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Transportes

“A Shopopop vem responder ao problema da ‘last mile’”

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Acaba de chegar ao mercado português, a Shopopop, uma plataforma de logística colaborativa entre particulares nascida em Nantes (França), em 2016. Com o crowdsourced delivery a dar os primeiros passos, o Country Manager da Shopopop em Portugal, João Sanches, explica, numa entrevista conjunta à LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE  e DISTRIBUIÇÃO HOJE, a estratégia da empresa para o nosso país e como atingir os objetivos traçados.

A Shopopop acaba de chegar a Portugal. O que é, concretamente, este serviço e com que objetivos é lançado agora em Portugal?
A Shopopop é uma plataforma de logística colaborativa entre particulares que tem como missão tornar as entregas ao domicílio mais ágeis e sustentáveis, aumentando a flexibilidade das grandes empresas e a sua proposta de valor para o consumidor final. Através de uma rede de Shoppers – o nome dado aos utilizadores da App que fazem entregas em troca de uma quantia monetária – aumentamos a capacidade de distribuição dos parceiros e permitimos ainda a realização de same-day delivery, inclusivé em áreas não urbanas e sem limites nas horas de pico.

 

Trata-se de um modelo de crowdshipping delivery. Como se processa a angariação desses Shoppers para a comunidade?
Este modelo de entregas é completamente inovador no mercado e, por isso, teremos um grande foco na educação e explicação do mesmo ao consumidor. Os futuros Shoppers são pessoas que compreendem os valores do serviço, a entre-ajuda entre vizinhos e o aproveitamento das rotas diárias nas entregas, e que procurem um rendimento extra para além do seu trabalho full-time.

Flexibilidade e menor custo
“Ajudar a alavancar as vendas online da grande distribuição, através de entregas flexíveis, económicas e mais sustentáveis”. Esta é a vossa mensagem. Como pretende alcançar esta flexibilidade, economia e sustentabilidade?
A Shopopop vem responder ao problema da “last mile”, oferecendo uma maior flexibilidade e um menor custo nas entregas. A nossa plataforma permite a implementação de modelos ship-from-store e também um crescimento ilimitado, tanto em meios urbanos como rurais.

 

Uma vez que os Shoppers utilizam os seus meios de transporte e, idealmente, aproveitam a sua rotina diária para fazer as entregas, os recursos são aproveitados da melhor forma, tornando as entregas mais económicas e sustentáveis. Significa, também, uma redução dos custos estruturais associados à compra de veículos e contratação de recursos.

“A nossa plataforma permite a implementação de modelos ship-from-store e também um crescimento ilimitado, tanto em meios urbanos como rurais”

No fundo, são um concorrente às empresas de entregas?
A Shopopop pretende ser uma alternativa ou uma forma de suporte às entregas próprias dos supermercados. O crowdsourced delivery na last-mile está a dar os seus primeiros passos em todo o mundo e, por isso, acredito que nos próximos anos surgirão bastantes empresas de base tecnológica, especializadas nas diferentes necessidades, e que acabarão por concorrer de alguma forma entre si.

 

A experiência até aqui
Que resultados têm já de outros mercados, nomeadamente, de França?
Em apenas quatro anos, a Shopopop conquistou a confiança da distribuição organizada francesa e ganhou um maior destaque durante o confinamento, tendo recebido o reconhecimento do Governo francês como “Serviço Nacional de Utilidade Pública” no combate à crise sanitária.

Joao_Sanches_ShopopopAtualmente, em França, contamos com mais de mil parceiros (pontos de venda assinantes) – entre os quais a Auchan, Intermarché, E.Leclerc e Carrefour – e mais de  600.000 encomendas entregues. Somos a plataforma N.º 1 de crowdshipping delivery de supermercados em França.

 

O que vos leva a incluir Portugal nos países de expansão, juntamente com Bélgica e Itália?
Apesar de muito atrás da média europeia, o e-commerce em Portugal tem tido um crescimento exponencial, especialmente desde o início da pandemia. Cada vez mais os portugueses valorizam a comodidade no ato da compra e a entrega das suas compras em casa. A forte presença de alguns dos players de retalho franceses com quem trabalhamos em França foi também um fator de peso.

Como é efetuado o rastreio das entregas?
As entregas podem ser acompanhadas através da nossa plataforma e temos uma equipa de suporte local que monitoriza o progresso de todas as entregas e responde às questões dos clientes, parceiros e shoppers.

Que horários praticam e com que disponibilidade é efetuado o serviço no que toca aos locais de entrega?
Os horários praticados dependerão muito dos nossos parceiros, e dos horários disponíveis para recolha dos pedidos. Assim sendo, estamos a falar de uma janela horária entre as 08h00 e as 21h00, mas que poderá sofrer alterações em função das necessidades dos parceiros.

Acreditam mesmo na disponibilidade dos particulares para fazer entregas?
O modelo dos particulares já foi provado em diferentes mercados. Acreditamos que em Portugal os particulares verão na Shopopop uma ótima oportunidade de ter uma presença mais ativa na sua comunidade e obter um rendimento extra pontual, ao final do mês, uma vez que apenas terão de recolher e entregar sacos de compras nas suas rotinas diárias de deslocação.

Como é que a tecnologia é incorporada neste processo e como é que se torna uma facilitadora?
A tecnologia permite à Shopopop uma ligação automática entre o parceiro e o shopper, pois todas as entregas introduzidas em sistema pelas grandes superfícies ficarão imediatamente disponíveis para toda a comunidade. Após a marcação de uma entrega por um shopper, é através da app que este realiza todo o processo: ida ao ponto de recolha, recolha do pedido, ida para a morada do cliente e entrega do pedido. Simultaneamente, temos também uma tecnologia que nos permite distribuir as entregas por todos os shoppers de forma a respeitar o modelo do serviço.

Partilha e colaboração
A logística colaborativa tem sido apontada com uma das vias para facilitar o processo de entregas e remover alguma da dificuldade relacionada com a mobilidade. É este o caso?
A Shopopop torna o processo de entregas mais flexível e sustentável, uma vez que permite que as entregas sejam feitas nas típicas horas de pico, aproveitando a deslocação dos Shoppers para o seu domicílio, como também em meios menos acessíveis pela grande distribuição, como é o caso dos meios rurais.

Muitas vezes é possível ouvir determinado cliente dizer que não quer o seu produto ou artigo (seja roupa, tecnologia ou alimentar) misturado com outros produtos ou artigos. Como é que ultrapassam esta questão?
O acondicionamento dos produtos é da responsabilidade do ponto de venda, como acontece com as entregas que são feitas hoje em dia.

“A Shopopop torna o processo de entregas mais flexível e sustentável”

Quem é o vosso clientes-alvo? E colaborador particular?
Numa primeira fase, o nosso cliente-alvo são as marcas de retalho alimentar, mas logo depois poderemos prestar serviços a qualquer retalhista, cujas necessidades se enquadrem com o nosso modelo de entregas.

Os Shoppers são idealmente população ativa que vê a Shopopop como uma fonte extra de rendimento que integra no seu percurso habitual a caminho de casa e que possui o seu próprio meio de transporte. Simultaneamente, são pessoas com interesse em ter uma participação mais ativa na sua comunidade, pois um dos valores do Shopper assenta na entre-ajuda entre vizinhos.

Existem alguma limitação no que toca aos produtos a transportar?
Apenas a quantidade/tamanho, pois as entregas não deverão exceder um número de sacos que caiba num carro médio. No que toca ao tipo de produtos, não existe qualquer restrição: a recolha e entrega são cronometradas e os tempos médios de entrega dos frescos/congelados são significativamente inferiores aos de uma carrinha que faz várias entregas num único circuito.

O que é que um retalhista tem de fazer para pertencer à plataforma? E do lado do particular?
Os retalhistas podem contactar-nos através do formulário presente na nossa página de apresentação portuguesa.

Os candidatos a Shoppers poderão em breve candidatar-se através do nosso website e app, onde passarão por um processo de verificação, validação e registo através de identificação e dados bancários.

Com que retalhistas – alimentares e não alimentares – esperam vir a trabalhar?
O nosso foco inicial são os principais retalhistas alimentares de grande consumo com e-commerce próprio, por serem, por um lado, os mais adequados ao modelo do serviço, e, por outro, por terem sido também o primeiro foco no mercado francês. Em segundo lugar, temos também interesse em fazer parcerias com retalhistas não alimentares com os quais já temos contacto em França, e, portanto, com os quais há já um modelo implementado. No entanto, as possibilidades são ilimitadas. Tudo dependerá da adaptação do mercado português às entregas colaborativas.

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