Mais ofertas, modelos cash back e mais informação são armas que a SEQR tem prontas para continuar a crescer no mercado de transações financeiras em Portugal e além-fronteiras, nos 16 países em que está presente. Assumindo-se como uma alternativa ao tradicional sistema financeiro, João Pedro Duarte, country manager da SEQR em Portugal, considera que o monopólio já não faz sentido e que há lugar para todos neste mercado, onde os clientes deverão ter eles próprios a opção de utilizarem os serviços mais adequados às suas necessidades.
Smartpayments.news – Como é que Portugal está a posicionar-se nesta nova cultura de pagamentos eletrónicos?
João Pedro Duarte – A mudança de paradigma não é fácil. Leva o seu tempo. Basta ver o exemplo do multibanco que demorou vário anos até se ser adotado plenamente. Os países nórdicos são mais adeptos das transações eletrónicas. Pensamos que Portugal as pessoas são mais abertas a inovação, mas sabemos que tem que haver um incentivo para fomentar as transações. A primeira é a mais difícil.
Quem deve dar esse impulso?
Faz parte do nosso modelo dar esse incentivo. Temos dois tipos de incentivos, o local que cada loja disponibiliza aos clientes, normalmente ofertas e descontos. Varia de negócio para negócio. Quando entra na loja a pessoa percebe que tem vantagens. No modelo de reembolso, em que o cliente é ressarcido conforme o número de pagamentos que o utilizador faça tem um reembolso associado na sua conta bancária.
 
Como pode o cliente instalar e utilizar a vossa aplicação?
O processo é extremamente rápido. O utilizador faz o download da app numa loja mobile, introduz os seus dados e associa uma conta. Temos vários tipos de conta e a que utilizamos é uma conta SEPA, ou seja de débito direto. Não usamos conta cartão ou cartões crédito. O utilizador fornece o IBAN, demoramos cerca de cinco minutos a validar o processo e após aprovação o cliente poderá fazer compras.
Que garantias de segurança estão associadas a este método de pagamento?
Existem dois tipos de segurança. A do telefone que tem o pin. A própria aplicação tem também um pin para autenticação das transações. Este registo está associado ao SIM e ao email do telemóvel. Se eu perder o telemóvel, quem encontrar não sabe o PIN, logo vai buscar um Sim. Quando troca o sim a solução bloqueia porque foi quebrado um dos elos de segurança. E tem também a segurança do SEPA do débito direto. O utilizador neste sistema de débito tem muito mais segurança, e isso é pouco comunicado.
Como estão em termos penetração no mercado nacional?
Temos parceiros que são os softwares da faturação que aceitam a nossa aplicação, e temos praticamente todos em compatibilidade. Ao nível das lojas/comerciantes temos cerca de 500 ojas ativas físicas. Ao nível utilizadores e transações, podemos dizer que temos vindo a duplicar o numero de transações a cada trimestre de 2016.
Tem sido um caminho das pedras implementar este sistema em Portugal?
Tem sido um caminho das pedras que nós e os nossos concorrentes fazemos. É um caminho que requer bastante investimento, que requer explicar as pessoas a segurança que as aplicações têm. É um caminho que vai demorar dois a três anos a ser percorrido até começar a ser normal utilizar estas soluções. os próprios comerciantes a utilizarem esta solução dão-lhe credibilidade.
Vocês disponibilizam dois métodos de pagamento diferentes?
Nos temos dois modelos pagamento. O scan and pay que assenta no QRCode em que integramos com os softwares de faturação. Temos o modelo contactless permite aos nossos clientes fazer pagamentos em qualquer ponto do mundo utilizando a rede normal de pagamento. Para os clientes é indiferente utilizar um ou outro. Para os comerciantes um utiliza a infraestrutura de cartões, o scan and pay tem um modelo muito mais acessível ao nível das transações.
O que faz falta em Portugal para que estes serviços sejam melhor aceites pelos utilizadores?
Mais informação. A responsabilidade é de todos nós. Estes sistemas trazem inúmeras vantagens para todas as partes, mas há ainda muito receio em avançar. Mais do sermos um meio interessante, trazemos vantagens em muitas áreas e é nesses pontos que temos de nos focar, no acrescentar valor ao ato em si.
Em termos de regulação as coisas estão bem definidas?
Estão a começar a estar mais bem definidas. Normalmente a área financeira não gosta muito deste conceito SEPA, nem vai gostar deste agora da SP2, mas abre caminho a entidades como nós e outras de entrar neste meio financeiro e acabar com o monopólio e a oferecer acesso a contas e a processos que de outra forma não era possível. A EU está a evoluir bem nesse sentido e a abrir as possibilidades e a permitir que não estejamos tão dependentes do sistema financeiro e dos custos que estão envolvidos.
Esta não poderá ser uma luta arriscada tendo presente tudo o que envolve?
Foi uma luta assumida por nós desde o inicio. Quando lançamos o SEQR com débito direto foi para sermos um caminho alternativo a rede de cartões, que é um monopólio e tem custos muito elevados para determinado tipo de entidades.
Uma aliança com o mundo financeiro poderá ser uma alternativa?
Em alguns países já temos bancos como parceiros. Mas na maioria não querem e preferem invar as suas soluções dentro dos meandros em que atuam.