Num ano atípico e com variações constantes, a Jerónimo Martins (JM) obteve, segundo relatório preliminar de vendas, receitas de 19,3 mil milhões de euros, representando um crescimento de 3,5% face aos 18,6 mil milhões alcançados no ano de 2019, com as vendas Like-for-Like (LfL) a registarem a mesma evolução.
As únicas operações que apresentaram resultados positivos foram a Biedonka e a Ara. No caso da operação polaca da Biedronka, a JM indica um crescimento de 6,7% face ao exercício de 2019, totalizando 13.465 milhões de euros, contra os 12.621 milhões de euros de 2019.
A JM refere que “nos doze meses, a companhia manteve o seu plano de expansão e abriu 129 novas lojas (113 adições líquidas), terminando o ano com um total de 3.115 localizações”, com o programa de remodelações a contemplar 267 lojas.
No quarto e último trimestre de 2020, a Biedronka cresceu vendas em 5,1% em euros, para os 3,6 mil milhões de euros) com um LfL de 6,9% que incorporou uma inflação nula no cabaz.
A companhia liderada por Pedro Soares dos Santos salienta que na Polónia, no último trimestre do ano, “a inflação alimentar registou um valor médio de 1,7%, abrandando dos 3,2% registados no 3T (4,7% no ano)”.
No quarto trimestre, e num contexto epidemiológico em agravamento, foram estabelecidas novas restrições à circulação de pessoas, nomeadamente limites ao número de clientes dentro das lojas, encerramento de centros comerciais em novembro e a partir de 28 de Dezembro, encerramento de restaurantes e funcionamento das escolas com ensino à distância.
“Embora as restrições em vigor tenham impactado as vendas de impulso originaram também alguns factores de mitigação, nomeadamente com o aumento das refeições em casa devido ao encerramento das escolas”, considera o grupo em comunicado.
Na outra operação polaca – Hebe – a Jerónimo Martins indica um decréscimo de 5,4%, em euros, nas vendas para um total de 245 milhões de euros.
No último trimestre de 2020, a Hebe viu as suas vendas impactadas pelo encerramento, em novembro e nos últimos dias de dezembro, dos centros comerciais, onde tem quase metade das suas lojas, que, embora tenham permanecido abertas, sofreram com a ausência de tráfego resultante da redução de circulação de pessoas. No período, as vendas caíram 18%, em euro, com o LfL a fixar-se em -12,5%.
A Hebe abriu 22 novas lojas e encerrou o negócio das farmácias (no 3.º trimestre), tendo terminado o ano com uma rede de 266 lojas.
Em Portugal, as duas operações – Pingo Doce e Recheio – obtiveram ambas resultados negativos.
No ano, as vendas do Pingo Doce foram de 3.869 milhões de euros, uma redução de 1,9% face aos 3.945 milhões de euros de 2019, com um LfL (excluindo combustível) de -2,2%.
O Pingo Doce abriu 13 lojas (das quais, quatro sob o conceito de conveniência Pingo Doce & Go) e realizou 20 remodelações.
Em Portugal, num trimestre em que foram reforçadas as medidas restritivas no contexto da gestão da pandemia, a JM refere que, a partir do segundo fim de semana de novembro, a imposição do recolher obrigatório à uma da tarde aos Sasbados e domingos, com obrigação de encerramento à mesma hora das lojas alimentares com mais de 200 m2, em grande parte dos municípios do país (incluindo Lisboa e Porto), “afectou significativamente a actividade económica”.
“Foi neste contexto fortemente condicionado que o Pingo Doce “conseguiu mitigar o impacto da perda de horas de vendas ao fim de semana e entregar as vendas do trimestre sensivelmente em linha com 4.º trimestre de 2019., com um LfL de -2% (excluindo combustível).
O Pingo Doce abriu 13 lojas (das quais, quatro sob o conceito de conveniência Pingo Doce & Go) e realizou 20 remodelações.
Já a operação grossista do Recheio sofreu com ausência de actividade turística a que acresceu o impacto sobre a restauração das restrições ao fim de semana. No ano, as vendas da nossa cadeia grossista foram de 847 milhões de euros, -15,9% do que em 2019, quer em termos totais, quer em LfL, baixando, assim, novamente, a fasquia dos mil milhões de euros obtidos em 2019.
Do outro lado do Atlântico, a colombiana Ara registou um crescimento de 8,9% (em euros) para os 854 milhões de euros, com um LFL de 10,2%.
No último trimestre do ano, as vendas cresceram 6,5% (em euros) com um LFL de 11,1%.
Em 2020, a insígnia abriu 56 lojas (47 adições líquidas), terminando o ano com uma rede de 663 localizações.
Pedro Soares dos Santos, administrador-delegado e CEO do grupo Jerónimo Martins, admite, em comunicado, que “a exigência sem precedentes de 2020 colocou-nos à prova”, acreditando ainda que “investir na competitividade num contexto adverso foi uma decisão fundamental que se traduzirá na confiança reforçada dos nossos consumidores”.
Para este novo ano, com a natural incerteza, agora que o país vai para novo confinamento, o responsável do grupo apenas refere que “entramos em 2021 certos que continuaremos a contar com a energia e o empenho de todos”.