O rápido crescimento das compras online está a contribuir para um aumento significativo das devoluções no vestuário, criando desafios substanciais para a indústria do e-commerce. Os pedidos de devolução representaram 10,4% do total de pedidos em 2023, de acordo com o Relatório do Índice de Comércio Eletrónico da Índia referente a 2023 da Unicommerce.
De acordo com o estudo, o setor do vestuário emergiu como a categoria mais devolvida, com taxas de retorno a variar entre 25% e 40%.
A taxa média de devolução do setor do vestuário comprado online disparou para 24,4% em 2023, “excedendo em muito” a média global de 16,5%, de acordo com um estudo da Coresight Research.
Este aumento deve-se, principalmente, à incapacidade dos compradores online de avaliar fisicamente os artigos antes da compra, levando a taxas de devolução mais elevadas em comparação com as lojas físicas. A disparidade é particularmente evidente nos Estados Unidos da América (EUA), onde as transações registaram uma taxa de devolução de 15,2% – três vezes superior aos 5% observados nas compras em loja.
O impacto ambiental destas devoluções é também considerável, indicou um relatório da CleanHub, avançando que, só as emissões das devoluções de fast fashion são equivalentes às de três milhões de automóveis americanos por ano. Segundo a mesma análise, visto que as compras online continuam a aumentar, com quase metade dos retalhistas a oferecerem devoluções gratuitas, os custos financeiros e ecológicos associados a estas devoluções estão a tornar-se cada vez mais insustentáveis.
As devoluções no setor do vestuário representam assim um duplo desafio para as empresas: gestão de stocks e rentabilidade.
As plataformas de comércio eletrónico estão atualmente a tirar partido da tecnologia para combater as taxas de devolução. As marcas têm vindo a melhorar as descrições, imagens e tabelas de tamanhos dos seus produtos para ajudar os clientes a tomarem decisões mais informadas. Além disso, estão também a analisar os dados relativos às devoluções para identificar padrões e ajustar as suas ofertas.
Outras marcas estão a explorar a utilização de ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA) para restringir as opções de devolução para clientes com um historial de devoluções frequentes.
 Além disso, algumas marcas começaram a introduzir licra nos tecidos das suas peças de vestuário para que o consumidor tenha um melhor ajuste, conseguindo assim reduzir as taxas de devolução. Também as provas virtuais estão a ser implementadas pelas marcas com vista a reduzir este processo.
A gestão dos resíduos é outra questão crítica. Os artigos devolvidos que não podem ser revendidos acabam frequentemente em aterros, contribuindo para a degradação ambiental. Mesmo quando os produtos são revendidos, o processo de voltar a embalar, gera resíduos de plástico, cartão e outros materiais.
Para combater esta situação, algumas marcas estão a apostar em programas de renovação, em que os artigos ligeiramente danificados são reparados e revendidos com desconto.