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E-commerce

Pedro Miguel Barbosa, CEO da Wise Pirates: “O digital é um ecossistema crítico para todos os negócios”

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Levar qualquer negócio a bom porto no atual contexto vivido em Portugal, e no mundo, não é tarefa fácil. Não ter uma presença digital torna esta tarefa ainda mais difícil. Consciente desta realidade, a Wise Pirates veio para o terreno para ajudar as PME portuguesas, com o lançamento de diversas iniciativas que permitirão às marcas acelerar o seu processo no digital. A DISTRIBUIÇÃO HOJE esteve à conversa com Pedro Miguel Barbosa, CEO da Wise Pirates, para saber o porquê desta iniciativa e explicar como é que os serviços vão poder ajudar as PME.

A Wise Pirates lança esta semana a comercialização de lojas online simples a preço de custo para PME portuguesas. Esta é a vossa forma de ajudar as PME neste momento difícil em que o online assume um papel fundamental?
Sim, é um tema de responsabilidade corporativa para com as empresas que fazem parte do nosso ecossistema local, e além disso de contribuir para a aceleração do digital.

 

Lojas simples e rápidas. O que é isso exatamente?
Desenvolvemos em parceria com a Basicamente Digital tecnologia proprietária para ter lojas com loading times de menos de 1,5 segundos, o que é fundamental para as taxas de conversão melhorarem e a experiência em mobile ser excelente.

O acesso a este tipo de tecnologias tende a ser caro, mas não vamos cobrar nada pela utilização da mesma às PME portuguesas, para podermos acelerar de forma ainda mais rápida. Simples porque vamos usar tecnologias da WooCommerce e Salesforce que estão testadas. Vamos inventar pouco nos checkouts, porque a nossa experiência com centenas de marcas diz-nos que, quanto mais nos afastarmos da experiência esperada pelos consumidores, mais difícil é a experiência e em consequência pior a performance.

 

Revelam que possuem uma capacidade de produção de cinco lojas por semana. E se a procura for maior, pensam em aumentar essa capacidade de produção?
Será difícil superar sem recorrer aos nossos outros parceiros, que estão na Índia e Colômbia e não têm nenhum dever para com as empresas portuguesas. Creio que não se poderá, nesta fase, ir mais longe do que cinco lojas por semana, o que para uma equipa de 25 pessoas é já muito intenso.

Mas o facto de produzirem estas lojas sem lucro e não ter custo para as PME, não quer dizer que não exista custo, pelo menos para a Wise Pirates. Já calcularam esse custo?
Num modelo de lojas online não integradas com outros sistemas e com até 500 produtos, se tudo for bem planeado e organizado, pode custar cerca de 1.500€.

 

De que tipo de lojas online estamos a falar?
Neste projeto, vamos trabalhar com duas tecnologias: Woocommerce e Salesforce Community.

Estas lojas destinam-se a que área de atividade? Existem já layouts pré-definidos para os diferentes tipos de atividade?
Qualquer área de atividade de e-commerce funciona. Vamos trabalhar com layouts simples, mas há mais de cinco dezenas de templates base para trabalhar e não um único. Estamos bem preparados.

 

O que é a Wise Pirates? E como nasce esta parceria com a Basicamente Digital em prol das PME portuguesas?
A Wise Pirates é uma agência de performance marketing, especializada em geração de negócios através do digital, não só de ativação, mas também de programas de retenção e automação. Trabalhamos sempre em rede com uma comunidade de startups confiáveis, capazes de ter foco, transparência e orientação para a ação.

Quando um empresário precisa de resultados, além de recomendações de qualidade a pensar no seu negócio, ele precisa de ação imediata, focada. A eficácia dos países tem muito a ver com essa capacidade de sermos céleres, mas com soluções que precisem de poucas iterações até funcionar.

O tecido empresarial português estava um pouco adormecido no que diz respeito à questão do digital?
Há uma crescente consciencialização, sente-se mais abertura para o investimento, sobretudo porque alguns já sentem que estão atrasados. Em redes sociais estão razoavelmente atualizados, mas em e-commerce e em cloud estamos na cauda da Europa.

Os empresários estão a acordar agora para a necessidade urgente de investir e ter uma orientação muito clara para a ação. Há projetos, como o Portugal Digital Export da AEP, que tem ajudado as PME a compreender melhor e tomar decisões certas. Muitos empresários pensavam que e-commerce era só para negócios de venda de produtos em B2C e desconheciam a importância de influenciar através do digital, mesmo no ecossistema dos seus negócios tradicionais. A nossa parceira Play Growth concluiu recentemente que por cada compra em e-commerce resultante de investimentos em digital há sete compras offline. O digital é um ecossistema crítico para todos os negócios e há sempre uma forma de o tornar relevante. Sem um projeto digital maduro, há poucos negócios que podem sobreviver dentro de três anos.

Além da produção dos sites, a Wise Pirates dá também formação gratuita em Marketing Digital para pessoas em lay-off. É, como refere, “olhar e preparar o futuro através do digital”?
Sempre dissemos que somos uma startup em que os meaningful impacts estão primeiro. Não estamos cá só para vender, não é esse o papel das empresas na sociedade. O papel é criar valor para os seus colaboradores e famílias, para os seus clientes e todo o ecossistema onde se relacionam. Não podemos estar indiferentes a esta fase. A equipa está a trabalhar mais horas e a fazer mais esforço e a oferecer a todos este trabalho, porque sentimos que cada um tem um papel em tempo de sacrifício. Não podemos ajudar a curar pessoas, damos o nosso pequeno contributo e alinhamos o trabalho com o que achamos que vai ser essencial na retoma.

Os consumidores nunca mais vão ser os mesmos, mesmo com o processo de regresso a alguma normalização: os consumidores vão comprar muito mais online, porque passaram a usar videoconferência todos os dias, a comprar café numa app e a fazer muitas das suas as ações sem terem se deslocar.

Claro que os espaços físicos continuarão a ter um papel essencial e prioritário em muitos sectores, mas o digital vai explodir a partir deste Verão.

Em Itália e Espanha, mesmo mergulhados em crise profundas, as empresas estão a acelerar os investimentos em transformação digital de forma muito significativa.

O e-commerce ainda tem pouca penetração nas vendas globais efetuadas em Portugal. Esta poderá ser a oportunidade de aproximar-nos de realidades como Espanha, para não falar de Reino Unido ou países nórdicos?
Portugal será um dos três países da Europa em que o e-commerce vai crescer mais nos próximos anos, o que nos vai sem dúvida nenhuma aproximar dos outros países europeus. Portugal crescerá três vezes mais rápido que o Reino Unido e duas vezes mais rápido que Espanha, o que acabará por ser fundamental para evitarmos o crescimento exagerado de e-commerce cross-border.

Os consumidores já estão preparados e as marcas principais têm trabalhado muito intensamente nisto. Sacoor, Seaside, Parfois, Lion of Porches, Hôma, Zippy, Tiffosi e Decénio, por exemplo, tem realizado avultados investimentos em lojas online de primeira linha mundial.

A APED revelou há pouco tempo, num estudo desenvolvido pela Deloitte, algumas das barreiras criadas ao desenvolvimento do e-commerce: questões burocráticas, uma concorrência desleal por parte da China, métodos de pagamento, mas, fundamentalmente, uma iliteracia digital por parte das PME portuguesas. Como é que isto se pode ultrapassar de forma a termos negócios online ágeis e rentáveis?
Acreditamos que é preciso tirarmos as fricções da frente dos consumidores, porque eles estão preparados. As barreiras são os sites sem a experiência excelente que as pessoas hoje exigem, as capacidades de as marcas terem programas verdadeiramente omnicanal, qualquer que seja o touchpoint com o cliente, os métodos de pagamento, os programas de marketing digital e outras, mas que no fundo refletem o digital não ser a prioridade. Falta alguma preparação e sobretudo da influência do digital no negócio como um todo.

Muitas marcas comparam ainda os investimentos realizados em digital com as vendas de e-commerce, o que é um erro primário que os seus concorrentes europeus ou chineses superaram há anos. É preciso evoluirmos para modelos de atribuição e retribuição que efetivamente permitam as melhores tomadas de decisão.

Acha que este pode ser o impulso para as PME olharem para, mais do que a necessidade, a obrigatoriedade de terem uma presença no online?
A nossa ajuda é simbólica, só com um esforço alinhado com mais players podemos conseguir transformar e fazer evoluir o ecossistema. Temos trabalhado com a UPTEC, Cowork 3D e outras comunidades para alargar o âmbito das nossas ações, para acelerarmos mais rápidos. Sobretudo agora que estamos separados, mas mais unidos que sempre.

 

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