De acordo com o mais recente estudo “Economia e Sociedade Digitais em Portugal”, desenvolvido pela ACEPI – Associação da Economia Digital, em parceria com a IDC, o comércio online B2C (Business-to-Consumer) cresceu, em 2018, para 5,5 mil milhões de euros, representando cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) português.
Segundo as contas, 50% dos portugueses fizeram compras online no ano passado, quando, em 2010, esse valor não vai além dos 27%, estimando a ACEPI que, em 2025, cerca de 66% adquiram produtos, artigos ou serviços via comércio digital, o que poderá representar um valor muito próximo dos 10 mil milhões de euros.
No encontro que a ACEPI realizou hoje (3.ª feira) com os jornalistas, Alexandre Nilo Fonseca, presidente da direção da associação, salientou, contudo, que grande parte do comércio online ainda está centralizado no B2B (Business to Business) e B2G (Business to Government) que cresceu para 82 mil milhões de euros, valendo mais de 41% do PIB.
Isto faz com que o total do comércio online, em Portugal, totalize 87,5 mil milhões de euros, ou seja, 44% do PIB, prevendo a ACEPI que, em 2025, esse valor suba para 150 mil milhões de euros.
Certo é que no B2C, hotelaria, viagens e entretenimento são as “estrelas da companhia”, antevendo-se que mantenham os crescimentos até aqui verificados, admitindo, no entanto, Alexandre Nilo da Fonseca que “o retalho alimentar será um dos segmentos que mais têm crescido e mais crescerão no futuro”.
Admitindo que, neste campo das compras online, o “Estado não é um ‘simples’ legislador, mas um ator, senão mesmo o principal”, o presidente da direção da ACEPI revelou que 75% das grandes empresas, em Portugal, possuem iniciativas de transformação digital em curso, com estratégias e lideranças bem definidas, enquanto 20% tem iniciativas isoladas e 5% não têm qualquer iniciativa. “Temos, no entanto, de ter atenção que o tecido empresarial português é composto em 95% por micro-empresas, ou seja, nem PMEs são”, destacou Nilo Fonseca ao mesmo tempo que referia que “as expetativas do consumidor, contudo, são iguais, tratando-se de um grande, média ou pequena empresa”.
Os benefícios e as barreiras
Do estudo, destaque ainda para o facto de 74% das empresas, em Portugal, esperarem alcançar benefícios da transformação digital na inovação de produtos e serviços, 56% na melhoria dos níveis de lealdade e relacionamento com os seus clientes, 40% no aumento das suas receitas, 29% no incremento da sua reputação e reconhecimento.
No que toca às principais barreiras identificadas pelas empresas no capítulo da transformação digital, 64% referiu não possuir os recursos humanos adequados, 62% os elevados custos envolvidos, 41% a ausência de definição de prioridades e, finalmente, 36% a falta de conhecimento tecnológico.
Ainda no que diz respeito às principais tecnologias a serem implementadas pelas empresas portuguesas, 78% apostará na cibersegurança, 74% na Cloud Computing, 60% em Big Data e Analytics, 42% em IoT, 40% em Inteligência Artificial, 31% em Robótica, 18% em Realidade Aumentada e15% em Blockchain.
China continua a liderar
Quanto às compras online propriamente ditas, a China continua a ser o mercado preferencial dos portugueses, com 67% das compras a serem efetuadas em sites ou marketplaces chineses. A nossa vizinha Espanha já ultrapassou o Reino Unido no top 3, detendo 46% contra 38%, respetivamente.
Em vésperas da realização do Portugal Digital Summit (22 e 23 de outubro), Alexandre Nilo Fonseca concluiu que “a previsibilidade será um dos passos seguintes de maior importância na tecnologia”, destacando ainda “a voz como interface do futuro”.
Quanto ao Brexit e às compras feitas pelos “onliners” portugueses, Nilo Fonseca concluiu que “companhias como a Amazon não vão perder o capital conquistado ao longo de todos estes anos. O que poderá acontecer é uma migração do consumo e não uma diminuição das compras online dos portugueses”.