre o que se tem”. E concluiu: “a oportunidade é enorme, mas é uma viagem a médio/longo prazo”.
No final, Luís Castro Henriques, Chairman & CEO da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), afirmou que o crescimento do e-commerce será “uma das principais tendências que marcarão os próximos anos e deverá ser encarada como a prioridade para as empresas que pretendem destacar os seus produtos, especialmente as PME. E justificou a parceria com o Alibaba Group com o facto de se tratar “de um parceiro experiente que irá trazer, sem dúvida, diversas oportunidades de negócio. Com esta cooperação, esperamos promover mais a internacionalização das empresas portuguesas e, consequentemente, contribuir para o aumento das exportações em Portugal”.
Alguns números deixados na conferência “A Porta de Entrada para as Empresas Portuguesas na China: E-Commerce, Tecnologia e Inovação”:
- População: 1,4 mil milhões
- Utilizadores de Internet: +800 milhões
- Consumidores atuais: +600 milhões
- Classe média atual: 300 milhões
- Classe média em 2022: 600 milhões
- Dimensão do mercado de retalho: 5,69 biliões USD
- Penetração do mercado online em 2020: 25%
- Interesse em produtos importados: 40% dos consumidores online
- Consumidores: >50% são Millennials (com <30 anos de idade)