A Internet of Things (IoT) está a expandir-se, com o número de dispositivos a crescer aceleradamente. O retalho está a apostar nesta tecnologia, com mais de 133 mil patentes registadas nos últimos três anos.
O potencial na área de pagamentos é um mundo. Já em 2018, o ex- country manager da Mastercard em Portugal e o atual VP, Head of Account Management Europe, Paulo Raposo, explicava que esta tecnologia “significa mais equipamentos capazes de fazer compras e de as pagar”, uma vez que objetos como anéis ou porta-chaves passam a poder estar ligados à internet e comunicar dados entre si.
Mais recentemente, em 2021, o administrador do Banco de Portugal, Hélder Rosalino, notava que “com o advento do Open Banking e da Internet-of-Things, os diversos prestadores de serviços financeiros, e não só, poderão ter acesso a um amplo conjunto de dados dos clientes, combinando informação financeira e pessoal. No futuro, customização será a palavra-chave para diferenciar serviço e fidelizar clientes”.
Atualmente, já é mais visível e claro como a IoT poderá impactar os pagamentos, desde quiosques contactless, a carrinhos de compra com RFID, terminais de pagamento self-checkout, entre outros, aponta a Global Data.
Por exemplo, os terminais POS Self-checkout permitem que os consumidores paguem pelos itens que compraram sem intervenção humana. Estes terminais de self-checkout adequam-se a lojas de conveniência e mercearias, minimizando o tempo dos consumidores nos balcões de pagamento. Aliado a isso, existem ainda as lojas cashierless, onde o pagamento torna-se muito mais facilitado. Existem já várias empresas a experimentar este tipo de tecnologia, desde a Amazon e a Walmart, passando a empresas nacionais, como o Pingo Doce, o Continente e a Sensei.
 Uma outra oportunidade é ao nível das etiquetas inteligentes, que poderiam automaticamente provocar eventos como faturação e pagamentos
O próximo passo poderá ser os próprios dispositivos a fazerem pagamentos, sem a necessidade de intervenção do consumidor. A Amazon, por exemplo, está a desenvolver um frigorífico que vai analisar automaticamente por itens em falta ou com prazo de validade a terminar, permitindo também encomendar reabastecimentos.
 Outro exemplo é o da Car IQ, que está a desenvolver soluções para veículos que permitem ligá-los aos bancos e pagar por itens ou serviços sem cartão. O pagamento seria validado através de uma impressão digital do veículo.
Uma outra oportunidade é ao nível das etiquetas inteligentes, que poderiam automaticamente provocar eventos como faturação e pagamentos, criando uma nova economia onde as empresas podem introduzir serviços financeiros em objetos capazes de fazer transações entre si diretamente.
O CEO da Digital Banking Report, Jim Marous nota que “outras oportunidades incluem a integração da IoT para as interações financeiras, como o fluxo de fundos entre contas, a distribuição de conteúdo e a potencial integração de insights de saúde com a gamificação financeira”.
De acordo com o estudo da consultora Digital Banking Report, os líderes bancários apontam o crescimento da IoT como uma das principais previsões do futuro do setor. 20% considera que as soluções de IoT vão ser responsáveis por mais de um quinto de todas as transações até 2025. Outros 39% consideram que isso vai acontecer até 2030.
20% dos lideres bancários considera que as soluções de IoT vão ser responsáveis por mais de um quinto de todas as transações até 2025
A importância da cibersegurança
Com cada vez mais dispositivos conectados, a cibersegurança torna-se ainda mais pertinente. Nesse sentido, quer os Estados Unidos da América, quer a União Europeia, já apresentaram leis com o intuito de aumentar a proteção contra ciberataques ou vulnerabilidades.
Nos Estados Unidos, o IoT Cybersecurity Improvement Act foi aprovado em 2020, e o National Institute of Standards and Technology (NIST) foi encarregue de criar um padrão de segurança cibernética para dispositivos IoT. Em maio de 2021, a administração Biden lançou uma Ordem Executiva para melhorar a segurança cibernética nacional, e em outubro de 2022, a Casa Branca lançou uma Ficha Informativa para implementar um rótulo para dispositivos IoT, começando por routers e câmaras domésticas, para indicar o seu nível de segurança cibernética.
Na União Europeia, o Parlamento Europeu introduziu a Lei de Cibersegurança e a Lei de Ciber-Resiliência, que impõem vários requisitos a cumprir pelos fabricantes antes de um produto poder receber a marcação CE e ser colocado no mercado europeu. Isto inclui fases de avaliação e de comunicação e gestão de ciberataques ou vulnerabilidades ao longo do ciclo de vida do produto. O Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) também se aplica às empresas que operam na UE e exige que estas implementem medidas técnicas e organizacionais adequadas para proteger os dados pessoais.