Portugal poderá estar na linha da frente na Industrialização 4.0. Quem o diz é João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria que esteve esta terça-feira (26 de janeiro) no encerramento da conferência “A Indústria e a Logística e Transportes”, organizada pelo LIDE Portugal – Grupo de Líderes Empresariais.
“Os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação de pessoas, que foram realizados na última década, permitem-nos ambicionar estar no pelotão da frente com os países que vão liderar esta revolução”, defendeu o secretário de Estado.
Durante a sua intervenção, João Vasconcelos abordou a “nova revolução conhecida como Industrialização 4.0”, que foi o tema central do último World Economic Forum, que teve lugar em Davos, e que se caracteriza “pela introdução de um conjunto de tecnologias digitais nos processos de produção, na relação entre os vários intervenientes na cadeira de valor, na relação com o cliente, ou mesmo nos modelos de negócio.”
Para o responsável pela pasta da Indústria, “esta é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica de Portugal não é um fator de perda de competitividade” e “é fácil encontrar sinais de que esta revolução já está em marcha em setores como o Turismo, onde o e-commerce revolucionou modelos de negócio conferindo mais poder de customização e de escolha aos clientes”. João Vasconcelos usou ainda como exemplo o setor dos transportes , da logística e da indústria, destacando a Autoeuropa “que já tem uma impressora 3D na sua linha de produção”. Por outro lado, o secretário de Estado salientou o papel de muitas startups, “que estão a atuar com as principais fontes de inovação nos setores tradicionais” e defendeu a necessidade de “pensarmos em integração e partilha de conhecimento.”
Quanto à criação de condições para as empresas, o secretário de Estado da Indústria destacou algumas medidas do Governo no âmbito do Plano 100, como “a flexibilização das regras de adiantamento, a disponibilização de uma linha de garantia mútua para adiantamento e aprovação de financiamento no BEI (Banco Europeu de Investimento) de 750 milhões de euros para financiar contrapartida nacional pública e privada.”
“50% dos novos empregos são criados pelas novas empresas, que estão a nascer a um ritmo de 2,4 novas por cada uma que morre e, destas empresas, 10% começam a exportar logo no primeiro ano de atividade (…) a importância deste novo tecido empresarial tem sido confirmada por eventos como o Web Summit, que atrai empresários de todo o mundo e de todos os setores” e que terá lugar em Lisboa no próximo mês de novembro, e também em 2017 e 2018, contou.
Luís Mira Amaral, membro do comité de gestão do LIDE Portugal, teve a seu cargo a sessão de abertura do evento, onde abordou também o conceito de Industrialização 4.0, que “em Portugal tem de se aplicar aos setores industriais tradicionais”. Para Mira Amaral, “não há setores industriais obsoletos, há setores que se modernizam e outros que não.” Para além disso, defendeu que “não podemos perder o que a austeridade trouxe de bom, as exportações”, e referiu que “só conseguiremos ter um bom nível de vida se conseguirmos exportar na ordem dos 70%”, razão pela qual considera importante apostar na construção de ferrovias “de bitola europeia”.
Por sua vez, António Pereira, CEO do grupo Urbanos e presidente do comité temático LIDE Logística e Transportes, criticou a ausência de estratégias de anteriores governos, que classificou de “política ping-pong”. Para o responsável, “Portugal ainda não saiu da crise e está longe de sair”.