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Opinião

Pandemia dá uma nova vida às marcas próprias

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Em 2020 o mundo mudou. De repente passámos a estar em casa, confinados, a tentar gerir as saudades da família, o teletrabalho, a telescola e as idas esporádicas ao supermercado. Entretanto já começámos a rever os nossos familiares, aos poucos regressamos ao escritório e as crianças voltaram a brincar no recreio, mas as idas às compras estão diferentes.

Antes da pandemia Covid-19 as estatísticas já diziam que a visibilidade e credibilidade das marcas próprias estava a crescer. Um estudo feito pela Daymon nos Estados Unidos da América conclui que mais de metade dos consumidores escolhe o retalhista onde faz as suas compras pela marca própria deste e 55 por cento dos inquiridos garante que esses produtos satisfazem melhor as suas necessidades. Isto num universo em que 86 por cento dos consumidores assegura que vê as marcas próprias como tão boas ou melhores quanto as restantes marcas.

 

Com o vírus, a força e relevância das marcas próprias viu-se ainda mais reforçada. São estas agora o parceiro ideal numa mudança de paradigma em que o cliente conjuga mais vezes o verbo “precisar” do que o verbo “querer”. Prova disso foi a corrida a alguns bens de primeira necessidade num momento em que o receio de que os produtos faltassem eram válidos e estavam refletidos nas imagens que chegavam de todo o mundo via internet e nos telejornais. Os stocks voaram das prateleiras e as estatísticas mostram que por esse motivo 70 por cento dos consumidores optaram por comprar uma marca diferente do habitual. 28 por cento reporta que a experiência com o novo produto foi positiva e está comprometido com essa mudança. As pessoas estão definitivamente e de forma crescente, devido a este novo contexto de crise, a optar pelas marcas próprias. É com estas que conseguem garantir poupança, qualidade, segurança e viabilidade num momento em que não só o orçamento do lar ficou mais estreito como também as refeições caseiras são a opção ideal e recomendada. E os números comprovam-no, uma vez mais, mostrando um crescimento de 0,2 por cento nas vendas das marcas dos retalhistas nos últimos meses.

Além dos produtos que todos quisemos ter em casa pelo receio de rutura de stocks, adicionam-se agora novas prioridades à lista de compras. Os produtos de saúde, de higiene pessoal e de limpeza da casa têm hoje uma enorme procura e os retalhistas têm aqui uma oportunidade para desenvolver novos produtos.

 

Antes a bússola já apontava para a necessidade dos retalhistas casarem as suas marcas com a natureza e este vírus veio reforçar essa rota. Tornou-se agora mais claro para todos que a mãe-natureza manda e pode dar-nos os produtos que impactem de forma saudável as pessoas e o planeta, trazendo bem-estar e até a imunidade tão procurada. Prova disso é o desenvolvimento crescente de chás, sumos e águas, por exemplo, com açafrão, gengibre e outros superalimentos na sua composição.

A par de um percurso cada vez mais no sentido dos produtos naturais, muitos retalhistas trilhavam o da sustentabilidade e esse não é recomendado que seja travado. Muitos já apostavam, por exemplo, em reduzir o plástico nas embalagens, diminuir a pegada ecológica, aumentar o sortido de produtos orgânicos, criar mais produtos à base de plantas e dar preferência a fornecedores locais. Os exemplos estão em muitas prateleiras e espelhados na comunicação dos supermercados. Existem agora linhas de produtos com rótulos bio, orgânico e eco que não víamos com tanta frequência, sem esquecer o foco no sabor que o cliente exige. De frisar também que muitos retalhistas têm dado mais passos no sentido de fazer parte do lar dos consumidores com o lançamento de livros e revistas que pretendem ensinar e ajudar as pessoas até a serem criativos com as sobras do jantar.

 

Todas estas movimentações tornaram-se mais urgentes para a sociedade e também mais reclamadas pelos consumidores que querem hoje, mais do que antes, fazer parte das decisões e conhecer aquilo que colocam nas prateleiras em casa. Acessíveis, inspiradoras, saudáveis e sustentáveis: são assim as marcas que queremos.

Delfim dos Santos, Vice-Presidente de Business Development da Daymon

 

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