Existem cada vez mais artigos anunciados como estando em promoção nos folhetos dos retalhistas, mas os descontos são cada vez menores. Esta é uma das conclusões do estudo “Promoflation: Realidade ou Mito?”, realizado pela TouchPoint Consulting e analisado em conjunto com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca.
De acordo com o comunicado de imprensa, nos primeiros seis meses do ano, 63% dos artigos em folheto estiveram em promoção, com um desconto médio de 28,8%. No mesmo período de 2023, eram 58,7% os artigos em promoção, mas o desconto médio era de 30,4%. Já em 2022, este desconto situava-se nos 32%.
“Num contexto mediático e social muito marcado pela inflação, os consumidores depararam-se com fenómenos como a reduflação – quando o preço se mantinha, mas a quantidade de produto na embalagem diminuía. Agora, os dados apontam para uma promoflação: um aumento indireto do custo real dos produtos, impulsionado pela redução da frequência ou do valor dos descontos”, lê-se na nota de agenda.
Na comunicação, a Centromarca salienta ainda que, “como resultado, pode criar-se no consumidor a ideia de que está a beneficiar de promoções, quando, na realidade, acaba a gastar mais para adquirir os mesmos produtos”.
A análise também demonstra uma crescente aposta na estratégia dos folhetos promocionais, com os retalhistas a incluírem cada vez mais produtos nestas peças de comunicação. Se em 2022 eram, em média, 598 os artigos apresentados em cada folheto, esse número aumentou para 657, em 2023, e para 662 no primeiro semestre de 2024.
“O aumento generalizado de preços e o decréscimo do poder de compra têm contribuído para que, no momento de compra, o fator preço seja cada vez mais determinante”, sublinhou Pedro Pimentel, Diretor Geral da Centromarca, acrescentando ainda que “a pressão em torno desse fator leva a estratégias de comunicação cada vez mais centradas em descontos e promoções, o que requer atenção redobrada do lado dos consumidores”.
“Este cenário reflete uma adaptação estratégica dos retalhistas à sensibilidade dos consumidores face ao preço, aproveitando o poder das promoções, enquanto simultaneamente minimizam os seus impactos nos descontos reais” afirmou Armando Mateus, da TouchPoint Consulting.
E continua: “a promoflação pode, assim, gerar uma ilusão de poupança, o que exige uma maior literacia financeira por parte dos consumidores para que possam tomar decisões de compra mais informadas e evitar gastos excessivos, mesmo quando acreditam estar a beneficiar das promoções”.
O estudo analisou 1.685 folhetos promocionais de 13 grandes cadeias de retalho em Portugal entre janeiro de 2022 e junho de 2024, totalizando mais de um milhão de artigos avaliados.
“Para avaliar o impacto das promoções no comportamento do consumidor, identificar tendências promocionais no mercado de retalho alimentar e não alimentar e definir a relevância do conceito de “Promoflation” no contexto atual”, a análise teve como foco a presença, tipos e descontos médios das promoções, categorizando os artigos por tipo de promoção, marca (própria vs fabricante) e categoria de produto.

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