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Pagamentos

As “dores” de crescimento do ‘Buy Now, Pay Later’

As “dores” de crescimento do ‘Buy Now, Pay Later’

Os serviços de ‘Buy Now, Pay Later’ (BNPL) estão em crescimento. Até 2026, a indústria deverá crescer 33,3% ao ano para os cerca de 561 mil milhões de euros, de acordo com a Global Data. O número de utilizadores também. A Insider Intelligence estima que os utilizadores aumentaram de 50,6 milhões em 2021 para 79 milhões em 2022. Este ano deverá crescer para 88,2 milhões.

O Banco de Portugal, numa apresentação sobre a temática no ano passado, apontou várias questões:

  • Tendência crescente de modelos de negócio BNPL: Dada a sua atratividade para consumidores e comerciantes, antevê-se uma manutenção ou acentuar da tendência de crescimento do BNPL;
  • Clarificação do enquadramento regulamentar aplicável: Não existe um enquadramento regulamentar específico e harmonizado para serviços de BNPL;
  • Papel das instituições financeiras tradicionais: Entrada no mercado? Estabelecimento de parcerias com prestadores de serviços de BNPL? Concorrência com outros produtos alternativos?;
  • Same Business, Same Risks, Same Rules: Devem ser analisados os riscos e benefícios da atividade, independentemente de quem a presta.
 

Uma das grandes preocupações está relacionada com os jovens utilizadores. Os críticos destas soluções apontam que os serviços estão direcionados a utilizadores com falta de liquidez financeira. Nota-se ainda que estes não estão equipados financeiramente para cumprir os pagamentos. A Ascent, empresa europeia de serviços digitais empresariais, revela que 33% dos utilizadores de BNPL possuem um pagamento atrasado ou já incorreram numa taxa de atraso. Tal acontecia em 48% dos utilizadores entre os 18 e os 24 anos.

 

Algumas empresas envolvidas no BNPL estão a começar a estudar a expansão do sistema para categorias de compra como supermercado e viagens, explica o portal Modern Retail. Por exemplo, a australiana Afterpay anunciou uma parceria com a Expedia para permitir dividir os pagamentos de viagens.

Para o head of revenue for North America da Afterpay, Alex Fisher, o objetivo passa por oferecer estas opções “para as coisas que eles [os consumidores] não só querem, mas que precisam realmente”.

 

Ainda assim, várias empresas dedicadas a esta prática ainda não chegaram a lucros. A fintech sueca Klarna viu a sua receita aumentar 22% no terceiro trimestre para 1,32 mil milhões de euros. As perdas diminuíram 159 milhões de um trimestre para o outro. Já a empresa norte-americana Affirm viu crescer a sua base de consumidores ativos em 69% (para 14,7 milhões de utilizadores) num ano e os seus lucros aumentarem 34% (para 340 milhões de euros). No entanto, ainda registou perdas operacionais ajustadas de 17,88 milhões de euros. Em 2024 está prevista rentabilidade. Até lá, os desafios são vários.

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