Quem influencia quem a ser mais sustentável: clientes ou instituições financeiras?
Há sensivelmente uma década que as instituições financeiras começaram a trabalhar a sustentabilidade de um modo mais material e a disponibilizar mais oferta de produtos financeiros sustentáveis. Esta gama de produtos, usualmente conhecidos pela sigla ESG (E – ambiente; S – social; G – Governance), eram vistos como produtos de nicho que além dos critérios financeiros contemplavam também critérios e variáveis não financeiras.
Nos últimos anos essa tendência tem-se intensificado e alargado, o que proporciona aos clientes a possibilidade de optarem por produtos amigos do ambiente.
Alguns desses produtos são:
- linhas de crédito de apoio à economia circular, à eficiência energética com condições mais favoráveis;
- crédito com bonificação para clientes que cumpram determinados critérios ESG;
- fundos de investimento ESG;
- cartões bancários ecológicos;
- contas bancárias neutras em carbono (que compensam as respetivas emissões através do investimento em projetos de mitigação ou adaptação às alterações climáticas);
- seguros de vida ligados a fundos de investimento alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável;
- inserção de rótulos ambientais com a indicação da respetiva pegada de carbono.
Mas a incorporação da sustentabilidade nas instituições financeiras vai mais além. Passa por elas próprias estarem a implementar medidas para se tornarem mais sustentáveis, como a adoção de sistemas de comunicação digital com o cliente, com a gestão eficiente da energia, água e resíduos, utilizarem materiais biodegradáveis e implementarem programas de neutralidade carbónica.
As fintech, não só seguem esta tendência como a têm já perfeitamente incorporada no seu corebusiness.
Outro motivo para que as instituições financeiras ofereçam produtos sustentáveis e incorporarem critérios ESG na sua tomada de decisões de alocação de ativos ou concessão de crédito, é a consciência dos riscos ambientais da sua atividade e dos riscos financeiros decorrentes das alterações climáticas.
Estes comportamentos conseguem influenciar, esclarecer e induzir comportamentos sustentáveis nos clientes. No então, os clientes também influenciam os prestadores de serviços financeiros a disponibilizarem mais oferta e exigem mais informação ESG sobre os seus produtos e posicionamento.
 Por um lado, há uma maior consciência dos problemas ambientais e da urgência em mudar comportamentos, por outro, há a exigência de mais informação e transparência sobre onde é que o seu dinheiro é investido e a vontade de financiar projetos que se enquadrem nos seus valores. Esses fatores induzem a uma maior procura por produtos ESG e pesam na escolha do prestador. Sim, ter e comunicar comportamentos sustentáveis conta para a reputação e influencia a escolha do consumidor.
Neste âmbito, por exemplo, a Visa anunciou recentemente o lançamento do Visa Eco Benefits, um pacote de benefícios orientados para a sustentabilidade e destinado aos emissores de contas bancárias. O objetivo é que essas entidades possam encorajar os respetivos clientes a adotarem comportamentos de consumo sustentáveis e compreenderem o impacto ambiental dos seus gastos. O Visa Eco Benefits inclui:
- Calculadora da pegada de carbono: informações fornecidas pela ecolytiq aos detentores de cartões sobre o nível de sustentabilidade dos seus hábitos de consumo, para permitir aos titulares de cartões compreender o impacto climático dos seus gastos;
- Compensações de carbono: permite aos titulares de cartões compensarem os seus impactos;
- Educação personalizada para sobre como encorajar um consumo mais sustentável;
- Cartões com materiais sustentáveis e recibos digitais;
- Doações para organizações ambientais quando são utilizados cartões Visa;
- Recompensas adicionais para titulares de cartões por comportamentos.
Iremos assistir, a passo rápido, a um posicionamento cada vez mais sustentável, quer da parte do prestados de serviços, quer da parte de clientes exigentes em tudo o que tenha impacto num mundo, que se quer, mais sustentável.